Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Galp admite falhar meta de renováveis até 2025: Ter 4GW é "improvável", diz petrolífera

A petrolífera já tinha avançado no terceiro trimestre do ano passado que este objetivo estava sob revisão. Agora aponta as elevadas taxas de juro e os preços baixos da energia como principal motivo, já que impactam as receitas da empresa, avança a Bloomberg esta quarta-feira. 

15 de Maio de 2024 às 10:49
  • ...
A petrolífera portuguesa Galp Energia afirma que provavelmente não cumprirá a sua meta de expansão de energias renováveis até 2025, uma vez que as elevadas taxas de juro e os preços baixos da energia impactam as receitas da empresa, avança a Bloomberg esta quarta-feira. 

"Mesmo que a Galp continue a expandir a integração de energias renováveis no seu portefólio, é improvável que consiga cumprir a meta de 4 gigawatts até 2025", disse um porta-voz da empresa por e-mail. A petrolífera já tinha avançado no terceiro trimestre do ano passado que este objetivo estava sob revisão, para ser "ajustado ao contexto de mercado". Desde essa altura, a empresa não avançou com nenhuma nova revista em baixa para as renováveis a instalar. 

Ao que o Negócios apurou, a petrolífera retirou o 'target' de 4 GW dos seus objetivos há cerca de um ano, antes de anunciar, em outubro de 2023, que "congelou" os projetos renováveis no Brasil (1 GW até 2025) devido às circunstâncias menos favoráveis do mercado. Nessa altura, Georgios Papadimitriou, administrador responsável pelo setor das energias renováveis, disse numa "conference call" com analistas que a Galp tinha adiado cinco projetos renováveis no Brasil por não ter perspetiva de retorno. "Por uma questão de prudência, decidimos fazer uma imparidade de 59 milhões em cinco dos nossos projetos", explicou o gestor grego.

"Tivemos a oportunidade, dada pelo regulador no Brasil, de rever os nossos compromissos de interligação. O mercado estava cheio de projetos que tinham compromissos de interligação, e todos estavam a pedir extensões nos prazos para o início da operação comercial", começou por explicar. "O regulador decidiu dar a todos a oportunidade de se livrarem dos compromissos que tinham nestes contratos de interligação e, como tal, cerca de 11 gigawatts de capacidade foram libertados pelos compromissos de interligação. Nós fizemos o mesmo em mais de um gigawatt dos nossos projetos", acrescentou Georgios Papadimitriou.

Mas o responsável sublinhou que "isso não significa que os projetos já não existam". Antes pelo contrário: "Os projetos fazem parte do nosso portefólio. Não têm direitos de interligação, mas solicitaremos os direitos de interligação quando o mercado recuperar". O problema, explica, é que, "o mercado tem sido caracterizado por preços muito baixos, altos custos de investimento, alta inflação e altas taxas de juro". Neste momento, "os retornos não estão lá". E é por isso que "muitos promotores de energias renováveis, incluindo nós próprios, decidiram não prosseguir agora com esses projetos, libertaram os direitos de interligação e, claro, decidirão, com o tempo, se e quando o mercado recuperar, solicitar novamente os direitos de interligação".

Mais recentemente, na apresentação de resultados relativos a 2023, o CEO Filipe Silva, voltou a frisar que "por causa dos problemas que envolvem o licenciamento de projetos renováveis, o capital investido não será tão alto como o esperado". Segundo o responsável, além das questões de licenciamento, a rentabilidade dos projetos também tem travado a Galp nas renováveis. "Nem todos os projetos são igualmente rentáveis. Temos de ser extremamente disciplinados no que extraímos das energias renováveis. Manter um retorno de 14% sobre o nosso capital investido em energias renováveis ??exige disciplina, por isso o ritmo a que o fazemos tem ser monitorizado cuidadosamente", disse o CEO, acrescentando que em 2024 a expectativa é de entrada em operação de mais 200 MW. 

A empresa fechou o ano passado com 2,3 TWh de produção bruta de energia renovável (1,9 TWh em 2022), 1,4 GW de capacidade instalada de geração renovável, 7,1 GW de capacidade bruta renovável em operação, construção e desenvolvimento e 200 MWh de capacidade a entrar em operação em 2024. 

"Durante 2023, a Galp racionalizou o seu portefólio de projetos, aplicando um critério de investimento disciplinado e seletivo para garantir retornos adequados dos seus projetos. A empresa pretende continuar a aumentar a sua posição nas renováveis enquanto executa de forma segura e atempada o seu pipeline. O plano de expansão é
seletivo, centrado no pipeline existente, reduzindo a exposição ao risco e procurando opções de diversificação que se enquadrem estrategicamente no perfil do portefólio", refere o mais recente relatório anual da empresa.

No ano passado a petrolífera inaugurou o primeiro parque solar integrado da Galp em Portugal, com uma capacidade total instalada de mais de 140 MWp  e avançou com os projetos de hibridização e armazenamento com 0,5 GW de hibridização eólica onshore em fase avançada.

O pipeline solar português inclui ainda cerca de 430 MWp em Ourique e 10 MWp em Odemira, ambos no Alentejo, que se encontram em diferentes fases de desenvolvimento. Para além do portefólio solar em Portugal, a Galp detém ainda um parque eólico de cerca de 10 MW a operar em Arganil. 2023 foi o primeiro ano completo de produção solar da Galp em Portugal, tendo a geração de renováveis ascendido a aproximadamente 260 GW. 

Em Espanha a Galp tem 3,5 GWp de solar, dos quais 1,3 GWp estão instalados e em operação. "Em 2023 os persistentes atrasos no licenciamento continuaram a impactar a instalação de nova capacidade e o início da construção da mesma. Ainda assim, durante o último trimestre, a Galp acrescentou com sucesso 50 MWp à sua capacidade total instalada e, em 2023, a produção total de energia solar em Espanha ascendeu a 2,1 TWh, o que representa um aumento de 12 % em relação a 2022".
Ver comentários
Saber mais Energias renováveis Indústria do petróleo e do gás Energia e recursos Galp
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio