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David Cameron defende que países pobres desenvolvam energias fósseis
"Penso que não há nada de errado em um país pobre querer desenvolver-se. Se tem hidrocarbonetos, deveria poder desenvolver estes hidrocarbonetos para o bem da sua economia e para a prosperidade do seu povo", argumentou o antigo primeiro-ministro britânico.
06 de Dezembro de 2022 às 16:42
O antigo primeiro-ministro britânico David Cameron acusou esta terça-feira em Londres de "hipocrisia" a comunidade internacional por estar a pressionar países em desenvolvimento a não investir em combustíveis fósseis devido às alterações climáticas.
"Há algo de profundamente hipócrita por parte dos países ocidentais ao dizer aos pequenos países africanos pobres ou Estados frágeis e a outras partes do mundo que não devem investir em qualquer tentativa de tirar o máximo partido dos hidrocarbonetos", afirmou Cameron durante a Cimeira de Comércio e Investimento da Commonwealth.
Assumindo que esta é uma opinião "controversa", o antigo líder do Partido Conservador caricaturou como os países ocidentais estão a deixar de usar carvão e a convencer os países produtores deste combustível a parar a sua exploração, mas ao mesmo tempo querem comprar gás natural.
"Penso que não há nada de errado em um país pobre querer desenvolver-se. Se tem hidrocarbonetos, deveria poder desenvolver estes hidrocarbonetos para o bem da sua economia e para a prosperidade do seu povo", argumentou.
Cameron falava enquanto presidente da Comissão sobre Fragilidade de Estados, Crescimento e Desenvolvimento, um grupo de académicos, empresários e antigos políticos criado pelas universidades de Oxford e London School of Economics.
Assumido ambientalista, Cameron admitiu que "é claro que vai ter de haver uma transição para substituir os hidrocarbonetos ao longo do tempo" e revelou que a Comissão vai analisar esta questão no próximo ano para tentar encontrar soluções.
"Penso que deveria ser dada aos países a opção de desenvolver [estas indústrias] de forma sensata para o próprio bem, à medida que todos fazemos a transição para deixarmos de ser um mundo de hidrocarbonetos", vincou.
Cameron falava último dia da 2.ª Cimeira de Comércio e Investimento da Commonwealth, que começou na segunda-feira em Londres.
Após uma primeira edição virtual em 2021, devido às restrições da pandemia covid-19, o evento organizado pelo Conselho Empresarial e de Investimento da Commonwealth convidou chefes de Governo, ministros e líderes empresariais de toda a Commonwealth para debates e reuniões de trabalho.
Alguns dos principais temas na agenda foram a necessidade de uma transição para as energias renováveis, segurança e resiliência alimentar, tecnologia de saúde e o futuro da prestação de cuidados de saúde, e ainda o futuro do financiamento verde.
Num painel sobre segurança energética, o vice-presidente da gestora de investimentos Blackrock, Philipp Hildebrand, concordou com David Cameron ao defender uma transição "justa" e "ordeira".
"Não serve de nada se descarbonizarmos rapidamente o mundo desenvolvido e deixarmos o mundo em desenvolvimento para trás. Isso não vai alcançar a neutralidade carbónica. Uma transição ordenada seria, ao nível macro, o melhor resultado", afirmou.
Porém, o fundador e presidente executivo da operadora de energia Octopus, Greg Jackson, argumentou que existe razão para estar otimista quanto à adoção rápida de energias renováveis por países menos desenvolvidos em África ou Ásia, devido ao custo cada vez mais reduzido e maior flexibilidade.
"Não é uma transição que tenha de durar uma vida inteira. Da mesma forma que os telemóveis permitiram aos países de todo o mundo evitar a instalação dispendiosa de redes de telecomunicações fixas para passarem diretamente para uma infraestrutura melhor [de telefonia móvel], podemos fazer o mesmo com as energias renováveis", sugeriu.
"Há algo de profundamente hipócrita por parte dos países ocidentais ao dizer aos pequenos países africanos pobres ou Estados frágeis e a outras partes do mundo que não devem investir em qualquer tentativa de tirar o máximo partido dos hidrocarbonetos", afirmou Cameron durante a Cimeira de Comércio e Investimento da Commonwealth.
"Penso que não há nada de errado em um país pobre querer desenvolver-se. Se tem hidrocarbonetos, deveria poder desenvolver estes hidrocarbonetos para o bem da sua economia e para a prosperidade do seu povo", argumentou.
Cameron falava enquanto presidente da Comissão sobre Fragilidade de Estados, Crescimento e Desenvolvimento, um grupo de académicos, empresários e antigos políticos criado pelas universidades de Oxford e London School of Economics.
Assumido ambientalista, Cameron admitiu que "é claro que vai ter de haver uma transição para substituir os hidrocarbonetos ao longo do tempo" e revelou que a Comissão vai analisar esta questão no próximo ano para tentar encontrar soluções.
"Penso que deveria ser dada aos países a opção de desenvolver [estas indústrias] de forma sensata para o próprio bem, à medida que todos fazemos a transição para deixarmos de ser um mundo de hidrocarbonetos", vincou.
Cameron falava último dia da 2.ª Cimeira de Comércio e Investimento da Commonwealth, que começou na segunda-feira em Londres.
Após uma primeira edição virtual em 2021, devido às restrições da pandemia covid-19, o evento organizado pelo Conselho Empresarial e de Investimento da Commonwealth convidou chefes de Governo, ministros e líderes empresariais de toda a Commonwealth para debates e reuniões de trabalho.
Alguns dos principais temas na agenda foram a necessidade de uma transição para as energias renováveis, segurança e resiliência alimentar, tecnologia de saúde e o futuro da prestação de cuidados de saúde, e ainda o futuro do financiamento verde.
Num painel sobre segurança energética, o vice-presidente da gestora de investimentos Blackrock, Philipp Hildebrand, concordou com David Cameron ao defender uma transição "justa" e "ordeira".
"Não serve de nada se descarbonizarmos rapidamente o mundo desenvolvido e deixarmos o mundo em desenvolvimento para trás. Isso não vai alcançar a neutralidade carbónica. Uma transição ordenada seria, ao nível macro, o melhor resultado", afirmou.
Porém, o fundador e presidente executivo da operadora de energia Octopus, Greg Jackson, argumentou que existe razão para estar otimista quanto à adoção rápida de energias renováveis por países menos desenvolvidos em África ou Ásia, devido ao custo cada vez mais reduzido e maior flexibilidade.
"Não é uma transição que tenha de durar uma vida inteira. Da mesma forma que os telemóveis permitiram aos países de todo o mundo evitar a instalação dispendiosa de redes de telecomunicações fixas para passarem diretamente para uma infraestrutura melhor [de telefonia móvel], podemos fazer o mesmo com as energias renováveis", sugeriu.