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Rácios de capital limitam potencial de crescimento do BCP

O BCP tem um «grande potencial» de crescimento, mas a sua actividade está limitada pela fragilidade dos rácios de capital e pelo atraso na venda da unidade de seguros, uma delonga que começa a por em causa a credibilidade da gestão de Jardim Gonçalves, di

18 de Fevereiro de 2004 às 08:05
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O BCP tem um «grande potencial» de crescimento, mas a sua actividade está limitada pela fragilidade dos rácios de capital e pelo atraso na venda da unidade de seguros, uma delonga que começa a por em causa a credibilidade da gestão de Jardim Gonçalves, diz o Santander num estudo em que baixou a recomendação do banco para «manter».

Os resultados líquidos deverão crescer dos 438,1 milhões de euros em 2003 para os 599,1 milhões de euros em 2006 -considerando a consolidação integral do Bank Millennium na Polónia (o BCP detém 50%)- valores que traduzem um crescimento anual dos lucros a uma taxa de 11%.

No entanto, defende o analista Manuel Preto - que anteriormente defendia a «compra» das acções do BCP - esta evolução deverá resultar mais de uma recuperação da economia portuguesa do que propriamente da estratégia definida pelo banco.

Além disso, os lucros previstos permitirão apenas um reforço «limitado» dos capitais próprios, uma vez que os mesmos terão que ser canalizados para o provisionamento do malparado e para a amortização de perdas registadas pelo fundo de pensões, defende a mesma fonte.

«Consideramos que o BCP não conseguirá gerar uma quantidade significativa de capital através dos resultados nos próximos dois anos, dadas as perdas substanciais que precisam de ser contabilizadas contra a solvência, devido a menos valias e à amortização de ‘goodwill’», afirma o Santander.

Venda da Seguros & Pensões e redução de custos são essenciais

A alienação de activos não estratégicos - nomeadamente da Seguros & Pensões - e a redução de custos, deverão tornar-se, por isso, numa prioridade para o BCP, que conta com um rácio de capital base nos 3,2%, segundo os cálculos do Santander, um valor «bem abaixo dos 5% oficialmente anunciados pelo BCP».

«A venda de activos não estratégicos pode fazer toda a diferença, libertando capital e potencialmente gerando mais valias que poderiam ser usadas para compensar o efeito das provisões e amortizações», ressalva o analista.

O banco deverá apostar, também, na redução de custos para atingir o seu potencial, uma vez que o seu rácio de eficiência – que mede a percentagem dos custos sobre os proveitos – se encontrava nos 62,5% no final de 2003, o que constitui o segundo valor mais alto dos cinco maiores bancos nacionais.

A extinção e fusão das várias marcas comerciais do BCP – Nova Rede, SottoMayor, Mello e BCP – sob a designação única de Millennium bcp, poderiam igualmente abrir as portas para algumas poupanças, com a eliminação de balcões e uma consequente redução de pessoal.

Apesar de uma medida desta natureza «fazer sentido», os custos imediatos associados impedem que esta «seja uma opção (válida), a menos que a mesma fosse financiada por um aumento de capital», argumento Manuel Preto.

Segundo a mesma fonte, acresce ainda o facto da gestão do BCP ter tido um «sucesso limitado nas tentativas de redução de custos que se seguiram às aquisições do Banco Mello e do Banco Pinto & Sotto Mayor.

Preço alvo aumenta em 10,53%

O preço alvo para os títulos do BCP foi aumentado em 10,53% porque, apesar das limitações acima referidas, a venda da Seguros & Pensões pode ocorrer a qualquer momento e os «fortes resultados» do último trimestre de 2003 evitaram uma queda, em termos absolutos, dos lucros anuais.

O novo preço de referência a 12 meses subiu dos 1,90 euros para os 2,10 euros por acção, o que incorpora um potencial de valorização de 16,7% face à cotação do banco no dia em que o estudo foi realizado, ou seja, a 16 de Fevereiro, nos 1,80 euros.

Paralelamente, a concretização efectiva de uma parceria para o mercado internacional entre o BCP e a Caixa Geral de Depósitos, cuja discussão foi recentemente admitida por ambos os líderes das instituições, poderia diluir os custos do banco de Jardim Gonçalves na Polónia, ao mesmo tempo que daria uma maior dimensão externa ao banco estatal.

Estas medidas «permitiriam ao banco aumentar as suas opções estratégicas em termos de crescimento do crédito concedido ou de redução de custos», salienta Manuel Preto.

As acções do BCP seguiam nos 1,96 euros, a subir 0,51%.

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