Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Patrões do Norte prescrevem mega “bula” para recolocar Portugal no top 15 dos mais ricos da UE

A Associação Empresarial de Portugal apresenta esta terça-feira, na presença do Presidente da República e do ministro da Economia, o estudo “Do Pré ao Pós Pandemia - Os novos desafios”. Conheça aqui algumas das centenas de medidas propostas pela AEP para a década em curso.

03 de Maio de 2022 às 07:00
  • 4
  • ...

"Redução da carga fiscal sobre o trabalho, em particular sobre jovens qualificados e (de uma forma geral) salários médios e altos, permitindo aumentar o salário líquido dos mais qualificados e produtivos", pelo que "seria muito benéfico um acordo em sede de Concertação Social".

 

Esta é uma das centenas de medidas prescritas pela Associação Empresarial de Portugal (AEP) no estudo "Do Pré ao Pós Pandemia - Os novos desafios", onde esta organização patronal, com sede no Porto e que é sobretudo formada por empresas da região Norte, faz "uma análise técnica profunda, que não se limita a fazer um diagnóstico, mas aponta caminhos com propostas concretas para a década em curso".

 

"Apesar da estabilidade política ser um ativo importante, a AEP considera que precisa de ser acompanhada por políticas públicas de qualidade e inseridas dentro de uma estratégia acertada e consequente que conduza ao desenvolvimento económico e social do país – onde as empresas constituem o principal motor de desenvolvimento socioeconómico sustentável. É com esse objetivo que este estudo foi desenvolvido", sinaliza a associação liderada por Luís Miguel Ribeiro.

 

O estudo será apresentado esta terça-feira, 3 de maio, dia em que a AEP comemora 173 anos, numa cerimónia que contará com as presenças e intervenções do Presidente da República e do ministro da Economia e do Mar.

 

"Do Pré ao Pós Pandemia - Os novos desafios", da responsabilidade do Departamento de Estudos e Estratégia da AEP e que será entregue ao Governo,, faz o diagnóstico socioeconómico da última década ("Desafios Pré-Pandemia" - 2010/2019), analisa o difícil período originado pela covid-19 ("Desafios durante a Pandemia – 2020/2023) e termina com um vasto leque de propostas.

 

Estas propostas têm como grande objetivo "recolocar Portugal no top 15 dos países europeus mais ricos em 2030", o que exige que "o PIB cresça em termos reais, pelo menos, 5,2% ao ano de 2023 a 2030,6 através do aumento da produtividade (e da competitividade) e do emprego", sinaliza a AEP.

 

E alerta: "Na ausência de alterações substanciais de política, de acordo com cálculos da AEP com base em dados da Comissão Europeia e algumas hipóteses simplificativas, Portugal passaria do sexto PIB per capita mais baixo da UE em 2023, para o quarto pior em 2030".

Portugal está hoje em 21.º lugar no "ranking" europeu do PIB per capita em paridades de poder de compra.

 

Eis a síntese de algumas das principais propostas da AEP para a década:

 

Empresas: apoios à recapitalização e investimento (re)produtivo via fundos europeus e criação de uma envolvente mais favorável à geração de lucro (poupança das empresas) e ao seu reinvestimento

 

- Recapitalização e reforço do capital de risco;

 

- Ação do Banco Português de Fomento (BPF), dos Fundos de Investimento e das Sociedades de Capital de Risco;

 

- Medidas do Programa Capitalizar e outras propostas da Unidade de Missão para a Capitalização que não chegaram a ser implementadas;

 

- Incentivos ao reinvestimento (reforço do DLRR - Regime de Dedução por Lucros Retidos e Reinvestidos, e melhoria do regime de crédito fiscal de investimento);

 

- Assegurar uma banca saudável, capaz de apoiar as empresas;

 

- Ação dos aceleradores reindustrialização e orientação de fundos europeus;

 

- Famílias: Criação de instrumentos atrativos de poupança das famílias canalizada para as empresas – com foco nas PME, small caps e mid caps inovadoras –, se necessário com apoio de benefícios fiscais, contribuindo ainda para a dinamização do mercado de capitais e o surgimento de um "capitalismo popular".

 

Exemplos de medidas promovendo a ligação entre salários, produtividade e qualificações

 

- Estabelecimento na Lei (Código do Trabalho, por exemplo) de uma ligação entre salários e qualificações – desde que refletidas em maior produtividade –, tanto no setor público como no setor privado;

 

- Tratamento fiscal mais favorável de prémios de produtividade, contratos por objetivos, salários variáveis e salários de eficiência;

 

- Redução das contribuições sociais dos empregadores na contratação de pessoas altamente qualificadas – nomeadamente doutorados – em áreas críticas para as empresas, reduzindo o seu custo e potenciando a sua manutenção em Portugal;

 

- Redução da carga fiscal sobre o trabalho: em particular sobre jovens qualificados e (de uma forma geral) salários médios e altos, permitindo aumentar o salário líquido dos mais qualificados e produtivos.

 

- O aumento sustentável dos salários – compatível com a competitividade  – deve assentar em ganhos de produtividade, pelo que seria muito benéfico  um acordo em sede de Concertação Social a esse nível, complementando as medidas propostas no ponto anterior tendo em vista a retenção e atração de talento.

 

Aumento da escala/dimensão das empresas para concorrer nos mercados externos, mas também no nacional

 

- Medidas já inseridas na "Estratégia para o Crescimento" (Desígnios e Linhas de Ação; Medidas Propostas pela AEP), com realce para o reforço dos benefícios fiscais e financeiros para aumento de escala em função da intensidade e complexidade da operação (Projetos Conjuntos, Joint Ventures, Agrupamentos Complementares de Empresas, Fusão ou Concentração), potenciando também o aumento da proporção de empresas envolvidas em projetos de cooperação;

 

- Criar um incentivo fiscal para a conversão voluntária (por mútuo acordo) e temporária de crédito em capital (isenção de tributação da sua remuneração e mais valias), no caso de PME e mid caps em risco de encerramento, aplicada a créditos individuais de fornecedores, mas que poderá estender-se a outros credores;

 

- Potenciar a viabilização de empresas e inverter a baixa taxa de sobrevivência, crucial para o aumento da dimensão média, através da melhoria estrutural da envolvente nos vários eixos, com realce para a redução de custos de contexto (Eixo A5);

 

- A viabilização de empresas poderá ainda ser potenciada pela melhoria dos mecanismos de insolvência – incluindo a agilização de procedimentos – e de recuperação de empresas, onde a AEP tem uma proposta específica para potenciar o sucesso do  RERE – Regime Extrajudicial de Recuperação de Empresas. A ideia é criar um incentivo (fiscal e/ou outro) para que, quem compre créditos de uma empresa em recuperação, tenha vantagem em comprar os restantes créditos dessa empresa – agregação de créditos – se apostar na manutenção da operação e recuperação da empresa, atraindo assim investidores de mais longo prazo.

 

Redução da carga fiscal e tributária

 

- Redução da tributação em sede de IRC: medidas já preconizadas na "Estratégia para o Crescimento" (Desígnios e Linhas de Ação; Medidas Propostas pela AEP), com destaque para a diminuição da taxa normal de IRC até 17% – e sinalização de continuação de descida na década seguinte, se necessário, para manter a competitividade fiscal –, a eliminação das taxas de derrama, a redução das tributações autónomas;

 

- Redução da carga fiscal sobre o trabalho: Reduzir as taxas de IRS, em particular sobre os jovens qualificados e (de uma forma geral) os salários médios e altos; reduzir as contribuições sociais dos empregadores.

 

- Redução de outros impostos, nomeadamente sobre a energia (eletricidade, gás natural e combustíveis), que reduzem a competitividade das empresas nacionais face a outros países da UE;

 

- Eliminação de outros encargos tributários excessivos ou injustificados (com um peso crescente no modelo tributário), nomeadamente as múltiplas taxas (mais de 4300 segundo o "Estudo sobre a Carga Fiscal em Portugal" da EY & Sérvulo encomendado pela CIP, de jul-20) e contribuições (muitas extraordinárias, mas que se tornam permanentes), além de outros tributos e figuras paralelas, que impõem um elevado encargo financeiro sobre as empresas e se tornam verdadeiras barreiras ao investimento.

 

Portugal 2030

 

- Alocação predominante das verbas do novo quadro financeiro plurianual para as empresas, conforme prometido pelo Governo, contrariando a proporção maioritariamente pública do PRR (2/3 para o setor público e apenas 1/3 para as empresas enquanto beneficiários).Meta mínima de 67% das verbas do PT 2030 orientadas para as empresas, a um nível global e por programas (PO temáticos e regionais);

 

- Priorizar fundos para reindustrialização (B1), internacionalização, formação, digital/cibersegurança e Inovação/I&D das empresas, de modo a corrigir debilidades;

 

- Abertura de concursos em contínuo, que é a modalidade que mais se ajusta ao timing de investimento das empresas, e ajustamento nos procedimentos necessários a um funcionamento sem problemas, estabelecendo um conjunto base abrangente de tipologias de concurso definido em função das prioridades;

 

- Audição prévia das confederações e das associações empresariais no estabelecimento dos regulamentos e futuros ajustamentos do novo quadro financeiro plurianual;

 

- Transferência de competências do setor público para entidades da sociedade civil com provas dadas, tendo aqui as associações empresariais um papel importante, em áreas em que são reconhecidamente mais experientes e mais eficientes;

 

- Criar, nas várias tipologias de concurso, majorações significativas de ganho de dimensão, para médias empresas exportadoras que se tornem grandes empresas e para microempresas e pequenas empresas exportadoras que se tornem médias empresas no pós-projeto, potenciando o aparecimento de projetos mais ambiciosos;

 

- Criar, nas várias tipologias de concurso (não só nas mais dirigidas à inovação), majorações significativas para a produção/desenvolvimento e exportação de produtos de média e alta tecnologia e de serviços intensivos em conhecimento – bens e serviços de média e alta tecnologia – com vista a induzir uma melhoria no perfil de especialização da economia portuguesa, com mais tecnologia e conhecimento incorporados, gerando maior valor acrescentado;

 

- Criar, nas várias tipologias de concurso (não só nas mais dirigidas à inovação), majorações para participação em modelos de inovação aberta em desafios críticos (e.g., reindustrialização, digitalização, formação, clima), envolvendo empresas de diversos setores, associações empresariais, SCTN e outros "stakeholders" (Estado e famílias), de modo a exponenciar a inovação pela diversidade de contributos.

 

Programa de Recuperação e Resiliência (PRR)

 

- Reorientação a favor das empresas: Tendo em conta o baixo grau de execução dos programas de financiamento plurianuais no setor público e caso seja permitido pelas autoridades europeias, defendemos a reorientação de subvenções do PRR dirigidas ao Estado em eventual risco de execução em favor de projetos focados nas empresas (contrariando a proporção de cerca de 2/3 para o Estado e apenas 1/3 para as empresas no conjunto do PRR), com realce para as "Agendas mobilizadoras/verdes para a inovação empresarial", a medida mais emblemática para as empresas. Essa medida gerou uma procura muito superior à subvenção prevista, sendo que o Governo se comprometeu a elevar a dotação via endividamento, o que não é benéfico tendo em conta o elevado endividamento do Estado e do País.


Por outro lado, há um risco claro de não execução de investimentos previstos para o Estado devido às curtas janelas de execução e à ineficiência da máquina administrativa, para além de outros fatores como os atrasos provocados pelas eleições antecipadas e o aumento expressivo dos custos da construção civil no contexto da pandemia (escassez e aumento dos custos das matérias-primas e equipamentos), sendo previsível que alguns investimentos previstos venham a custar mais e possam não ser executados, em parte ou na totalidade. Tendo em conta este contexto desfavorável, as autoridades europeias poderão ser sensíveis à reorientação proposta. Desta forma, estabelece-se como meta que eventuais reprogramações de subvenções do PRR revertam integralmente (100%) a favor das empresas.

 

- Desburocratização do PRR para as empresas: Aplicar os mesmos princípios propostos para o PT 2030 (simplicidade, confiança e pragmatismo), com as devidas adaptações, no relacionamento com as empresas, quer enquanto beneficiários (finais ou intermédios) quer enquanto fornecedores da administração pública no âmbito da execução dos investimentos públicos.

 

 

Ver comentários
Saber mais aep do pré ao pós pandemia top 15 os novos desafios luís miguel ribeiro
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio