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Intermarché vai investigar contrabando de combustível

Os 180 postos do Intermarché podem comprar combustível a quem quiserem, não estando limitados à sua central de compras. A administração do Intermarché reúne-se esta terça-feira para apurar "toda a veracidade" das acusações feitas pela Prio.

26 de Fevereiro de 2018 às 22:00
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O Intermarché garante que vai investigar se os seus postos compraram combustível importado ilegalmente de Espanha. "Vamos ter uma reunião do conselho de administração onde vão ser tomadas algumas decisões e medidas, no sentido de tentar apurar toda a veracidade", disse ao Negócios o administrador do Intermarché, João Magalhães.

Por um lado, o responsável disse que a acusação feita pela Prio de que o Intermarché compra combustível a empresas acusadas de contrabando de combustível é "pura e simplesmente mentira. O Intermarché não tem qualquer tipo de relação com alguma dessas empresas.", garantiu João Magalhães.

Mas, por outro lado, os 180 postos de combustível do Intermarché têm total liberdade para comprar gasolina e gasóleo a quem quiserem, apesar da empresa ter uma central de compras de combustível, a Alcapetro que tem como fornecedores exclusivos a Galp e a Repsol.

"O nosso modelo de negócio permite alguma amplitude de movimentos ao aderente. Não há uma obrigatoriedade. Essa liberdade existe", revela o administrador do Intermarché. "Penso que em grande número as compras são feitas à nossa central Alcapetro, podendo haver compras fora, mas não serão significativas", acrescentou.

O nosso modelo de negócio permite alguma amplitude de movimentos ao aderente. Não há uma obrigatoriedade. Essa liberdade existe [de comprar combustível a qualquer fornecedor]. João Magalhães
Administrador do Intermarché

O presidente da Prio, Pedro Morais Leitão, acusou o Intermarché, em entrevista ao Negócios e Antena 1, de continuar a comprar combustível a empresas que foram acusadas pela Entidade Nacional do Mercado de Combustíveis (ENMC) de fazerem contrabando de gasolina e gasóleo a partir de Espanha.

Entre os argumentos, a Prio aponta uma notícia de 12 de Fevereiro do Jornal de Notícias que deu conta que a ENMC exige 6,6 milhões de euros à empresa R Star Petróleos por um alegado incumprimento de incorporação de biocombustíveis.  Segundo um processo que deu entrada no Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto, citado pelo JN, a ENMC tem uma análise de laboratório de combustível de 2015 do posto de Soure do Intermarché que contém 5,9% de biocombustível, um valor abaixo dos 7,5% exigidos por lei.

Questionado sobre a possibilidade de um dos seus postos da marca ter comprado combustível a uma das seis empresas acusadas de importação ilegal de combustível, o responsável admite que  poderá ter sido possível. "Não vou dizer que não", respondeu João Magalhães. "Relativamente a uma situação pontual, o nosso modelo organizacional está alicerçado na característica de sermos empresários independentes. Internamente iremos tentar averiguar se eventualmente aquilo que terá sido dito em tempos por alguém ligado a essa empresa [R Star Petróleos] terá algum fundamento, alguma veracidade ou não".

Achamos inaceitável que haja uma empresa grande, visivelmente a apoiar essa actividade [contrabando], e que não seja de alguma forma penalizada. A imagem do Intermarché parece-me estar em jogo nesta questão. Pedro Morais leitão
Presidente da Prio

O administrador do Intermarché não esclareceu se a marca questionou o posto de Soure sobre esta questão e que esta situação será abordada na reunião da administração que vai ter lugar esta terça-feira.

João Magalhães adiantou que a maioria dos seus postos de combustível conta com uma certificação por parte da empresa SGS que "atesta a conformidade e qualidade dos combustíveis" vendidos nos postos do Intermarché. O responsável adianta que, uma das medidas que poderá ser aprovada, é o Intermarché recomendar aos seus associados comprarem combustível somente à central de compras da empresa, cujos fornecedores são certificados.

Governo quer medidas para combater contrabando

O Governo anunciou um grupo de trabalho para estudar o contrabando de combustíveis. A missão do grupo de trabalho passa, primeiro, por "identificar possíveis constrangimentos à correcta aplicação da legislação nacional em vigor". Depois, vai "avaliar o impacto económico da entrada de combustíveis no território nacional sem o cumprimento das obrigações legais, designadamente no que respeita à incorporação de biocombustíveis e às obrigações de natureza tributária". Este grupo tem depois de "propor medidas de modo a contribuir para a correcta aplicação da legislação nacional em vigor e para a prevenção e repressão de comportamentos que possam ser potencialmente lesivos para a concorrência do mercado e para os interesses do Estado". O grupo tem de produzir um relatório até 31 de Julho.

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