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Patrões criticam a "diabolização do lucro como causa da pobreza"
Na abertura do congresso da CIP, António Saraiva avisou que "não há Estado Social sem empresas competitivas" e que os empresários não admitem "retrocessos nas reformas" para flexibilizar o mercado do trabalho.
O presidente da CIP, António Saraiva, evidenciou esta quarta-feira, 11 de Abril, a sua preocupação com "uma sociedade que alimenta atitudes de desconfiança, de inveja ou de antagonismo face aos empresários", por estar "a comprometer o futuro e as possibilidades de criação de riqueza".
"Não podemos permitir que se diabolize o lucro como causa da pobreza. Temos de afirmar que, sem lucro, não é possível investir e acabar com essa mesma pobreza. Não há Estado Social sem empresas competitivas, assim como só podemos redistribuir a riqueza que as empresas produzirem", alertou o líder desta confederação na abertura do congresso anual que tem como tema "O Valor das Empresas".
A recuperação económica nos últimos anos é mérito deste Governo apoiado pela esquerda, do anterior Executivo de coligação de direita ou da conjugação de condições propícias ao crescimento? "A recuperação deve-se às empresas", respondeu Saraiva, reclamando os louros empresariais pela colocação da taxa de desemprego abaixo dos 8%, maior crescimento do PIB em 17 anos, redução do défice e subida das exportações e do investimento – "dois terços é realizado pelas empresas".
No entanto, o patrão dos patrões advertiu que "com uma política pública mais favorável à actividade empresarial, o relançamento da economia teria sido mais robusto e mais sustentável", uma vez que "em muitos domínios, o esforço das empresas continua a ser insuficientemente apoiado, quando não contrariado, pela acção do Governo".
"O exemplo mais evidente é o aumento da carga fiscal em Portugal", acrescentou, criticando sobretudo a "imaginação do governo para criar novas formas de tributação indirecta [que] permanece viva, fértil e voraz" e o aumento das receitas de IRC que não impediu, ainda assim, a introdução de um novo aumento da derrama estadual no Orçamento do Estado para 2018 que "reduz ainda mais a atractividade do investimento".
Fundos europeus desviados para o Estado
No discurso proferido no Europarque, em Santa Maria da Feira, o presidente da CIP denunciou ainda que, "apesar das constantes promessas", prossegue a "crescente afectação dos fundos europeus ao funcionamento do aparelho do Estado e das autarquias, em detrimento do investimento no aumento de competitividade das empresas".
Antes de ouvir o Presidente da República avisar os parceiros de Governo que "é fundamental que legislatura vá até ao fim e que o Orçamento do Estado para 2019 seja aprovado", António Saraiva avisou também que os patrões não admitem "retrocessos nas reformas que foram levadas a cabo no sentido favorável à flexibilidade do mercado do trabalho" e recusam "uma visão redutora do que deve ser um efectivo combate à precariedade laboral", sem concretizar.
As quatro exigências da CIP ao Governo
No discurso de abertura do congresso da CIP, António Saraiva listou quatro exigências ao Executivo liderado por António Costa.
- Inversão do aumento da carga fiscal sobre as empresas, com estabilidade, simplicidade e previsibilidade na tributação.
- Estímulo à capitalização das empresas, ao redireccionamento do crédito bancário para o sector produtivo e à diversificação de fontes alternativas de financiamento.
- Instrumentos de política pública que apoiem e promovam o esforço de qualificação dos recursos humanos das empresas. É preciso aproveitar a capacidade que os Centros de Formação e as Associações Empresariais conseguiram adquirir ao longo dos vários quadros comunitários de apoio.