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"Se subisse 2,5% já seria uma boa estreia"
A Biopremier estreou-se hoje em bolsa. Apesar do contexto, Manuel Rodrigues, co-fundador da empresa de biotecnologia, diz que não se assustou, e avançou para a dispersão do capital em Frankfurt. "Se subisse 2,5% já seria uma boa subida para a estreia", diz em entrevista ao Negócios.
Manuel Rodrigues e Mário Gadanho, co-fundadores da Biopremier |
A decisão tem alguns meses. Menos de um ano. Teve a ver com o facto de considerarmos que estar na bolsa traria vantagens em termos da obtenção de financiamento e da celeridade desse processo. E também porque se torna mais fácil a entrada de investidores do que sendo uma empresa privada.
E porque é que escolheu a Alemanha para a entrada no mercado de capitais?
Por várias razões. É um mercado que está direccionado para empresas de menor dimensão, o que não acontece com a bolsa de Lisboa. Depois, também porque é um país importante da União Europeia, que nos dá maior visibilidade no exterior. A existência de clientes que são empresas Alemãs e uma estrutura accionista com uma posição significativa de investidores internacionais, nomeadamente Alemães, foram factores de ponderação que direccionaram a decisão de apostar na Bolsa de Valores em Frankfurt.
Têm uma posição relevante. Pouco menos de 50%.
Porque não procuraram o Alternext, da Euronext, destinado a empresas de menor dimensão?
Não havia o enquadramento entre a empresa e os requisitos de entrada para que o Alternext está direccionado.
É mais barato estar cotado na Alemanha do que no Alternext?
O preço não foi a razão crítica para a escolha do mercado alemão. Não cheguei sequer a estudar essa questão. Não pesou na decisão de ir para fora. O investimento para estarmos cotados é maior do que o mínimo necessário, porque decidimos tornar a operação o mais transparente possível para os nossos investidores e com um fornecimento de serviços de qualidade que os apoiam durante toda a fase de investimento.
E o contexto actual não o fez pensar duas vezes antes de avançar com a operação de dispersão do capital?
O facto de estarmos nesta conjuntura não me assustou. Os investidores vão ter sempre a noção de que a empresa está a crescer. Temos confiança de que isso vai continuar a acontecer.
Mas em nada alterou os planos para a estreia?
Não. Influenciou um pouco o crescimento da facturação nos últimos anos, dado que esta se baseava essencialmente no mercado nacional.
Como é que será feita a operação de admissão? Através de um aumento de capital?
Nós já tínhamos feito um aumento de capital em que quase duplicamos o capital social. Ou seja, os actuais accionistas já pagaram por essas acções. A entrada não é feita com um novo aumento de capital. No próximo ano poderá haver uma nova operação do género, de acordo com os objectivos já traçados pela empresa.
Que percentagem estará na bolsa, disponível para negociação?
Vão estar quase todas as acções disponíveis, excepto algumas que estão bloqueadas por um período de um ano, e que pertencem aos administradores. É uma forma de darmos demonstrarmos aos nossos accionistas que confiamos na empresa. No total, estará pouco menos de 90% do capital social transacionável na bolsa.
Qual será o valor de referência das acções para a estreia?
Vai ser de quatro euros cada. A empresa fica avaliada a pouco menos de quatro milhões de euros.
O que seria para si um bom primeiro dia em bolsa?
As flutuações de curto prazo não têm a ver com a realidade da empresa. A médio/longo prazo acredito que as acções vão subir. Nos primeiros dias também acredito que subam, fruto de uma maior procura.
Uma valorização de 10% era boa?
Mesmo que subisse 2,5% já seria uma boa subida para a estreia, dado que aquilo que nos interessa principalmente é que haja a médio/longo prazo uma correspondência entre os sucessos da empresa e a valorização das acções.