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Endesa viu lucros cair 60% em 2023 para os 951 milhões de euros

O CEO da Endesa, José Bogas, confirmou aos analistas as "conversações fluídas" que estão a decorrer neste momento com o Governo espanhol, para pôr fim à taxa de 1,2% sobre os lucros excessivos das elétricas em Espanha, que foi imposto pelo partido SUMAR para formar Governo com o socialista Pedro Sanchéz.

Bárbara Silva barbarasilva@negocios.pt 28 de Fevereiro de 2024 às 11:20
Detida pela italiana Enel, o maior grupo de eletricidade da Europa, a espanhola Endesa - que lidera o mercado de eletricidade em Espanha e é a segunda maior comercializadora em Portugal - registou em 2023 lucros de 951 milhões, o que representa uma queda de 60,3% face a 2022, com a elétrica a dar conta de um ano impactado negativamente por "condições duras de mercado", "circunstâncias extraordinárias, especialmente no negócio do gás", e também por "questões regulatórias" em Espanha.

"Este resultado deve-se a uma diminuição do EBITDA, a um aumento das amortizações e das perdas por imparidades e a um aumento dos custos financeiros, também afetados por uma reconstituição financeira negativa das provisões", justifica a Endesa, lembrando também que o exercício de 2023 se enquadra "num contexto de progressiva normalização do mercado energético, derivado da descida de 64% do preço médio do gás (índice TTF) e, consequentemente, da descida de 48% do preço médio no mercado ibérico para 87 euros/MWh".

Soma-se ainda uma quebra de 2,1% na procura de energia elétrica e os mecanismos "clawback" para redução dos preços do gás, e ainda a taxa de 1,2% em Espanha sobre os lucros excessivos das elétricas. 

Já no que diz respeito ao EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), a empresa registou 3.777 milhões de euros, o que representa uma diminuição de 32% % face aos 5.565 milhões do período homólogo. A queda deve-se, diz a Endesa ao "impacto negativo do pagamento retroativo de 450 milhões de euros resultante de uma decisão arbitral sobre um contrato de fornecimento de gás, e o registo de uma provisão para digitalização de 165 milhões de euros". 

"Após um 2023 afetado por circunstâncias extraordinárias, mantemos para o exercício atual um regresso à trajetória de crescimento, baseado na normalização das condições de mercado. Esperamos que as margens nos negócios de gás e geração termal convencional se normalizem. Prevemos igualmente um impacto muito limitado da atual conjuntura de preços, graças à estratégia de venda antecipada da produção própria. E voltamos a confirmar os objetivos para 2024: atingir um EBITDA entre 4.900-5.200 milhões de euros, o que representaria um aumento de 11% a 18%, e aumentar os lucros entre 60% e 70%, para 1.600-1.700 milhões de euros", disse o CEO da Endesa, José Bogas. Até 2026 a empresa quer chegar a lucros de 2,3 mil milhões de euros, tal como já t

"Não gosto de dizer que estamos confortáveis face às condições do mercado, mas acreditamos que podemos confirmar a 100% as previsões para este ano", disse Bogas aos analistas, confirmando as "conversações fluídas" que estão a decorrer neste momento com o Governo espanhol, para pôr fim à taxa de 1,2% sobre os lucros excessivos das elétricas em Espanha, que foi imposto pelo partido SUMAR para formar Governo com o socialista Pedro Sanchéz.

"É crucial acabar com este imposto para não atrasar os nossos investimentos previstos em redes elétricas e energias renováveis previstos para os próximos anos. Se não tivermos este sinal rapidamente, vai haver atrasos nos investimentos", disse o CEO. 
  

Em termos de investimento, em 2023 a Endesa chegou aos 2.304 milhões de euros - menos 2% do que no ano anterior, em que foi atingido o recorde histórico da empresa -, 38% dos quais foram direcionados para as redes de distribuição e 34% para as energias renováveis. Durante o ano passado, a espanhola instalou 600 megawatts (MW) de nova capacidade renovável, elevando o seu total para quase 10 GW. Incluindo energia nuclear, a Endesa tem atualmente 78% da sua capacidade instalada na Península Ibérica livre de emissões de CO2. 80% da produção de energia elétrica na Península Ibérica também foi livre de emissões, acima de 2022.

No âmbito da transição energética, a Endesa encerrou a sua última central a carvão em Espanha (As Pontes), e continua a avançar com os dois processos de transição justa em Andorra (Teruel) e em Portugal, no Pego (região de Abrantes).

No número de clientes, a empresa cresceu no mercado livre para 6,9 milhões, em Portugal e Espanha, sendo que o número total de clientes ascende a 10,5 milhões. A rede de pontos de carregamento elétrico da Endesa totalizava 19.300 no final do ano, mais 39% do que no exercício anterior.
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