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Governo dá mais de 60 milhões da CESE, ISP e leilões de emissões para travar dívida tarifária
Depois de ter chegado a um valor de quase dois mil milhões de euros em 2024, o mais alto desde 2021, para 2025 a Entidade Reguladora dos serviços Energéticos (ERSE) estima que o valor da dívida tarifária desça para 1.652 milhões
O Governo publicou esta segunda-feira um despacho em Diário da República que autoriza a afetação das receitas obtidas com a taxa de carbono e o Imposto sobre os Produtos Petrolíferos (ISP), a Contribuição Extraordinária sobre o Setor Energético e os leilões das licenças de emissão de gases com o efeito estufa para reduzir o défice tarifário do Sistema Elétrico Nacional.
Depois de ter chegado a um valor de quase dois mil milhões de euros em 2024, o mais alto desde 2021, para 2025 a Entidade Reguladora dos serviços Energéticos (ERSE) estima que o valor da dívida tarifária desça para 1.652 milhões. Os dados do regulador mostram que a dívida tarifária em Portugal atingiu o seu pico máximo em Portugal em 2015, com mais de cinco mil milhões, tendo depois vindo sempre a descer até 2023, quanto chegou a um mínimo de 879 milhões (desde 2010). No entanto, nesse ano, em virtude da crise energética e do grande aumento dos preços da energia, o Governo viu-se obrigado a injetar dinheiro no sistema elétrico nacional para que a ERSE pudesse calcular as tarifas de acesso às redes em forte baixa (para valores negativos), o que voltou a criar défice tarifário no país.
Na sua proposta de tarifas para o próximo ano, a ERSE refere que a mesma "beneficia de medidas de contenção, que se estima possam atingir cerca de 515 milhões de euros. Esta proposta tarifária permite que a dívida tarifária recupere uma trajetória de descida, interrompida em 2024".
Neste contexto, e "considerando a necessidade de contenção dos preços das tarifas de eletricidade, através da dedução dos saldos à tarifa de acesso às redes, a favor dos clientes finais", o Governo dita agora a "afetação do produto estimado da CESE no ano de 2024, no valor de 53 milhões de euros, à cobertura de encargos decorrentes com a edução da dívida tarifária do SEN, com incidência nas tarifas de 2025".
Quanto às receitas obtidas com a tributação de produtos petrolíferos e energéticos utilizados na produção de eletricidade, eletricidade e calor (cogeração), ou gás de cidade, em sede de ISP ou taxa de carbono, estas estão "consignadas ao Fundo Ambiental, das quais 50 % se destina, à redução do défice tarifário do SEN". Ou seja, 6,2 milhões de euros no próximo ano.
No caso dos clientes de baixa tensão normal, as tarifas de acesso às redes apresentarão, em janeiro de 2025 um decréscimo médio de -5,8% em relação aos preços em vigor em dezembro de 2024, sendo que esta tendência de descida é assinalada nos diferentes níveis de tensão e tipos de fornecimento. "O nível de preços das tarifas de acesso ás redes em 2025 aproxima-se dos valores do ano 2021, antes da crise energética de 2022", remata a ERSE.