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Paulo Fernandes pede reabertura da economia e avisa que virá “fatura muito elevada para pagar”
O CEO da Altri considera ser preciso “pensar em abrir rapidamente a economia” e antecipa desde já que a austeridade vai regressar: “Vai haver fatura muito elevada para pagar”. Além de confirmar que a Altri pagará dividendos, o também líder da Cofina critica pacote de apoio aos media anunciado pelo Governo, que considera manifestamente insuficiente.
Paulo Fernandes não tem dúvidas de que os tempos vindouros serão difíceis e que será inevitável austeridade, pelo que o presidente da Altri pede que se pense o quanto antes na reabertura da economia.
À saída do encontro com o Presidente da República, o também líder da Cofina (dona de títulos como o Negócios e o Correio da Manhã) confirmou que a Altri vai distribuir dividendos relativos a 2019 e considerou insuficiente os apoios anunciados pelo Governo à comunicação social.
Após garantir que a Altri continua a produzir a 100%, desde logo porque exporta 90% da produção, Paulo Fernandes defendeu que "tem que se começar a pensar em abrir rapidamente a economia porque o país não vai conseguir pagar facilmente os custos deste fecho".
"Não podemos pensar só na cura, há outros valores que também devem ser tidos em conta", prosseguiu o líder da Altri para quem "quanto mais cedo começarmos o processo de abertura mais rápido caminharemos para a normalização".
De seguida, o administrador da produtora de pasta de papel assegurou que o tempo de apertar o cinto chegará em breve: "Todos sabemos que quem vai pagar a crise são os portugueses".
"Quando se tomam estas medidas devia-se dizer quanto será o imposto Covid para as pessoas singulares e qual vai será a taxa Covid para as empresas", prosseguiu sustentando que o Governo devia assumir que "vai haver custos", até porque, nesta fase, já "ninguém tem dúvidas de que vai haver uma fatura muito elevada para pagar", frisou.
Numa altura em que várias cotadas decidiram não distribuir dividendos relativos ao exercício financeiro do ano passado, Paulo Fernandes deu garantias de que "a Altri vai fazer distribuição de dividendos porque, no ano passado, teve um ano muitíssimo bom".
Ainda assim, será apenas "metade do dividendo" pago pela Altri em 2019 aos acionistas "porque as condições obviamente exigem mais cautela". A administração da Altri vai propor à assembleia geral de 30 de abrir o pagamento de uma remuneração acionista de 30 cêntimos brutos.
Cofina "aguenta situação por solidariedade"
Num dia em que Marcelo Rebelo de Sousa se reuniu por videoconferência com a presidente da Gaalp, Paula Amorim, e apesar de Paulo Fernandes ter estado a Belém enquanto CEO da Altri, o também líder da Cofina aproveitou por lamentar a insuficiência dos apoios aos media anunciados, na passada sexta-feira, pelo Governo.
"O pacote definido pelo Governo é absolutamente insuficiente" e uma "gota de água", disse notando que "há receitas que, neste momento, podem ter quebra média de para aí 50%".
No entanto, Paulo Fernandes sublinhou que ainda "não está bem definido" o princípio através do qual serão distribuídos apoios à comunicação social, sendo que o líder da Cofina espera que "haja também auxílio à circulação impressa, porque essa é a que tem uma quebra maior", dado não perder apenas publicidade mas também receitas de vendas em banca.
Como tal, defende que "o valor devia ser revisto em alta porque, na prática, não nos estão a dar nada, estão a lançar publicidade que vai ser gasta no futuro".
Admitindo ainda que a Cofina já poderia ter recorrido ao lay-off ou mesmo a despedimentos para fazer face ao impacto da crise sanitária nas receitas do grupo de media, Paulo Fernandes declarou que, "por uma questão de solidariedade, temos tentado aguentar esta situação".
"Estávamos um pouco à espera deste pacote [do Governo] para decidir o que fazer. Na imprensa dois concorrentes nossos estão em lay-off, vamos aguentar enquanto pudermos", prometeu após lembrar a situação dos meios da Global Media ou ainda do Jornal Económico.