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"A Alemanha precisa de gás. Se ele vier também do porto de Sines, excelente", disse Costa

Em Hannover, o primeiro-ministro disse que "Portugal tem condições únicas para ser uma plataforma de abastecimento de energia à Europa". Quer fornecer GNL à Alemanha via Sines, mas saiu do país rumo a Bruxelas sem fechar acordo com o chanceler alemão.

Reuters
30 de Maio de 2022 às 14:41
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Depois de dois dias de visita oficial à maior feira industrial do mundo, a Hannover Messe, onde marcam presença esta semana 109 empresas portuguesas de vários setores, o primeiro-ministro António Costa deixou a Alemanha rumo a Bruxelas sem anunciar um acordo de fornecimento de gás natural liquefeito (GNL) com o governo de Berlim, via porto de Sines. 

Em declações aos jornalistas no fim da visita pelos stands das empresas portuguesas, que Costa fez questão de visitar uma a uma, garantiu que a oferta está feita, mas no entanto, nem o chefe do Governo português nem o chanceler alemão, Olaf Scholz, falaram sobre gás nas várias intervenções conjuntas que fizeram ao longo de dois dias. 

De acordo com o governante germânico, o hidrogénio verde, esse sim, esteve em cima da mesa, com a Alemanha interessada em importar este gás renovável que Portugal se prepara para começar a produzir também em Sines, mas sobre os restantes temas do encontro a dois, Costa diz que foi "uma conversa longa sobre relações bilaterais e sobre a situação na Europa, que revelou uma vulnerabilidade grande do ponto de vista energético". Ao seu homólogo, deixou uma garantia: "Portugal tem condições únicas para ser uma plataforma de abastecimento de energia à Europa".

"A Alemanha necessita de gás, ponto. se ele vier também do porto de Sines, excelente. Esta é mais uma oferta que ajuda a Alemanha, a Polónia e outros países altamente dependentes do fornecimento do gás russo. Estamos a diversificar fontes e rotas. Quantas mais melhor. É isso que Sines oferece: receber em Sines e mandá-lo para a Alemanha", disse, deixando sem resposta a pergunta sobre se já existe um acordo entre os dois países para Portugal ser um dos escolhidos para abastecer o novo terminal de GNL que a Alemanha quer construir em apenas 10 meses. Ao qual se somam também outras unidades de GNL flutuantes, nas quais Berlim vai investir em força.

Quanto a Portugal, o primeiro ministro diz que "a médio prazo, será possível uma interconexão elétrica e de gás com capacidade suficiente para podermos exportar para a Europa hidrogénio verde e eletricidade renovável".

Isto a quatro anos, quando for possível desbloquear o processo de interconexão com a Europa através dos Pirinéus. "A França está mais disponível para deixar cair as suas restrições, já que o gasoduto que agora servirá para o gás, no fututo poderá trasportar hidrogénio. Mas estão também a ser estudadas outras opções que não passem por França", avançou Costa.

Para já, Portugal pode apenas "ser uma plataforma para facilitar toda a logística e o envio de gás natural liquefeito a partir de Sines". O primeiro-ministro explica que é o porto mais perto dos EUA, da Nigéria e de Trinidad e Tobago, só para referir três produtores de gás natural. Todos os portos do norte da Europa estão muito congestionados e em Sines podemos acolher os metaneiros de grande dimensão e fazer a transfega para navios de média dimensão, que têm maior facilidade para trazer o gás para o norte e centro da Europa até ao dia em que haja o pipeline". 

Costa fala de um "plano com efeitos imediatos que pode aumentar desde já as quantidades de gás a enviar para a Europa através da otimização da gestão da infraestrutura existente. Em poucos meses podemos aumentar significativamnete essa capacidade com a transfega de barco para barco. E em dois anos temos capacidade para aumentar o armazenamento, através de um investimento que a REN está disposta a fazer", de 30 milhões, num novo tanque de armazenamento de GNL no seu Terminal em Sines. 

De passagem pelo stand da REN, Costa não conseguiu evitar perguntar ao COO João Conceição se estava tudo conforme planeado para a construção do "novo tanque". O responsável da Redes Energéticas Nacionais não só respondeu que sim, como avançou que a nova infraestrutura terá uma capacidade de armazenamento de 15 mil milhões de metros cúbicos de gás, "o que para estes senhores [Alemanha] já é uma quantidade interessante", rematou.  

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