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Portugal tem potencial para "substituir cerca de 60% do consumo de gás natural com biometano"
O objetivo é acelerar a produção de biometano em Portugal e, para tal, é assinado esta sexta-feira um acordo entre a Floene e a GRDF, as maiores operadoras da rede de distribuição de gás em Portugal e França.
A Floene e a GRDF, as maiores operadoras da rede de distribuição de gás em Portugal e França, vão reforçar a parceria estratégica para o desenvolvimento de gases renováveis, um passo que pode acelerar a produção de biometano em Portugal.
Em entrevista ao programa do Negócios no canal NOW, Gabriel Sousa, presidente executivo da Floene, explica que a empresa pretende seguir o bom exemplo francês. "A GRDF tem sido um dos melhores exemplos no desenvolvimento de uma solução de energia que dá ao espaço europeu uma maior independência, maior segurança energética, conseguindo desenvolver com recursos endógenos uma energia verde", afirma.
Para esse sucesso tem contribuído o "desenvolvimento de um avultado número de projetos de produção de biometano, a sua injeção na rede de gás e depois a sua distribuição, seja para as indústrias, seja para as famílias. O sucesso que nós identificamos em França decorre muito de um enquadramento legal e regulatório que apoia, fomenta este desenvolvimento. É isso que nós queremos, enfim, partilhar, desenvolver em conjunto com a GRDF, perceber quais são os melhores mecanismos de incentivos de quadro legal e regulatório que permitam alcançar esse sucesso".
A Floene tem vindo a fazer um trabalho detalhado de levantamento do potencial de produção e Gabriel Sousa revela que, num estudo desenvolvido pela Roland Berger, "foi possível identificar que Portugal pode ambicionar substituir , tem potencial para substituir cerca de 60% da sua produção, do seu consumo de gás natural com biometano".
"É um valor assinalável quando olhamos para a possibilidade de reduzir importações e assinalável também quando olhamos para a possibilidade de valorizar resíduos nos outros setores da nossa sociedade. Mais uma vez, segurança energética para o nosso país, redução de emissões, coesão territorial, porque são projetos que serão desenvolvidos nas diversas regiões do país, de Norte a Sul", reforça.
Atulmente, em Portugal, existe um plano de ação para o biometano, que tem uma meta de chegar até 2030 com 10% de gás natural substituído por biometano. O líder da Floene avisa que "para alcançarmos essa meta temos de ser muito rápidos a fazer os ajustes que é necessário fazer, ajustes essencialmente de cariz legal e de cariz regulatório".
Gabriel Sousa acredita que olhar para o que já foi feito lá fora ajuda o país a recuperar tempo e "fazer aquilo que outros países demoraram 6, 7 anos em pouco mais de um ano".
"Naturalmente é muito importante uma aposta clara do setor da energia, que é também uma aposta clara do setor agropecuário ou do setor dos resíduos. Portanto, é crucial fazer aqui um alinhamento entre setores diversos da sociedade para conseguirmos construir esta solução", reforça o presidente executivo da Floene.