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Almaraz: Agência Portuguesa do Ambiente reconhece que armazém de resíduos é apropriado

Colocar o combustível num armazém onde esteja guardado a seco acarreta menos riscos do que deixá-los nas piscinas dos reactores, afirmou o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente.

João Cortesão
16 de Maio de 2017 às 17:45
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O presidente da Agência Portuguesa do Ambiente defendeu hoje que é apropriada a construção de um armazém de resíduos nucleares na central espanhola de Almaraz, assegurando que Portugal vai continuar a acompanhar o processo.

 

Em audição na comissão parlamentar de Ambiente, Nuno Lacasta afirmou que face à acumulação de combustível nuclear nas piscinas dos reactores da central nuclear, situada junto ao Tejo e a cerca de 100 quilómetros da fronteira portuguesa, faz com que esteja a ser atingido "o limite da capacidade de armazenamento".

 

Sem haver um sítio para onde seja enviado todo o combustível nuclear gasto das centrais nucleares espanholas, os locais de armazenamento têm que ser mesmo no complexo das centrais ou muito próximos.

 

Colocar o combustível num armazém onde esteja guardado a seco acarreta menos riscos do que deixá-los nas piscinas dos reactores, afirmou.

 

O responsável da agência afirmou sem "a mais pequena dúvida" que assume "na plenitude" as conclusões do grupo de trabalho técnico que considerou adequada e segura a construção do armazém depois de um processo de avaliação de impacto transfronteiriço improvisado entre Portugal e Espanha.

 

Esse processo surge de um acordo entre os dois países atingido depois de Portugal ter apresentado queixa contra Espanha na Comissão Europeia por estar contra a construção do armazém sem avaliação de impacto ambiental.

 

"Não é um parecer 'nim', há matérias que carecem de aprofundamento, reconhecidas pelo regulador espanhol", reconheceu.

 

Nuno Lacasta reforçou que com este processo de avaliação 'ad hoc', Portugal teve acesso a mais informação do que teria acontecido se houvesse uma avaliação de impacto tradicional.

 

O presidente da APA afirmou que alguma da matéria analisada disponibilizada por Espanha é confidencial mas disponibilizou-se para a discutir com os deputados à porta fechada.

 

Dos deputados, Lacasta ouviu dúvidas sobre como se pode considerar segura a construção do armazém apesar de se reconhecer que faltaram análises a cenários de acidente e aos seus eventuais impactos transfronteiriços.

 

O grupo de trabalho também reconhece que faltam análises à permeabilidade dos solos aos resíduos radioactivos a armazenar e a possibilidade contaminarem as águas do Tejo, que são usadas na central para arrefecimento.

 

Esses e outros estudos seriam precisos para tirar conclusões sobre impactos de acidentes na central, referiram os parlamentares, citando as conclusões e recomendações do grupo de técnicos constituído por Portugal.

 

Questionado sobre um estudo de 2010 feito pelo exército que prevê que em caso de acidente a radioactividade de Almaraz atingirá cerca de 800 mil pessoas em Portugal, Nuno Lacasta considerou que não está actualizado.

 

No estudo, hoje divulgado pela Rádio Renascença, projectou-se em Almaraz um acidente do calibre do que aconteceu em Chernobyl, na Ucrânia, em 1986, uma premissa que Nuno Lacasta afastou.

 

"A central nuclear de Almaraz, pelas suas características e actualização após [o acidente com a central japonesa de] Fukushima [atingida por um tsunami], nem de longe nem de perto é comparável com Chernobyl, não me parece que as conclusões patentes no relatório tenham adesão à realidade tecnológica actual", afirmou.

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