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Paulo Portas e António Saraiva chocam na visão do País

Um país, duas realidades. Perante uma plateia de investidores alemães, Paulo Portas e António Saraiva falaram sobre investimento, desemprego e condições conjunturais da economia portuguesa. Mas discordaram em quase tudo.

Pedro Elias/Negócios
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Durante a conferência 60 anos de Conectividade, organizada pela Câmara de Comércio Luso Alemã, Paulo Portas foi o primeiro a entrar em palco. Elogiou o esforço dos portugueses na redução do défice orçamental e defendeu que os sinais da economia real são cada vez melhores, dando como exemplo os índices de conjuntura económica e os indicadores de propensão à actividade económica, que atingiram máximos dos últimos 14 anos.

 

Portas falou ainda da taxa de desemprego para sublinhar que esta "está a descer lentamente mas consistentemente". Em seguida, Paulo Portas apresentou os números do peso das exportações do PIB que passaram no período da acção governativa do Executivo do PSD/CDS de 28% para 41%.

 

Por fim, Portas apresentou o dado que considera ser a cereja no topo do bolo: "Há um ano por cada empresa que abria fechavam duas. Agora por cada uma que fecha abrem duas".

 

Seguiu-se a entrada do líder da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP) e o discurso foi radicalmente diferente. António Saraiva começou por criticar as diferenças de acesso ao crédito, que constituem um bloqueio para as empresas portuguesas e contribuem para a destruição da concorrência no mercado.

 

Em relação ao regresso do investimento, Saraiva catalogou-o de tímido. O patrão dos patrões alertou para o risco de deflação e para os elevados níveis de endividamento que o País apresenta.

 

Em relação à taxa de desemprego, Saraiva disse que Portugal está longe de ter um crescimento que permita atingir taxas de desemprego socialmente aceitáveis.

 

Para o líder da CIP, a melhoria da competitividade das empresas portuguesas só será alcançada através de uma solução europeia. E foi neste ponto que Saraiva foi mais crítico. Para este dirigente associativo, a Europa não pode continuar a insistir que a solução para a crise passa apenas pela acção sobre os países deficitários porque isso tem impactos recessivos. Saraiva defendeu que têm que ser os países com excedentes – numa alusão à Alemanha – a estimular a procura interna. 

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