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EDP Renováveis recomenda rejeição do preço oferecido pela CTG na OPA

A administração da EDP Renováveis recomenda, no seu relatório de avaliação à OPA dos chineses da CTG, a não aceitação do preço da oferta. E adverte para outros potenciais obstáculos.

09 de Junho de 2018 às 01:06
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O conselho de administração da EDP Renováveis "recomenda não aceitar o preço da oferta" da China Three Gorges. O parecer, divulgado na CMVM, foi emitido esta madrugada de sábado, 9 de Junho, num relatório de avaliação da oferta pública de aquisição da CTG sobre a empresa de energias renováveis – no âmbito da OPA lançada à EDP.

 

No caso da EDP, a China Three Gorges oferece 3,26 euros por acção, o que, na altura do anúncio preliminar, significava um prémio de 10,8% em relação ao valor mínimo que poderia pagar. Um preço que foi criticado pela equipa de António Mexia. Na EDP Renováveis, a contrapartida está nos 7,33 euros, o preço mínimo que poderia ter de despender.

 
O negócio nos EUA

Além de recomendar os accionistas a não aceitarem este preço, a empresa liderada por João Manso Neto (na foto) refere também que "as potenciais implicações e desfechos regulatórios, em particular aqueles que poderão afectar a actividade nos Estados Unidos, não são claros e poderão ter impacto na estratégia e perspectivas de crescimento da EDP Renováveis".

A este propósito, o relatório salienta que, "dada a exposição global do portefólio da EDP Renováveis, a oferta está sujeita a várias condições e autorizações regulatórias" e que o conselho de administração reconhece que o tempo necessário para obter essas autorizações regulatórias e de mercado pode ser considerável e, uma vez que as autoridades competentes têm poderes para impor medidas de correcção e mitigação, tais processos podem ter implicações relevantes na oferta.

 

"Esta situação poderá ser mais relevante nos negócios dos Estados Unidos, onde as medidas de correcção e / ou de mitigação podem ser impostas pelo CFIUS e/ou FERC", adverte.

 

Tendo em consideração a importância da plataforma dos Estados Unidos para a EDP Renováveis, tais eventuais medidas poderão ter repercussões na estratégia e nas perspectivas de crescimento da EDP Renováveis, refere o documento.

 

"Não é claro no projecto de prospecto da oferta quais as intenções da oferente caso tais medidas sejam impostas, o que constitui informação fundamental para compreender as potenciais repercussões dessas medidas para o valor da EDP Renováveis", diz o "board" da empresa.

Calendário em causa

 

"Acresce que o conselho de administração considera que o calendário proposto subjacente à oferta poderá não corresponder aos melhores interesses dos accionistas da EDP Renováveis e deveria ser clarificado", sublinha o relatório.

Sobre este ponto, a empresa considera que a articulação da oferta EDPR com a oferta EDP, tal como proposta pela oferente, implica que os períodos de oferta de ambas as ofertas sejam sequenciais, e não simultâneos, significando que o período da oferta sobre a EDP Renováveis apenas se iniciaria após a conclusão com sucesso da oferta sobre a EDP.

 

Por isso, "o conselho de administração considera que é da maior importância clarificar o calendário da oferta, de modo a que exista um entendimento claro do processo pretendido e se assegure a protecção dos accionistas, permitindo-lhes a possibilidade de maximizarem valor".

Preço da oferta representa um desconto

A contrapartida da oferta (7,33 euros por ação) representa um desconto de 6,6%, em vez de um prémio sobre a cotação de fecho da acção antes do anúncio preliminar (7,85 euros); um desconto de 6,5% relativamente aos preços alvo apresentados por analistas de equity research; um desconto tendo em consideração múltiplos de empresas cotadas comparáveis; e um desconto em relação a ofertas públicas de aquisição comparáveis, sobre participações minoritárias no sector europeu de energias renováveis, destaca ainda a administração da EDPR.

Assim, o conselho de administração da EDP Renováveis considera que "a contrapartida da oferta não traduz de forma adequada o valor da EDP Renováveis".

 

Adicionalmente, o "board" da EDPR considera que "a oferta não reflecte a melhoria do ambiente de mercado nem as melhores perspectivas nos principais mercados da EDP Renováveis nos últimos 12 meses, nomeadamente a clarificação dos efeitos da reforma fiscal nos Estados Unidos".

 

Durante este período, explica, "a EDP Renováveis continuou a apresentar um progresso considerável na execução do seu plano de negócios 2016-20, assegurando mais de 90% da capacidade alvo, superando as suas metas de eficiência e demonstrando forte capacidade de geração de caixa, tendo assegurado simultaneamente projectos adicionais para o período pós-2020".

 

Uma vez que a oferta EDPR e a oferta EDP estão relacionadas, e considerando que, em 2017, a EDP Renováveis representou 39% do EBITDA recorrente do Grupo EDP, o resultado positivo de ambas as ofertas "representaria a aquisição da EDP Renováveis sem a incorporação de um prémio aos accionistas minoritários da EDP Renováveis", remata.


(notícia actualizada às 02:04)

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