A Yazaki Saltano, multinacional japonesa que emprega mais de três mil trabalhadores em Portugal, anunciou hoje que vai deslocalizar parte da sua produção na fábrica de Ovar, para a Eslováquia e a Turquia, não sabendo ainda quantos postos de trabalho vai suprimir.

Num comunicado a empresa diz que apesar da decisão, tomada pela estrutura central da Yazaki na Europa, «os níveis de produtividade da empresa são positivos, mas o sector das cablagens, que representa um volume de vendas bastante significativo, têm vindo a diminuir».

Presente em Portugal desde 1986, a Yazaki Saltano conta com 3.430 colaboradores no nosso país, dedicando-se à produção de componentes eléctricos para automóveis. A companhia, através da Yazaki Saltano de Ovar, Produtos Eléctricos Lda e Yazaki Saltano de Portugal CEA Lda tem três fábricas em Portugal, sendo que a de Ovar é a única a ser afectada pela deslocalização.

A empresa, que diz-se penalizada também pela conjuntura económica desfavorável, vai reduzir postos de trabalho, mas adianta que não é ainda possível adiantar o número de colaboradores a dispensar.

«A empresa não prevê lançar novos produtos, mas já conta com soluções para diminuir os impactos do processo de dispensa visando a reinserção profissional dos colaboradores através de outplacement - acompanhamento e acesso às técnicas necessárias para uma pesquisa de emprego eficaz ou apoio na criação de empresas -reduzindo o período de transição para um novo posto de trabalho», diz o comunicado da empresa.

A Yazaki acrescenta que já solicitou o apoio a instituições do Estado (governo e autarquias), no sentido de encontrarem outras formas que diminuam os efeitos sociais desta medida.

Ainda no início deste ano a empresa tinha adiantado que pretendia reforçar a sua presença industrial em Portugal, apostando noutros sectores, para além das cablagens e da fibra óptica.

O grupo Yazaki está a estudar a possibilidade de fazer novos investimentos no nosso país, concretamente noutras actividades que desenvolve a nível mundial, como são os casos da produção de aparelhos de medição de gás e de ar condicionado, painéis de instrumentos e painéis solares», revelou na altura ao Jornal de Negócios Fernanda Tavares, directora de recursos humanos da Yazaki Saltano de Portugal.

Ainda ontem a Mercer divulgou um estudo onde indicava que Portugal tinha os custos laborais mais baixos da União Europeia a 15, mas que estes mais que duplicavam a média dos países do alargamento.

Na Eslováquia, um dos países para onde vai ser deslocalizada a produção da Yazaki, os custos laborais são três vezes mais baixos que em Portugal.