Notícia
Galp sem "pressa especial" em avançar com furo para pesquisar petróleo no Alentejo
O consórcio está pronto para arrancar os trabalhos, mas ainda aguarda "a bandeira de partida" das autoridades. Gomes da Silva realça que a demora a tomar decisões tem impacto nas "externalidades de qualquer economia".
O presidente executivo da Galp garante que já está finalizado "tudo o que era para ser preparado" por exigências do contrato de concessão, incluindo os estudos que estava obrigado a apresentar, e que o consórcio formado pela petrolífera nacional e pela italiana Eni (operadora) está pronto para avançar com o polémico furo de prospecção de petróleo na bacia do Alentejo.
"Portanto, não temos nenhuma pressa especial. Tudo o que tínhamos para fazer, dentro da concessão e daquilo que são as melhores práticas da indústria, está feito. Estamos tranquilos", referiu Carlos Gomes da Silva em declarações aos jornalistas, à margem de uma conferência sobre gestão e liderança, em Matosinhos.
Foi em Janeiro que o consórcio obteve a autorização para perfurar o mar do Alentejo por parte da Direcção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM). Em Fevereiro, no âmbito do Capital Markets Day, em Londres, o gestor adiantou a possibilidade de a operação ser realizada já em 2017, "se for compatível com as condições do mar", que só permitem fazê-lo entre Abril e Junho.
A escassos dias de se reabrir essa janela de oportunidade – a petrolífera tinha previsto realizar o furo em 2016, mas acabou por suspender a operação –, Carlos Gomes da Silva confirmou que avançará com os trabalhos nas próximas semanas se entretanto obtiver das autoridades "as respostas de licenciamento, de concessão, para todos os trabalhos que estavam exigidos e que foram entregues".
"Fizemos tudo para ter [essas condições], agora já não depende de nós. Ainda falta aquilo que é a bandeira de partida. Mas [está feito] tudo o que o consórcio tinha para entregar e todos os estudos a que estava obrigado", sublinhou este executivo que Américo Amorim escolheu em Março de 2015 para substituir Ferreira de Oliveira na liderança executiva da Galp.
Questionado pelo Negócios sobre os sucessivos atrasos nesta operação, Carlos Gomes da Silva foi lacónico na resposta: "as externalidades de qualquer economia são impactadas pelo tempo que se toma a tomar decisões. Não tenho mais nada a dizer".
O furo do consórcio Eni/Galp no mar do Alentejo tem contado com a oposição dos partidos de esquerda no Parlamento e também de várias autarquias alentejanas, incluindo algumas lideradas pelo PS. É o caso da Câmara de Odemira, que a 22 de Março anunciou que vai avançar com uma providência cautelar para travar a operação e exigiu a "rescisão do contrato para a costa de Aljezur, não permitindo que se avance com o primeiro furo de prospecção ao largo do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e da Costa Vicentina".