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Lucro da EDP caiu para menos de metade em 2018. Em Portugal houve prejuízos
Pela primeira vez, desde a privatização, a elétrica teve prejuízo em Portugal. A EDP justifica os resultados com as medidas regulatórias.
A EDP fechou 2018 com um resultado líquido de 519 milhões, uma queda de 53% face ao ano anterior e que reflete os piores resultados registados pela empresadesde 2004. A empresa liderada por António Mexia justifica o resultado com o impacto adverso de medidas regulatórias em Portugal, nomeadamente relacionadas com a provisão de 285 milhões de euros pelas alegadas sobrecompensações dos CMEC (Custos de Manutenção do Equilíbrio Contratual).
Em comunicado emitido esta segunda-feira junto da CMVM, a elétrica destaca que os resultados "estão materialmente afetados por factores não recorrentes, tanto em 2017 como em 2018, o que distorce uma comparação em termos homólogos".
No caso de 2017, o impacto de 268 milhões é explicado "pelo ganho de capital líquido obtido na reestruturação do portfólio e imparidades na península Ibérica" e em 2018 pelos 277 milhões relativos "a uma decisão administrativa com efeitos retroactivos nos CMEC", sublinha a EDP referindo-se ao despacho assinado no ano passado pelo então secretário de Estado da Energia Jorge Seguro Sanches.
Excluindo estes efeitos não recorrentes e "desconsolidação das operações de distribuição das redes de gás alienadas em 2017", o resultado líquido recorrente subiu 3% em termos homólogos, para 797milhões de euros, "uma vez que o crescimento na EDP Brasil e a melhoria de mercado na Península Ibérica foram compensados por alterações regulatórias em Portugal", acrescenta a elétrica.
O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) recuou 3%, para 3,287 mil milhões de euros.
A EDP destaca que, no total, em 2018 os custos com as medidas regulatórias em Portugal ascenderam a 672 milhões de euros, o que representa um acréscimo em termos homólogos superior a 400 milhões de euros. O que penalizou "fortemente" o lucro.
Aliás, segundo a empresa, estas medidas regulatórias levaram a EDP a registar prejuízo em Portugal pela primeira vez desde o início da privatização em 1997. Em 2018 a atividade em território nacional registou um prejuízo de 18 milhões de euros, excluindo o contributo da EDP Renováveis. Este resultado compara com os lucros de 169 milhões de euros alcançados em 2017. Tendo em conta as renováveis, o peso de Portugal para o resultado líquido baixou 20%.
No comunicado, a elétrica sublinha ainda que o investimento aumentou 18%, tendo ultrapassado os dois mil milhões e tendo sido "essencialmente focado em renováveis".
Por sua vez, a dívida líquida da empresa diminuiu 3% para 13,5 mil milhões de euros.
Na véspera de apresentação da atualização do plano estratégico, a EDP relembra que realizou alguns desinvestimentos em 2017, nomeadamente em Portugal com a venda de centrais de biomassa e mini-hídricas.
Como foi noticiado, é esperado que amanhã a EDP anuncie a venda de ativos de geração elétrica convencionais e um reforço na aposta em energias verdes.