Notícia
Transporte e energia solar no roteiro da descarbonização
O investimento de 7,5 mil milhões de euros na descarbonização dos transportes e o encerramento das centrais a carvão atá 2030 são algumas das medidas do roteiro para reduzir as emissões de gases até 2050.
Energia, transportes, indústria, resíduos, agricultura, florestas. São vários os sectores que integram o roteiro para a neutralidade carbónica que vai ser apresentado pelo Governo esta terça-feira, 4 de Dezembro. O objectivo é acabar com as emissões de gases de estufa em 45 anos, com uma redução de 85% a 99% entre 2005 e 2050.
Para atingir esta meta, o Ministério do Ambiente e da Transição Energética elaborou um conjunto de medidas e metas para várias áreas de actividade de modo a fomentar o abandono dos combustíveis fósseis e, assim, a promover a electrificação através de energias verdes.
Para tal, um dos pontos do documento passa precisamente pelo encerramento das duas centrais de carvão em Sines e no Pego, em Santarém, até 2033 e das centrais a gás natural até 2040, avançou em entrevista ao Público e ao Jornal de Notícias o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes.
A promoção da mobilidade eléctrica também é um dos pontos centrais deste roteiro. Como Matos Fernandes destacou, "todos os sectores contribuem para a redução das emissões, mas os transportes e o electroprodutor contribuem mais". E aqui, os transportes públicos têm um forte impacto para alcançar a meta da neutralidade carbónica até 2050.
Por essa razão, o Governo tem previsto o investimento de 7,5 mil milhões de euros nesta área nos próximos 10 anos. "Será um investimento em ampliação de redes de transporte, na introdução de novos modos, nomeadamente o metrobus nos territórios periféricos das áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto e nas cidades com mais de cem mil habitantes, e no apoio à electrificação da frota dos transportes colectivos rodoviários", explicou o ministro ao JN.
Tendo em conta este roteiro, Matos Fernandes acredita que, em 2030, cerca de 33% dos automóveis em Portugal serão eléctricos. E em 2040 "os ligeiros de passageiros e os veículos autónomos e partilhados assegurarão um terço da mobilidade", disse ao mesmo jornal.
A promoção de energias renováveis, nomeadamente a produção de solar, é um dos eixos centrais do roteiro. Como vai ser impulsionado este crescimento? Com a realização de leilões, uma das medidas que o ministro já tinha anunciado. Mas ao JN avança com mais detalhes: "O leilão será lançado em Março ou Abril".
Outra das medidas para potenciar a energia solar passa pela autorização dada à REN para "investir em redes de alta tensão no próximo ano". E até 2040 o Governo espera que os escritórios e edifícios de serviços sejam 100% descarbonizados, sendo alimentados apenas com recurso à electricidades e à energia solar para aquecer a água. Um cenário que espera que seja idêntico nas casas de habitação até 2040.
O "Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050" é apresentado esta terça-feira numa sessão em Lisboa, na qual participam o ministro do Ambiente e Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes, e o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira.