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ACT detecta “situações graves” em obras de barragem da EDP (act.)
Autoridade para as Condições do Trabalho encontrou no reforço de potência de Venda Nova, em Vieira do Minho, trabalhadores com 55 horas semanais e uma operação de socorro a uma trabalhadora que demorou 45 minutos.
A Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) identificou “anomalias e irregularidades graves” nas obras do reforço de potência da barragem de Venda Nova, em Vieira do Minho, empreendimento que faz parte da aposta hidroeléctrica da EDP.
A ACT visitou os estaleiros do empreendimento Venda Nova III, que tem a EDP como dono de obra e a MSF, Somague, Mota-Engil e Spie Batignolles como construtoras contratadas. Segundo um comunicado da ACT, “verificaram-se duas situações graves, com destaque para a existência de anomalias no plano de emergência e trabalhadores a realizarem 55 horas de trabalho semanais a vários metros de profundidade”.
“Durante a própria visita inspectiva uma trabalhadora desfaleceu numa frente de trabalho de escavação de um túnel, demorando o socorro 45 minutos a chegar ao local do incidente”, relata a ACT no comunicado divulgado esta sexta-feira.
A EDP garante que as irregularidades detectadas "serão corrigidas". Num esclarecimento enviado ao Negócios, a empresa refere que as acções da ACT "complementam as que [a EDP] desenvolve por iniciativa própria com meios da empresa e também com recurso a auditorias efectuadas por entidades externas".
No total da inspecção da ACT, que envolveu visitas a outros quatro estaleiros de construção com cerca de 130 trabalhadores, para além dos dois aproveitamentos hidroeléctricos, a unidade local de Braga da ACT vai solicitar a correcção de 28 situações irregulares em matéria de segurança e saúde no trabalho e suspender ainda uma frente de trabalho por existir perigo grave e eminente para os trabalhadores, explica a ACT.
A EDP, porém, garante que "das notificações emitidas pela ACT na sequência destas acções inspectivas não resultou a suspensão de qualquer frente de trabalho nestas obras".
O reforço de potência de Venda Nova é um investimento de cerca de 300 milhões de euros da EDP, devendo estar concluído em 2015. A central será equipada com uma potência de 746 megawatts (MW), o que a tornará um dos maiores centros electroprodutores do País. A obra prevê um pico de 450 trabalhadores em simultâneo.
Na nota enviada ao Negócios, a EDP, que entende as irregularidades apontadas pela ACT como "situações pontuais", sublinha ainda ter em construção "seis grandes empreendimentos hidroeléctricos onde regista actualmente um total de cerca de 4.500 trabalhadores", actividade a que, diz a eléctrica, "corresponde um índice de frequência de acidentes dos melhores no plano nacional".
(Notícia actualizada às 20h13 com reacções e esclarecimentos da EDP)