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EDP critica "estratégias isoladas" dos países europeus para baixar preços da energia

O CEO da EDP Renováveis mostrou-se preocupado sobretudo com o que está a acontecer em alguns países do leste europeu, onde a empresa marca presença, como a Polónia e Roménia.

O CEO da EDP, Miguel Stilwell d’Andrade, apresentou a nova imagem do Grupo na Central Tejo, onde se produzia energia no início do século XX.
Paulo Alexandre Coelho
26 de Outubro de 2022 às 18:14
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O CEO da EDP Renováveis, Miguel Stilwell d'Andrade, criticou esta quarta-feira, o facto de cada país europeu estar a agir isoladamente e a criar a sua própria legislação para combater os preços altos da energia e taxar as empresas elétricas, em vez de existirem regras comuns aplicáveis aos 27. A empresa marca presença em 12 mercados europeus. 

"Reconhecemos que a Europa tentou criar uma regulação transversal, um conjunto de ferramentas e políticas comuns para que os países possam combater os altos preços da energia. No entanto, o que vemos na prática é que os Estados-membros estão a agir por si próprios, sozinhos, com estratégias isoladas, cada um a implementar as suas medidas", frisou Stilwell d'Andrade numa "conference call" com analistas, após a divulgação dos resultados dos primeiros nove meses do ano da EDP Renováveis. 

O CEO mostrou-se preocupado sobretudo com o que está a acontecer em alguns países do leste europeu, onde a empresa marca presença. 

"Por exemplo, na Polónia e na Roménia já há propostas legislativas de tetos de preços e taxação de lucros excessivos das empresas que levantam preocupações. Esperamos que haja um resultado mais equilibrado até a final de 2022", frisou Miguel Stilwell d'Andrade.

Na Polónia está neste momento em discussão um limite máximo para os lucros que podem ser obtidos pelas renováveis, não estando ainda definido qual será esse limite. Já na Roménia, os lucros superiores a cerca de 92 euros por MWh deverão ser taxados a 100%, com uma decisão final do Parlamento esperada para novembro. Na Grécia, está em vigor um mecanismo de intervenção nos preços da eletricidade desde julho, que coloca um teto nos preços em 85 euros por MWh.  

"Estas medidas são para defender os consumidores e garantir uma maior estabilidade nos preços, através de uma maior taxação às empresas ou impondo tetos máximos nos preços. A UE definiu um teto de 180 euros por MWh para as empresas que produzem eletricidade a partir de renováveis, mas os países têm a hipótese de baixar esse valor e é o que está a acontecer em alguns países", disse o CEO. 

"Foram nove meses fortes", disse Stilwell d'Andrade

O "recado" surgiu no mesmo dia em que a EDP Renováveis comunicou à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, antes da abertura dos mercados, que de janeiro a setembro de 2022 registou um resultado líquido de 416 milhões de euros, um salto de 181% face aos lucros de 148 milhões registados no período homólogo. 

De acordo com a empresa, estes números foram suportados por uma forte performance dos resultados operacionais, com um aumento de 10% de capacidade instalada (para os 14,3 GW) e de 14% na produção renovável. Mas também pela forte recuperação do preço médio de venda de energia para os 66 euros/MWh (+29% face ao período homólogo), sobretudo nos mercados europeus, e ainda pelo "contributo positivo" da conclusão de três transações de rotação de ativos em Espanha, Polónia e Itália.

"Nos últimos 12 meses, foram adicionados mais 2,6 GW de capacidade renovável e em setembro de 2022, a EDP Renováveis atingiu o montante recorde de 4,3 GW de capacidade renovável em construção em 15 mercados na América do Norte, América do Sul, Europa e Ásia Pacifico", frisou a empresa em comunicado. 

Dos 20 GW de capacidade que quer instalar até 2025, a EDP Renováveis tem neste momento assegurados 10,8 GW (55%), com mais 40% já instalados ou em construção.

A empresa dá conta de 264 milhões de ganhos de capital, devido às transações de rotação de ativos fechadas na Polónia, Espanha e Itália. Outras duas transações já acordadas serão concluídas até final do ano, o que assegura 3,4 mil milhões dos 8 mil milhões de euros do objetivo para proveitos de rotação de ativos previsto no Plano de Negócios 2021-25. Plano esse que, diz Stilwell d' Andrade, está "totalmente financiado".  

Estas "transações estão a criar duas vezes mais valor por MW do que inicialmente definido", disse o CEO em resposta aos analistas, o que permitiu, em parte, mitigar o aumento da dívida para 5.556 milhões de euros. 

A empresa referiu que nos primeiros nove meses de 2022 fechou uma "pré-cobertura de 5 anos a uma taxa de juro fixa para 1,5 mil milhões de dívida com maturidade pós-2022, reduzindo a sua exposição ao aumento de taxas de juro a médio-prazo".

No entanto, "nem tudo é cor de rosa", disse Stilwell d'Andrade, referindo-se aos constrangimentos no licenciamento de projetos renováveis que ainda existem em muitos países, mas com políticas de simplificação a serem implementadas na Alemanha, Itália e Portugal. Já no mercado norte-americano, o CEO referiu os atrasos e constrangimentos nas cadeias de abastecimento e a incerteza regulatória como aspetos negativos para a empresa.
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