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Hungria assina acordos de energia com Moscovo
O governo liderado por Viktor Orbán acentua a clivagem com a posição dos seus parceiros da UE, que têm cortado laços com o Kremlin.
O governo húngaro garantiu esta terça-feira um acordo com o Kremlin para aumentar os fluxos de gás natural para a Hungria a partir da Rússia e renovou um acordo de financiamento para a expansão de uma central nuclear húngara.
Os acordos foram assinados pelo ministro húngaro dos Negócios Estrangeiros, Peter Szijjarto (na foto), e reforçam a divergência de Budapeste face à política da União Europeia (UE) de redução da dependência energética da Europa perante a Rússia.
A Hungria passa a ter a opção de receber ainda mais gás natural oriundo da Rússia, que acresce a um acordo de longo prazo já existente, para armazenar gás antes do inverno. Szijjarto firmou também um acordo que garante um maior fornecimento de petróleo através do oleoduto Druzba, que atravessa a Ucrânia.
"A Rússia sempre foi um fornecedor fiável de energia, no futuro estamos preparados para garantir fornecimentos à Hungria", refere o vice-primeiro-ministro russo, Alexander Novak, num comunicado após a reunião de hoje e citado pelas agências internacionais.
Novak agradeceu a Szijjarto e a Viktor Orbán, primeiro-ministro húngaro, pela "cooperação construtiva".
Apesar de algumas medidas tomadas por Budapeste para diversificar as suas importações energéticas - com a compra de gás natural liquefeito (GNL) a terminais marítimos na Croácia e Polónia, e encontra-se a negociar com o Azerbaijão para a importação de eletricidade e gás - a Hungria continua a privilegiar a energia nas suas relações com Moscovo.
Szijjarto já havia visitado em fevereiro a Bielorrússia, aliada de Moscovo e alvo de sanções pelo Ocidente.
O chefe da diplomacia húngara encontrou-se hoje também com Alexey Likhachev, CEO da Rosatom, empresa estatal russa de energia nuclear que está a supervisionar a expansão da central nuclear húngara de Paks.
"Enquanto o fornecimento de energia for uma questão física e não um tema político ou ideológico, a Rússia e a nossa cooperação com a Rússia manter-se-ão cruciais para a segurança energética da Hungria", assinalou Szijjarto num comunicado.