Os accionistas da Portugal Telecom (PT) vão aprovar hoje, em assembleia geral, que lhes sejam entregues as 180,6 milhões de acções da PT Multimedia detidas pela PT - equivalentes a 58,43% do capital da Multimedia.

O mercado avaliava ontem esta posição em 2,187 mil milhões de euros, já que cada acção da empresa ainda presidida por Zeinal Bava fechou a sessão a valer 12,11 euros. Henrique Granadeiro, presidente da PT, prometeu oferecer a Multimédia a "custo zero" aos accionistas caso estes rejeitassem a OPA (oferta pública de aquisição) da Sonaecom, e agora chegou a hora de cumprir a promessa.

Esta promessa, além do valor da participação em si, também vai custar à PT mais de 663 milhões de euros em receitas operacionais, 211 milhões de euros de EBITDA - resultado operacional mais amortizações - e 8,6% dos lucros que a operadora registou em 2006. Além disso, a PT está ainda a abdicar do único negócio que registou francas melhorias no ano passado.

Em 2006, e entre os principais negócios da PT, - rede fixa, TMN, Vivo e PT Multimedia - só esta última registou crescimentos ao nível do EBITDA, com mais 8,3% do que o registado em 2005. Os três restantes negócios mencionados viram este indicador cair mais de 2% em 2006, sendo que nas comunicações fixas, o EBITDA caiu 5%. Olhando ao nível das receitas operacionais, o cenário é quase idêntico.

A rede fixa e a TMN viram as receitas recuarem 6,8% e 2,1%, respectivamente, enquanto que a PT Multimedia encaixou mais 5,8%. A Vivo também registou um comportamento positivo, com mais 3,3%.

PT perde 1,8 milhões de clientes

No final do ano passado, e considerando apenas o negócio em Portugal, a PT Multimedia era responsável por 16,6% das receitas conseguidas pelo grupo de Granadeiro, 11% do EBITDA, 6% do "cash flow" gerado e 15,4% dos clientes da PT.

Entre clientes da Netcabo e da TV Cabo, a PT Multimedia contava no final de Dezembro último com 1,842 milhões de subscritores dos seus serviços. Em termos totais (ver números em cima), a saída da PT Multimédia da esfera de consolidação do Grupo PT irá igualmente "sair caro" às contas da empresa de Henrique Granadeiro.

Por outro lado, e ao nível dos custos, sem a Multimedia a PT irá "perder" 11,5% dos custos operacionais. Além desta "poupança", também os gastos da operadora portuguesa com investimentos - capex - deverão recuar mais de 13%, já que a PTM foi responsável por 132,8 milhões, dos mil milhões de euros investidos pelo Grupo PT em 2006.

A AG inicia-se às 14h. A reunião magna irá aprovar também o relatório e contas de 2006 da empresa.