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Abengoa recupera na bolsa de Madrid depois do tombo de 50%

A falta de transparência perante o mercado em dados como o valor da dívida total e o fluxo de caixa contribuíram para a queda abrupta da companhia. A revisão em baixa dos lucros também contribuiu para a queda das acções.

Miguel Baltazar/Negócios
17 de Novembro de 2014 às 11:21
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A Abengoa era até há bem pouco tempo uma das empresas estrela da bolsa de Madrid. Registava uma valorização de 125% desde Janeiro, com a acção a alcançar um máximo histórico de 4,7 euros no início de Setembro.

 

Mas tudo mudou rapidamente para a companhia que desenvolve projectos na área das energias renováveis. A dívida elevada e a revisão em baixa dos lucros para este ano provocou uma debandada geral dos investidores, com a companhia a cair mais de 48% no final da semana passada.

 

A empresa está, no entanto, a proceder a uma remontada na sessão desta segunda-feira, 17 de Novembro. A Abengoa já esteve a subir 28,67% e ganha agora 16,67% para 1,75 euros na bolsa de Madrid.

 

Esta subida acontece depois da Abengoa ter enviado à CNMV (a polícia da bolsa espanhola) uma revisão às suas contas realizadas pela Deloitte. A auditora deu o luz verde às contas depois de concluir que não há problema nenhum com a empresa. É de destacar, todavia, que esta não é uma auditoria de contas oficial, pois não foram analisados certos indicadores como numa revisão formal.

 

A empresa realizou também um encontro hoje com investidores para apresentar planos com o objectivo de reduzir a dívida o curto e médio prazo. Estes encontros com investidores vão decorrer em Londres e Nova Iorque durante esta semana.

 

Na sessão de quinta-feira, 13 de Novembro, a Abengoa afundou 18,31%, num dia em que esteve a cair mais de 23%. Já na sexta-feira, 14 de Novembro, tombou 36,55%, tendo estado a perder mais de 61% durante a sessão.

 

Isto aconteceu depois da empresa ter apresentado os resultados trimestrais na semana passada e anunciou que espera lucrar entre 7.400 e 7.500 milhões de euros este ano, valores abaixo da anterior previsão de 7.900 e 8.000 milhões. Este anúncio ajudou a provocar a fuga dos investidores, com os analistas do HSBC a reduzirem dramaticamente o preço-alvo de 5,9 euros para 4,4 euros por acção.

 

Os investidores estão particularmente preocupados com a dívida do grupo que atinge os 13.500 milhões de euros. Este nível de dívida levou a Fitch a abrir a porta a uma possível descida do rating, estando agora com "B+", considerado investimento de "lixo", quatro escalões abaixo do grau de investimento.

 

Apesar da dívida e da revisão em baixa dos lucros ter levado à fuga dos investidores, a falta de transparência perante o mercado de vários dados financeiros contribuíram para o afundamento da companhia. 

 

Neste caso, a companhia optou nos resultados do terceiro trimestre, como já o tinha feito no segundo, por não divulgar qual a sua dívida líquida consolidada - ao não incluir a dívida das companhias Abengoa Yield e Biofuels - assim como o qual o seu fluxo de caixa consolidado.

 

 

Ao mesmo tempo a companhia enfrenta sérios problemas noutras duas frentes. Por um lado, comprou uma participação no projecto de energia solar Palen Solar Electric Generating System. A companhia já detinha uma participação neste projecto e adquiriu outra parcela para evitar a paralisação do projecto.

 

Ao mesmo tempo, o petróleo está em queda, reduzindo o grau de atractividade das renováveis e o Congresso dos Estados Unidos foi tomado pelo Partido Repúblicado - que não vêem com bons olhos o actual apoio do Governo federal a esta indústria. 

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