Notícia
Costa avisa França sobre gasoduto: "Não vai querer estar isolada no Conselho Europeu"
"Se não for possível [o gasoduto] ligar a França, que nos ligue a Itália, ou então teremos mesmo de optar por outras soluções mais difíceis e mais caras", disse o primeiro-ministro em Berlim.
O primeiro-ministro, António Costa, reafirmou esta sexta-feira que continua a trabalhar com a Alemanha e Espanha "para que a França se mostre aberta de novo a esta solução", que passa pela construção de um gasoduto que atravesse os Pirinéus e ligue a Península Ibérica ao resto da Europa, tal como já aconteceu no passado.
"Há a necessidade de abastecimento de gás natural na Europa que tem de vir de outras geografias, que não a Rússia. Este é um problema económico para a Alemanha, por isso é um problema para todos nós. França não vai querer estar isolada na sua posição no Conselho Europeu", disse, à saída do encontro tripartido com o chanceler alemão, Olaf Scholz, e com o homólogo espanhol, Pedro Sánchez, em Berlim.
As conclusões desta reunião serão transmitidas por Costa e Sanchéz ao presidente francês, Emanuel Macron, no próximo dia 20 de outubro, antes da reunião do Conselho Europeu.
Portugal é um dos 15 países europeus que defende a imposição por parte da UE de um preço máximo para o gás natural, opção que a Alemanha rejeita, alegando riscos no fornecimento e os contratos a longo prazo. Por outro lado, o Executivo português tem também insistido na criação de um mecanismo de compras conjuntas de gás por parte dos países europeus, com Berlim a ir mais longe e a proposr mesmo parcerias com outros compradores, como países asiáticos, por exemplo.
"São necessárias medidas mais robustas e para isso é necessário uma ação conjunta da UE. A situação é diferente entre países, a Alemenha tem maior capacidade orçamental, mas está muito mais exposta que nós e muito mais dependente do gás russo. Mesmo em posições diferentes, estamos todos na mesma dificuldade. Por isso devemos encontrar uma saída comum", respondeu Costa aos jornalistas.
Costa lembrou que neste momento existem apenas 3% de interligações de eletricidade e gás entre Portugal e Espanha e França, quando esta percentagem deveria ter chegado já a 10% em 2020.
"Estamos muito atrasados e para isso é necessário desbloquear esta situação. Se não for possível [o gasoduto] ligar a França, que nos ligue à Itália, que é o país mais próximo, ou então teremos mesmo de optar por outras soluções mais difíceis e mais caras", disse o primeiro-ministro aos jornalistas. E acrescentou: "Compreendemos os interesses da França, mas não podemos continuar dependentes de um ou dois grandes fornecedores de gás. Temos de diversificar as fontes de energia, como o hidrogénio verde e outros gases renováveis, que Portugal tem capacidade de produzir".
O primeiro-ministro argumentou também que o gasoduto que deverá ser construído não servirá apenas para transportar gás natural, podendo ser adaptado para o hidrogénio verde. "A Península Ibérica tem a capacidade de produzir energia renovável e hidrogénio verde no futuro, mas também é um ponto de descarga de GNL vindo dos EUA, de África, ou de Trinidad e Tobago, por isso podemos fornecer a Europa. Mas para que isso aconteça temos de ter mais interconexões", disse, lembrando que quer em Portugal quer em Espanha "os consumidores têm pago um custo muito elevado pelo preço da energia pelo facto de estarem isolados do resto do mercado europeu".
Quanto à próxima reunião do Conselho Europeu, António Costa espera "que se possa avançar e tomar decisões concretas sobre o que é mais urgente: medidas que estabilizem de forma duradoura os mercados de energia. Precisamos de dar, quer às famílias, quer às empresas, expetativas seguras sobre o que vai acontecer durante o próximo ano e para isso é fundamental que a UE consiga apresentar propostas conjuntas".
"Temos de apoiar as empresa para continuarem a laborar não obstante estes preços da energia", disse ainda o primeiro-ministro, lembrando o "forte pacote de 3.000 milhões de euros que vamos injetar no sistema elétrico e de gás, para controlar as subidas dos preços".
A reunião desta sexta-feira teve lugar precisamente uma semana antes de os chefes de Estado e de governo da União Europeia se reunirem em Bruxelas, a 20 e 21 de outubro, para a Cimeira do Conselho Europeu, onde deverão ser decididas medidas para a intervenção no mercado energético. Já na semana passada, em Praga, Costa garantiu que nem Portugal nem Espanha vão desistir do projeto "Midcat", um gasoduto que ligue a Península Ibérica ao resto da Europa através dos Pirenéus, apesar da resistência demonstrada pelo presidente francês, Emmanuel Macron.
O chanceler alemão reiterou o apoio ao novo gasoduto nos Pirenéus, realçando ser um "elemento fundamental" para garantir o abastecimento energético dos países da União Europeia mais dependentes de gás russo.
"Há a necessidade de abastecimento de gás natural na Europa que tem de vir de outras geografias, que não a Rússia. Este é um problema económico para a Alemanha, por isso é um problema para todos nós. França não vai querer estar isolada na sua posição no Conselho Europeu", disse, à saída do encontro tripartido com o chanceler alemão, Olaf Scholz, e com o homólogo espanhol, Pedro Sánchez, em Berlim.
Portugal é um dos 15 países europeus que defende a imposição por parte da UE de um preço máximo para o gás natural, opção que a Alemanha rejeita, alegando riscos no fornecimento e os contratos a longo prazo. Por outro lado, o Executivo português tem também insistido na criação de um mecanismo de compras conjuntas de gás por parte dos países europeus, com Berlim a ir mais longe e a proposr mesmo parcerias com outros compradores, como países asiáticos, por exemplo.
"São necessárias medidas mais robustas e para isso é necessário uma ação conjunta da UE. A situação é diferente entre países, a Alemenha tem maior capacidade orçamental, mas está muito mais exposta que nós e muito mais dependente do gás russo. Mesmo em posições diferentes, estamos todos na mesma dificuldade. Por isso devemos encontrar uma saída comum", respondeu Costa aos jornalistas.
Costa lembrou que neste momento existem apenas 3% de interligações de eletricidade e gás entre Portugal e Espanha e França, quando esta percentagem deveria ter chegado já a 10% em 2020.
"Estamos muito atrasados e para isso é necessário desbloquear esta situação. Se não for possível [o gasoduto] ligar a França, que nos ligue à Itália, que é o país mais próximo, ou então teremos mesmo de optar por outras soluções mais difíceis e mais caras", disse o primeiro-ministro aos jornalistas. E acrescentou: "Compreendemos os interesses da França, mas não podemos continuar dependentes de um ou dois grandes fornecedores de gás. Temos de diversificar as fontes de energia, como o hidrogénio verde e outros gases renováveis, que Portugal tem capacidade de produzir".
O primeiro-ministro argumentou também que o gasoduto que deverá ser construído não servirá apenas para transportar gás natural, podendo ser adaptado para o hidrogénio verde. "A Península Ibérica tem a capacidade de produzir energia renovável e hidrogénio verde no futuro, mas também é um ponto de descarga de GNL vindo dos EUA, de África, ou de Trinidad e Tobago, por isso podemos fornecer a Europa. Mas para que isso aconteça temos de ter mais interconexões", disse, lembrando que quer em Portugal quer em Espanha "os consumidores têm pago um custo muito elevado pelo preço da energia pelo facto de estarem isolados do resto do mercado europeu".
Quanto à próxima reunião do Conselho Europeu, António Costa espera "que se possa avançar e tomar decisões concretas sobre o que é mais urgente: medidas que estabilizem de forma duradoura os mercados de energia. Precisamos de dar, quer às famílias, quer às empresas, expetativas seguras sobre o que vai acontecer durante o próximo ano e para isso é fundamental que a UE consiga apresentar propostas conjuntas".
"Temos de apoiar as empresa para continuarem a laborar não obstante estes preços da energia", disse ainda o primeiro-ministro, lembrando o "forte pacote de 3.000 milhões de euros que vamos injetar no sistema elétrico e de gás, para controlar as subidas dos preços".
A reunião desta sexta-feira teve lugar precisamente uma semana antes de os chefes de Estado e de governo da União Europeia se reunirem em Bruxelas, a 20 e 21 de outubro, para a Cimeira do Conselho Europeu, onde deverão ser decididas medidas para a intervenção no mercado energético. Já na semana passada, em Praga, Costa garantiu que nem Portugal nem Espanha vão desistir do projeto "Midcat", um gasoduto que ligue a Península Ibérica ao resto da Europa através dos Pirenéus, apesar da resistência demonstrada pelo presidente francês, Emmanuel Macron.
O chanceler alemão reiterou o apoio ao novo gasoduto nos Pirenéus, realçando ser um "elemento fundamental" para garantir o abastecimento energético dos países da União Europeia mais dependentes de gás russo.