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Lucros da EDP mantêm-se apesar de prejuízos em Portugal dispararem para 181 milhões

Com lucros de 518 milhões em nove meses, a elétrica atribui o mau resultado em Portugal à "seca extrema": produção hídrica 63% abaixo do esperado, "conjugada com os elevados preços de eletricidade no Mibel.

Miguel Baltazar
27 de Outubro de 2022 às 17:59
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A EDP anunciou esta quinta-feira que o resultado líquido do Grupo nos primeiros nove meses de 2022 aumentou apenas 1% para os 518 milhões de euros, "suportado pelo bom desempenho das operações internacionais", com destaque para as energias renováveis na Europa e as operações de redes de eletricidade no Brasil, referiu a elétrica em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários. 

Apesar da manutenção dos lucros (em igual período do ano passado a EDP registou um resultado líquido de 510 milhões), em Portugal o Grupo registou de janeiro a setembro um resultado líquido negativo na ordem dos181 milhões de euros, graças à situação de "seca extrema" no país, responsável por uma produção hídrica 63% abaixo do esperado, "conjugada com os elevados preços de eletricidade no mercado grossista ibérico no período (186/MWh,+137% do que no período homólogo). 

Em sentido contrário, a produção de energia elétrica com recurso ao gás natural aumentou 58,3% até setembro e com recurso ao carvão aumentou 115,7% na Península Ibérica (em Espanha, já Portugal já não tem centrais a carvão). Outro aumento muito expressivo foi na energia solar, que registou um aumento global no período de 142,8%, com destaque para a Europa (+102,4%) e para o Brasil&Outros (+5199,9%).

Entretanto, foi precisamente nas duas unidades de negócio que mais contribuíram para os lucros -- renováveis e redes de eletricidade -- que se concentrou a esmagadora maioria (96%) do investimento bruto da empresa, que nos primeiros nove meses do ano duplicou para os 5,5 mil milhões de euros. 

Nas energias renováveis, nos últimos 12 meses, a EDP instalou 2,7 GW de capacidade, falando de um "bom ritmo de execução" do Plano Estratégico que prevê a instalação de 20 GW entre 2021 e 2025. "Com a entrada na Ásia Pacifico no início de 2022 e a aquisição da carteira de projetos solares em desenvolvimento da Kronos, baseada na Alemanha. a EDP passou a ter projetos em operação e desenvolvimento em 29 mercados", frisou a empresa em comunicado.

Neste momento, a EDP conta com 26 GW de capacidade instalada (+7% face ao período homólogo), dos quais 79% são renováveis. Já na produção de eletricidade, atingiu os 46 GWh até setembro (+6%), sendo que 70% têm origem em fontes limpas.  

Olhando para o EBITDA recorrente (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização), a EDP dá conta de um aumento de 21% para os 3.046 milhões de euros, uma subida de 15% (excluindo variações cambiais), com forte contributo do
crescimento na EDP Renováveis e nas redes de eletricidade no Brasil.

A EDP Renováveis registou assim um crescimento de EBITDA de 62% (+565 milhões de euros) para os 1.482 milhões de euros, suportado pelo aumento de recursos eólicos, uma maior capacidade instalada média (+9%) e maiores ganhos com a estratégia de rotação de ativos (mais 112 milhões de euros), quando comparado com o ano anterior.

Nas redes de eletricidade, o EBITDA aumentou 20%, atingindo os 1.136 milhões de euros, impulsionado sobretudo pela subida de 75% do EBITDA das redes no Brasil.

Já segmentos agregados de produção hídrica, serviços a clientes e gestão de energia na Ibéria, o EBITDA sofreu uma queda de
55% para 196 milhões de euros, "impactado negativamente pela maior crise hídrica das últimas décadas, que gerou um desvio de 3,3 TWh na produção hídrica face ao expectável, num contexto de elevados preços grossistas de energia".

Diz a EDP no mesmo comunicado que este efeito foi parcialmente mitigado pelo aumento da produção térmica e resultados positivos com otimização de portfolio na gestão de energia.

No terceiro semestre de 2022, a dívida líquida da EDP chegou aos 15,3 mil milhões de euros, "refletindo a aceleração do investimento, em renováveis e redes de eletricidade, tal como definido no plano estratégico 2021-2025", e ainda a apreciação do real brasileiro e do dólar americano. O custo médio da dívida aumentou de 2,4% para 2,6% no terceiro trimestre de 2022.

Em 2022 a EDP já colocou 2,3 mil milhões de euros em três emissões de obrigações verdes a uma taxa média de 3,3%.
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