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Galp suspende cinco projetos no Brasil. Imparidade é de 59 milhões

A petrolífera não deixa cair esses projetos renováveis mas, neste momento, "o retorno não está lá".

Com experiência no setor das renováveis, o grego Georgios Papadimitriou veio ajudar a Galp a transformar-se numa “empresa de energia verde”.
D.R.
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A Galp está a adiar cinco projetos no Brasil por não ter perspetiva de retorno, anunciou Georgios Papadimitriou, administrador responsável pelo setor das energias renováveis durante uma "conference call" com analistas esta segunda-feira à tarde. "Por uma questão de prudência, decidimos fazer uma imparidade de 59 milhões em cinco dos nossos projetos", explicou o gestor grego.

"Tivemos a oportunidade, dada pelo regulador no Brasil, de rever os nossos compromissos de interligação. O mercado estava cheio de projetos que tinham compromissos de interligação, e todos estavam a pedir extensões nos prazos para o início da operação comercial", começou por explicar.

"O regulador decidiu dar a todos a oportunidade de se livrarem dos compromissos que tinham nestes contratos de interligação e, como tal, cerca de 11 gigawatts de capacidade foram libertados pelos compromissos de interligação. Nós fizemos o mesmo em mais de um gigawatt dos nossos projetos", acrescentou Georgios Papadimitriou.

Mas o responsável sublinha que "isso não significa que os projetos já não existam". Antes pelo contrário: "Os projetos fazem parte do nosso portefólio. Não têm direitos de interligação, mas solicitaremos os direitos de interligação quando o mercado recuperar".

O problema, explica, é que, "o mercado tem sido caracterizado por preços muito baixos, altos custos de investimento, alta inflação e altas taxas de juro". Neste momento, "os retornos não estão lá".

E é por isso que "muitos promotores de energias renováveis, incluindo nós próprios, decidiram não prosseguir agora com esses projetos, libertaram os direitos de interligação e, claro, decidirão, com o tempo, se e quando o mercado recuperar, solicitar novamente os direitos de interligação".

"Tributação discriminatória"

O CEO da empresa, Filipe Silva, lamentou ainda nesta "conference call" a continuação da contribuição extraordinária sobre o setor energético (CESE) em Portugal. E diz ainda não saber com o que pode contar em relação à "windfall tax", sobre os lucros extraordinários, em Espanha.

"Inicialmente, começou como uma forma de reduzir o défice tarifário do sistema elétrico - nada a ver com petróleo e gás. Esperava-se que, à medida que o défice tarifário fosse reduzido a zero, as vendas também fossem a zero. Essa promessa não foi cumprida", afirmou o presidente executivo da empresa, que teme que a medida se eternize.

"À medida que avançamos para 2024, vemos o défice tarifário do sistema elétrico a aumentar novamente, pelo que não estamos tão confiantes como estávamos de que a tributação CES seja tão extraordinária como desejávamos, daí termos registado isso como um evento extraordinário não recorrente, como o nome indica". Agora, no entanto, "está a tornar-se mais permanente do que o esperado".

Esta sessão com analistas segue-se à divulgação de resultados da Galp, esta segunda-feira de manhã. A petrolífera obteve nos primeiros nove meses do ano mais 18% de lucro do que no período homólogo, para um total de 718 milhões de euros. No terceiro trimestre, o resultado ajustado ficou em 210 milhões de euros, mais 12%.
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