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Posição geográfica de Portugal pode colocá-lo como hub do “reshoring” da Europa

Depois de anos marcados por interrupções das cadeias de abastecimento, primeiro devido à pandemia e, agora, devido à guerra, as empresas procuram relocalizar os postos de produção nos países de origem ou em locais mais próximos. Território português pode beneficiar desta tendência, afirma estudo da JLL.

Miguel Baltazar
08 de Dezembro de 2022 às 18:00
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Depois da pandemia e, posteriormente, da invasão russa da Ucrânia, que levaram a uma interrupção das cadeias de abastecimento, muitas empresas estão a relocalizar os seus postos de produção nos países de origem ou em locais mais próximos, o chamado "reshoring" e "nearshoring", respetivamente, de forma a protegerem os seus stocks. Este processo, aponta o estudo "Supply Chain Disruptions", da JLL, poderá beneficiar Portugal, devido o posicionamento geográfico do país entre a Europa e os Estados Unidos. 


"As empresas europeias procuram na região da EMEA (Europa, o Médio Oriente e África) uma alternativa à produção e abastecimento na Ucrânia e na Ásia, após meses de interrupção da cadeia de abastecimento", salienta o estudo da empresa de serviços profissionais especializada em imobiliário e gestão de investimento, destacando que muitas organizações dos setores do retalho e manufatura já decidiram realocar parte ou totalidade da sua produção. 

Neste momento, segundo os dados internos da JLL, os novos beneficiários europeus do reshoring são a Europa Central e a Roménia, sendo que a empresa antecipa que "a escassez de terrenos e de mão-de-obra contribuirão para o aumento da procura na Europa Central, do mercado primário até ao secundário e terciário". 

"Dados do Flexport mostram que uma viagem média de contentores da Ásia para a Europa quase duplicou desde 2019, enquanto a investigação da Buck Consultantes International (BCI) confirma o mesmo que a JLL: mais de 60% das empresas americanas e europeias estão a planear alocar parte da produção de volta ao país de origem", acrescenta o estudo, que aponta que as mercadorias circularão, sobretudo, ao longo da tradicional Dorsal Europeia, do centro de Inglaterra ao norte de Itália, e da ligação de Budapeste ao Mar Negro.

A justificar esta alteração, explica Marlene Tavares, Head of Retail & Logistics Investment da JLL, está a recente conjuntura e os novos hábitos de consumo. "Neste contexto, Portugal apresenta vantagens competitivas, relacionadas com o seu posicionamento estratégico e demografia muito aliciantes, que nos colocam numa posição de destaque na estratégia europeia de "nearshoring" [quando as operações são transferidas para um país próximo ao de origem, por oposição ao "offshoring"]", defende.

Uma visão que é também partilhada por Mariana Rosa, Head of Leasing Markets Advisory da JLL, que acrescenta que o estudo mostra que as "perturbações na cadeia de abastecimento são uma tendência que se manterá".

É neste contexto que o mercado português pode vir a sair beneficiado, "uma vez que dispõe de um posicionamento geográfico estratégico na ligação entre o continente europeu e o continente americano".

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