Na Feira de Tecnologia de Consumo de Las Vegas, o Consumer Electronics Show de 2016 (CES), um dos mais importantes eventos do sector, o regresso dos leitores de vinil e a nova Kodak Super 8 não passaram despercebidos. As marcas parecem estar apostadas em dar uma nova vida a modelos e formatos cujos tempos de glória distam várias décadas.

Estas são as novas incursões, que se juntam a apostas incontornáveis, como a da Polaroid, do Mini ou do Fiat "cinquecento".

É o caso do novo leitor de vinil PS-HX500 da Sony, lançado no âmbito da expansão do segmento de produtos "premium" áudio da marca e que deve chegar às lojas no segundo trimestre deste ano. Este leitor não só vai permitir ouvir vinis, como inclui um cabo USB para os melómanos ligarem o gira-disco a qualquer computador e passarem assim a ter as suas músicas preferidas em formato digital.

Também a gigante japonesa Panasonic anunciou dois novos modelos de leitores de vinil na CES 2016, sendo eles o Grand Class SL-1200GAE, uma versão comemorativa do 50º aniversário da clássica marca Technics que a Panasonic ajudou a reavivar, com apenas 1.200 unidades disponíveis, e que deverá chegar ao mercado no verão deste ano; e o Grand Class SL-1200G chegará ao mercado no final do ano.

Escreve a CNBC que nos EUA foram vendidos quase 12 milhões de vinis em 2015, de acordo com a Nielsen. O formato voltou a ser popular também entre britânicos, resultando em vendas de 2,1 milhões de unidades em 2015, de acordo com a Federação Britânica da Indústria Fonográfica.

Segundo a Gibson, a história do vinil remonta a 1877, quando Thomas Edison anunciou a invenção de um instrumento capaz de gravar e reproduzir som, o fonógrafo. O primeiro leitor de vinis mais parecido com a versão que hoje conhecemos surge pela mão de Emile Berliner em 1895, quando este introduziu uma versão de um gramofone que usava um disco em vez de um cilindro. Nos anos 1960 e 1970, os leitores de vinil eram já um aparelho de massas.

Escreve a Gibson que nada ameaçou tanto os leitores de vinil como o surgimento, nos anos 1980, dos discos compactos, mas a tecnologia sobreviveu, como aliás ficou provado na CES 2016. Se voltará a ser um produto massificado ou se permanecerá um produto de nicho, só o tempo dirá.

A CES2016 foi palco também da apresentação da nova câmara Kodak Super 8, que grava efectivamente em cartuchos de película de três minutos Super 8. Apesar do visual e da tecnologia "vintage", esta câmara vem equipada com várias portas externas, uma entrada para cartões SD para captar o áudio, uma entrada para microfone, uma saída para auscultadores, e é ainda possível alterar a lente.

O processo – filmar, enviar o filme à Kodak que o devolve revelado – é "da velha guarda", mas as soluções são de última geração, nomeadamente a possibilidade de descarregar o vídeo revelado em resolução 4k através de um "link" enviado pela Kodak.

O formato foi introduzido pela primeira vez em 1965 pela Kodak. O anúncio da empresa na CES 2016 veio terminar com o hiato de mais de três décadas, uma vez que a marca não lançava uma câmara de formato Super 8 há mais de 30 anos.

Polaroid e o desafio digital

Falar da Kodak traz imediatamente à lembrança o caso da Polaroid, cuja primeira câmara foi vendida a 26 de Novembro de 1948, por 89,95 dólares. Em 1963, a Polaroid introduz o primeiro filme instantâneo colorido. A Polaroid One-Step – um clássico - chega em 1977 e torna-se um best-seller nos EUA. A introdução do digital foi um grande desafio para a Polaroid, que foi à falência em 2001 e 2008.

A mudança de estratégia ocorre no final da primeira década de 2000, altura em que se aventura na criação de câmaras digitais capazes de imprimir fotografias no momento. Abdicando do feeling "vintage", a Polaroid coloca no mercado em 2012 a Polaroid Z2300.

A mais recente inovação da marca é a Polaroid Cube, uma câmara minúscula lançada em 2014, capaz de tirar fotografias e filmar. Resistente a salpicos e ao choque, esta câmara minúscula não tem a única característica comum às polaroids e que as tornou tão inovadoras e populares: a possibilidade de imprimir automaticamente as fotos.

Mini e "cinquecento", clássicos de quatro rodas

A seguir à II Guerra Mundial Sir Leonard Lord da Morris Company colocou ao seu engenheiro Alec Issigonis um desafio: o de desenhar um carro mais eficiente, capaz de transportar quatro adultos e com um preço acessível à maioria. O primeiro Mini foi lançado em 1959, tornando-se posteriormente um ícone britânico dos anos 1960.

A primeira versão do novo Mini, muito semelhante aos que hoje vemos a circular nas estradas, surge em 1999 e o conceito é apresentado no salão Automóvel de Paris. Este carro tinha "o distinto design e a personalidade imediatamente reconhecível" de um Mini, mas "era óbvio que tinha tomado uma dose saudável de esteróides", pode ler-se no próprio site da marca.

De 1 de Janeiro a 30 de Setembro de 2015 foram vendidos 246.426 automóveis Mini, mais 18% do que nos primeiros nove meses de 2014, revela o relatório de contas do grupo BMW, agora detentora da clássica marca britânica.

O Fiat 500, conhecido como "cinquecento", foi lançado originalmente em Julho de 1957, e seguiram-se vários modelos até ao Fiat 500 R ou Rinnovata, produzido entre 1972 e 1975, o último da série original.

Passaram 29 anos até ao lançamento do Fiat Trepiùno no 74º salão automóvel de Geneva, já com um design que fazia lembrar o antigo Fiat 500.

O regresso em pleno do modelo clássico, mas com um visual renovado, acontece só em 2007, 50 anos depois de o primeiro "cinquecento" ter sido apresentado. Desde então, foram lançadas novas versões em 2009 (Fiat 500C), em 2012 (Fiat 500L), 2013 (o Fiat 500L Trekking e 500L MPW) e em 2014 (o novo Fiat 500).