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Sócrates e Mário Soares em desacordo sobre privatizações
O ex-Presidente da República Mário Soares insurgiu-se hoje contra o excesso de privatizações e contra o recurso aos privados para fazer trabalhos do Estado - palavras que motivaram o desacordo do primeiro-ministro, José Sócrates.
O ex-Presidente da República Mário Soares insurgiu-se hoje contra o excesso de privatizações e contra o recurso aos privados para fazer trabalhos do Estado - palavras que motivaram o desacordo do primeiro-ministro, José Sócrates.
O primeiro líder do PS e José Sócrates foram dois dos oradores da sessão de abertura da conferência "Os desafios do desenvolvimento - as dinâmicas sociais e o sindicalismo", iniciativa promovida pela Fundação Mário Soares na Fundação Calouste Gulbenkian.
No seu discurso, o ex-Presidente da República fez um cerrado ataque ao neoliberalismo (sobretudo norte-americano) e às correntes mundiais que tentam enfraquecer o papel do Estado.
"Nunca fui partidário de um Estado de funcionários - obviamente, dependentes - mas sim de cidadãos livres. Mas agora acho que há excesso de privatizações, e que se tem criado o hábito de recorrer a empresas privadas para fazer o trabalho que aos serviços do Estado incumbe", apontou, para deixar ainda as seguintes perguntas:
"Por que preço e com que lucros" se recorre às empresas privadas, interrogou-se o fundador do PS, dizendo depois temer que "se chegue a retirar ao Estado as alavancas necessárias para as intervenções que se imponham".
José Sócrates falou a seguir a Mário Soares e fez um longo discurso de 50 minutos, de improviso, vincando as diferenças entre uma "esquerda aberta às mudanças" e uma esquerda "fixista e conservadora".
Depois dessa intervenção, em declarações aos jornalistas, José Sócrates disse estar "completamente de acordo" com Mário Soares sobre a defesa do modelo social europeu.
"Ambos queremos um modelo social europeu que não deixe ninguém ficar para trás e que possa dar mais oportunidades a todos", começou por dizer.
Já em relação a um alegado excesso de privatizações - tese defendida por Soares -, o primeiro-ministro assumiu que não concorda.
"Acho que as privatizações que foram feitas foram as adequadas. Genericamente, em termos de peso do Estado na economia, não encontro nenhuma razão para crítica", contrapôs.