“É gente muito boa, que fez uma óptima gestão mas saiu derrotada”. Foi assim que Marcelo Rebelo de Sousa avaliou o comportamento do conselho de administração da Portugal Telecom (PT), em resposta à oferta da Telefónica para comprar 50% da Vivo.

Na sua análise semanal na TVI, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que a administração fez tudo “certinho” até à assembleia-geral (AG), mas que depois sofreu uma derrota em toda a linha. Primeiro porque o Governo interferiu, depois porque os accionistas privados portugueses fizeram “uma coisa diferente” daquilo que se pensava”, e terceiro porque houve administradores da PT que terão negociado com a Telefónica.

Marcelo Rebelo de Sousa comparou o resultado do AG ao futebol, considerando que “Portugal fez de Coreia do Norte e a Espanha de Portugal”. Ou seja, os portugueses (Governo, administração e accionistas) sofreram uma derrota expressiva, tendo a Telefónica emergido como a vencedora. “A vitória das vitórias” da operadora espanhola e do seu presidente, César Alierta “foi os portugueses a venderem e a negociar nas costas do Governo”. “Primeiro perdeu Portugal pela forma como foi tratado”, ao ponto da Telefónica “não se ter dado ao trabalho de falar com o Governo português”.

A apreciação de Marcelo Rebelo de Sousa foi também crítica em relação aos accionistas nacionais que acabaram por aceitar a proposta da Telefónica. “Os privados tiveram medo de ganhar esta AG”. Além disso, como sublinhou, falam muito dos centros de decisão nacionais “até ser preciso vender”. “Da cabeça dos portugueses ninguém vai tirar a ideia de que foram derrotados”, conclui.

Curiosamente, a avaliação de Marcelo Rebelo de Sousa dá como consumada a venda dos 50% que a PT tem na brasileira Vivo, apesar do veto do Governo ter, para já, travado o negócio com a Telefónica aprovado por 74% dos acccionistas.