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Reclamações dos CTT: a situação está "a melhorar", garante presidente

Ouvido em audição parlamentar a requerimento do PSD, o presidente executivo dos CTT, João Bento, admitiu muitas queixas mas disse que o grosso vem de encomendas e processos de desalfandegamento.

06 de Setembro de 2022 às 16:00
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As reclamações por causa da prestação dos CTT são "muitas" mas a situação está a ser endereçada e a "melhorar", garantiu esta terça-feira o presidente executivo da empresa. João Bento foi chamado a uma audição parlamentar na Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas a requerimento do PSD, para fazer face às críticas recorrentes do serviço.


Destacando que o setor postal está "em profunda transformação em todo o mundo", o CEO da empresa começou, para enquadrar, por lembrar que no "pico dos correios" em Portugal, ocorrido no início do século, cerca de seis milhões de cartas eram entregues por dia, num rácio de cartas por encomenda de um para 30. Hoje, o rácio é de uma encomenda por três cartas, num quadro em que se entregam em média dois milhões de cartas por dia. Além disso, no final do primeiro semestre de 2019 o correio apresentava 70% dos proveitos dos CTT; e quando fechou  o ano passado, pela primeira vez na história dos CTT, o correio representou menos de 50% dos proveitos, 49%.

Ressalvando regularmente que a empresa tem crescido e contratado, João Bento explicou ainda que, "ao contrário de todos os outros serviços públicos em Portugal", o serviço público de correio é inteiramente pago pelos seus clientes, lembrando que estes preços, sendo "baixos" e o "único mecanismo de financiamento", seria importante que pudessem compensar a queda de serviço. "A alternativa que a maior parte dos países seguiu foi cofinanciar o serviço público, coisa que ainda estamos em condições de conseguir evitar", disse ainda.

Quanto às reclamações, o presidente foi perentório: a situação existe mas está a ser endereçada, garantiu. "Temos muitas reclamações, temos mais reclamações do que as que gostaríamos de ter, mas estamos a fazer muitas coisas, a melhorar", frisou. João Bento garantiu que a grande maioria das reclamações incide nas encomendas e sobretudo no seu processo de desalfandegamento "que é protagonizado pelos CTT em cima de um guião que vem da Autoridade Tributária", disse, lembrando que este processo em Portugal é "mais complexo do que na maioria dos países".

O presidente alertou mesmo para uma possível perda de serviços devido a esta situação, e para exemplificar explicou que ao fazermos ou recebermos uma encomenda de fonte extracomunitária, que venha com informação insuficiente, temos de ir a um portal resolver a questão; e se a informação eletrónica declara que a encomenda vem num certo voo e no aeroporto de origem o voo mudar, a Autoridade Tributária não permite que a encomenda seja liberada até se corrigir o voo e ainda confirmar a informação.

 

Questionado novamente por vários deputados sobre o tema, João Bento falou ainda de um quadro de indicadores de qualidade muito rigoroso e reiterou que, para a situação melhorar, a empresa tem "investido em pessoas, em sistemas, em ferramentas, que permitem acompanhar melhor o que está a acontecer e corrigir", mas "temos dificuldades maiores do que alguma vez foram", a agravar pela pandemia e pela dificuldade de contratação em férias.

"Temos tido, em média, durante o verão, mais de 100 vagas por preencher" frisou, adiantando que apenas no relatório diário desta terça-feira se verificou uma descida deste número para abaixo das 80.


Noutras notas surgidas no decorrer da audição parlamentar, João Bento lembrou ainda que entre 2019 e 2021, apesar da queda dos proveitos do correio e da respetiva margem do lucro da empresa ter ficado nos 17%, foi possível aumentar as receitas e o número de trabalhadores. Mais tarde, destacou que a empresa apostou na abertura voluntária de lojas em todas as sedes de concelho, existindo agora 570 lojas CTT em Portugal.

Além disso, num documento de suporte à audição parlamentar partilhado pela empresa com os jornalistas e os deputados, é revelado que, "desconsiderando as reclamações relativas ao desalfandegamento, as reclamações diminuíram em 2021 e 2022, sendo que as reclamações por desalfandegamento aumentaram muito o seu peso tendo os CTT sido capazes de o reduzir no último trimestre".

Também é reiterado que os CTT investiram 146 milhões de euros desde 2018 e pretendem aumentar o investimento nos próximos anos para uma média anual superior, de 40 a 45 milhões, totalizando 160 a 180 milhões no período até 2025.

Lê-se ainda que estes montantes serão direcionados sobretudo para reforçar a qualidade de serviço, no "aumento de capacidade operacional" desenvolvimento de rede de cacifos, bem como os "desenvolvimentos de IT para melhorar a experiência de cliente e eficiência".

Recorde-se que, segundo os dados mais recentes da Anacom – Autoridade Nacional das Comunicações, divulgados no passado dia 1 de setembro, no que diz respeito aos serviços postais, "os CTT continuam responsáveis pela esmagadora maioria das reclamações registadas pela Anacom no 2.º trimestre de 2022, com 91%".  No universo das reclamações contra os Correios de Portugal, a falta de tentativa de entrega no domicílio foi o motivo mais mencionado, explicou a Anacom.


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