Notícia
Preço do leite ao produtor sobe mas é dos mais baixos na Europa
O preço do leite e de alguns derivados pago ao produtor tem subido, desde o início do ano, em Portugal, mas continua a ser um dos mais baixos da União Europeia, segundo dados do GPP e de Bruxelas.
25 de Junho de 2022 às 10:13
Em janeiro, no continente, o preço do leite comprado a produtores individuais era de 0,356 euros por litro, abaixo dos 0,405 euros registados em abril, segundo dados do Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral (GPP).
O valor do leite adquirido a postos de receção e salas coletivas de ordenha ascendeu a 0,368 euros por litro em abril, quando no primeiro mês do ano estava em 0,338 euros.
Nos Açores também se verificou a mesma tendência, com o preço pago aos produtores individuais (que possuem tanque na refrigeração na exploração e com transporte a cargo da fábrica) a passar de 0,317 euros por litro em janeiro para 0,333 euros em abril.
Já no que se refere ao leite adquirido a produtores individuais, que entregam em postos de receção, com o transporte a cargo do produtor, o valor passou de 0,299 euros por litro em janeiro para 0,317 euros por litro em abril.
No período em causa, o preço médio do leite biológico à produção foi de 0,533 euros por litro em abril, quando, em janeiro, estava nos 0,520 euros.
O preço médio do leite em pó (à saída da fábrica) é apresentado à semana, variando consoante a subcategoria -- desnatado, inteiro ou soro.
Desde janeiro e até junho, considerando o leite em pó desnatado, o valor mais elevado verificou-se na semana de 07 de março, com 393,09 euros por 100 quilogramas (kg), enquanto o valor mais baixo (277,09 euros) foi apurado na semana de 10 de janeiro.
O preço do leite inteiro, por seu turno, atingiu, neste período, um máximo de 468,96 euros por 100 kg na semana de 09 de maio e um mínimo de 287,69 euros por 100 kg na semana de 10 de janeiro, considerando os dados disponibilizados pelo GPP.
O valor do soro oscilou entre os 85,48 euros por 100 kg (semana de 03 de janeiro) e os 124,39 euros por 100 kg (semana de 09 de maio).
Por sua vez, o preço da manteiga à saída da fábrica, que também é apresentado à semana, teve vários avanços e recuos, estando, em 06 de junho, nos 701,84 euros por 100 kg.
Tendo em conta o período apresentado, o valor mais baixo registou-se na semana de 17 de janeiro (453,40 euros por 100 kg).
Nos primeiros quatro meses deste ano, o preço do queijo flamengo à saída da fábrica, em bola ou em barra, passou de 463,19 euros por 100 kg para 504,67 euros.
O GPP ressalva que, a partir de março de 2016, há uma quebra de série, por isso, passaram a ser comunicados os preços reais de venda, em vez dos preços de tabela.
Dados da Comissão Europeia revelam que o preço de leite de vaca cru atingiu, em Portugal, os 37,85 euros por 100 kg em maio, o valor mais alto, desde junho de 2008.
Porém, esse valor é o segundo mais baixo da União Europeia, apenas acima da Eslováquia (37,83 euros).
Em maio, o preço mais elevado foi registado em Malta (62,41 euros).
Destacam-se ainda o Chipre (57,68 euros), Bélgica (57,23 euros), Irlanda (52,84 euros), Países Baixos (52,50 euros) e a Dinamarca (50,94 euros).
Nos primeiros quatro meses do ano, Portugal apresentou mesmo o valor mais baixo entre todos os Estados-membros, enquanto Malta esteve sempre a liderar, apresentando valores acima de 61 euros.
Os dados da Comissão Europeia não apresentam o valor pago no Luxemburgo, que é classificado como confidencial.
Entre 1996 e até maio de 2022, Portugal atingiu o valor mais elevado (39,40 euros) em novembro de 2007, tendo-se prolongado até janeiro de 2008.
Vacarias arriscam fechar
O preço do leite à produção e a subida dos custos está a levar as vacarias a encerrar, podendo haver escassez deste produto, alertou a Aprolep, vincando que, quando a distribuição "acordar", poderá já ser tarde.
"Há vacarias de grande dimensão que já fecharam e muitos produtores estão a [pensar] se fecham ou se reduzem a produção. Temos situações de produtores com água limitada por causa do regadio e outros compram silagem de milho, que está muito mais cara. Se não tiverem um preço que lhes permita pagar as despesas, a única solução é reduzir as compras e a produção", apontou o secretário-geral da Associação dos Produtores de Leite de Portugal (Aprolep), Carlos Neves, em declarações à Lusa.
O encerramento de vacarias e a redução da produção só não é maior porque quem fez projetos de investimento tem que se manter na atividade durante cinco anos, indicou este responsável, notando que os produtores que se aproximam da reforma ou que têm outras atividades deixam este trabalho.
"Tenho conhecimento de vacarias que vão fechar e ser substituídas por projetos de produção de amêndoas", exemplificou.
Segundo a Aprolep, esta não é uma situação recente, uma vez que já há cerca de 30 anos os pequenos produtores abandonavam a atividade, uma vez que não eram competitivos ou rentáveis.
Neste momento, com os baixos preços pagos à produção e a subida dos custos, as grandes vacarias também já estão a encerrar, podendo haver escassez de leite em Portugal.
"Receio que, quando a indústria e a distribuição acordarem, já seja tarde. Quem abandona a produção não volta a meter vacas. Não é como plantar batatas, que podemos deixar a terra em pousio e, no ano seguinte, voltamos a produzir. Quem deixa as vacas não volta", sublinhou Carlos Neves.
Segundo a Aprolep, os produtores estão assim desiludidos e apreensivos com o futuro da produção de leite em Portugal.
"Desilusão porque vemos que, na Europa, o leite está a ser valorizado e em Portugal não. Um país que estava na média ou ligeiramente aproximado e está há 12 anos abaixo da média [...]. Fomos ultrapassados pelos países do Leste, com um nível de vida inferior ao nosso", destacou.
Em muitas vacarias de Portugal, o preço de produção ronda os 50 cêntimos, estando, atualmente, os produtores a perder "muito dinheiro", mostrando-se "apreensivos face aos próximos meses".
Perante este cenário, a Aprolep enviou dois pedidos de reunião à ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, e um à comissão parlamentar de Agricultura, mas, até ao momento, não obteve a resposta.
No dia 01 de julho, os produtores vão reunir-se em Alcobaça, distrito de Leiria, para discutir, entre outras temáticas, este problema.
O valor do leite adquirido a postos de receção e salas coletivas de ordenha ascendeu a 0,368 euros por litro em abril, quando no primeiro mês do ano estava em 0,338 euros.
Já no que se refere ao leite adquirido a produtores individuais, que entregam em postos de receção, com o transporte a cargo do produtor, o valor passou de 0,299 euros por litro em janeiro para 0,317 euros por litro em abril.
No período em causa, o preço médio do leite biológico à produção foi de 0,533 euros por litro em abril, quando, em janeiro, estava nos 0,520 euros.
O preço médio do leite em pó (à saída da fábrica) é apresentado à semana, variando consoante a subcategoria -- desnatado, inteiro ou soro.
Desde janeiro e até junho, considerando o leite em pó desnatado, o valor mais elevado verificou-se na semana de 07 de março, com 393,09 euros por 100 quilogramas (kg), enquanto o valor mais baixo (277,09 euros) foi apurado na semana de 10 de janeiro.
O preço do leite inteiro, por seu turno, atingiu, neste período, um máximo de 468,96 euros por 100 kg na semana de 09 de maio e um mínimo de 287,69 euros por 100 kg na semana de 10 de janeiro, considerando os dados disponibilizados pelo GPP.
O valor do soro oscilou entre os 85,48 euros por 100 kg (semana de 03 de janeiro) e os 124,39 euros por 100 kg (semana de 09 de maio).
Por sua vez, o preço da manteiga à saída da fábrica, que também é apresentado à semana, teve vários avanços e recuos, estando, em 06 de junho, nos 701,84 euros por 100 kg.
Tendo em conta o período apresentado, o valor mais baixo registou-se na semana de 17 de janeiro (453,40 euros por 100 kg).
Nos primeiros quatro meses deste ano, o preço do queijo flamengo à saída da fábrica, em bola ou em barra, passou de 463,19 euros por 100 kg para 504,67 euros.
O GPP ressalva que, a partir de março de 2016, há uma quebra de série, por isso, passaram a ser comunicados os preços reais de venda, em vez dos preços de tabela.
Dados da Comissão Europeia revelam que o preço de leite de vaca cru atingiu, em Portugal, os 37,85 euros por 100 kg em maio, o valor mais alto, desde junho de 2008.
Porém, esse valor é o segundo mais baixo da União Europeia, apenas acima da Eslováquia (37,83 euros).
Em maio, o preço mais elevado foi registado em Malta (62,41 euros).
Destacam-se ainda o Chipre (57,68 euros), Bélgica (57,23 euros), Irlanda (52,84 euros), Países Baixos (52,50 euros) e a Dinamarca (50,94 euros).
Nos primeiros quatro meses do ano, Portugal apresentou mesmo o valor mais baixo entre todos os Estados-membros, enquanto Malta esteve sempre a liderar, apresentando valores acima de 61 euros.
Os dados da Comissão Europeia não apresentam o valor pago no Luxemburgo, que é classificado como confidencial.
Entre 1996 e até maio de 2022, Portugal atingiu o valor mais elevado (39,40 euros) em novembro de 2007, tendo-se prolongado até janeiro de 2008.
Vacarias arriscam fechar
O preço do leite à produção e a subida dos custos está a levar as vacarias a encerrar, podendo haver escassez deste produto, alertou a Aprolep, vincando que, quando a distribuição "acordar", poderá já ser tarde.
"Há vacarias de grande dimensão que já fecharam e muitos produtores estão a [pensar] se fecham ou se reduzem a produção. Temos situações de produtores com água limitada por causa do regadio e outros compram silagem de milho, que está muito mais cara. Se não tiverem um preço que lhes permita pagar as despesas, a única solução é reduzir as compras e a produção", apontou o secretário-geral da Associação dos Produtores de Leite de Portugal (Aprolep), Carlos Neves, em declarações à Lusa.
O encerramento de vacarias e a redução da produção só não é maior porque quem fez projetos de investimento tem que se manter na atividade durante cinco anos, indicou este responsável, notando que os produtores que se aproximam da reforma ou que têm outras atividades deixam este trabalho.
"Tenho conhecimento de vacarias que vão fechar e ser substituídas por projetos de produção de amêndoas", exemplificou.
Segundo a Aprolep, esta não é uma situação recente, uma vez que já há cerca de 30 anos os pequenos produtores abandonavam a atividade, uma vez que não eram competitivos ou rentáveis.
Neste momento, com os baixos preços pagos à produção e a subida dos custos, as grandes vacarias também já estão a encerrar, podendo haver escassez de leite em Portugal.
"Receio que, quando a indústria e a distribuição acordarem, já seja tarde. Quem abandona a produção não volta a meter vacas. Não é como plantar batatas, que podemos deixar a terra em pousio e, no ano seguinte, voltamos a produzir. Quem deixa as vacas não volta", sublinhou Carlos Neves.
Segundo a Aprolep, os produtores estão assim desiludidos e apreensivos com o futuro da produção de leite em Portugal.
"Desilusão porque vemos que, na Europa, o leite está a ser valorizado e em Portugal não. Um país que estava na média ou ligeiramente aproximado e está há 12 anos abaixo da média [...]. Fomos ultrapassados pelos países do Leste, com um nível de vida inferior ao nosso", destacou.
Em muitas vacarias de Portugal, o preço de produção ronda os 50 cêntimos, estando, atualmente, os produtores a perder "muito dinheiro", mostrando-se "apreensivos face aos próximos meses".
Perante este cenário, a Aprolep enviou dois pedidos de reunião à ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, e um à comissão parlamentar de Agricultura, mas, até ao momento, não obteve a resposta.
No dia 01 de julho, os produtores vão reunir-se em Alcobaça, distrito de Leiria, para discutir, entre outras temáticas, este problema.