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Patrões criticam a "diabolização do lucro como causa da pobreza"

Na abertura do congresso da CIP, António Saraiva avisou que "não há Estado Social sem empresas competitivas" e que os empresários não admitem "retrocessos nas reformas" para flexibilizar o mercado do trabalho.

António Larguesa alarguesa@negocios.pt 11 de Abril de 2018 às 13:21

O presidente da CIP, António Saraiva, evidenciou esta quarta-feira, 11 de Abril, a sua preocupação com "uma sociedade que alimenta atitudes de desconfiança, de inveja ou de antagonismo face aos empresários", por estar "a comprometer o futuro e as possibilidades de criação de riqueza".

 

"Não podemos permitir que se diabolize o lucro como causa da pobreza. Temos de afirmar que, sem lucro, não é possível investir e acabar com essa mesma pobreza. Não há Estado Social sem empresas competitivas, assim como só podemos redistribuir a riqueza que as empresas produzirem", alertou o líder desta confederação na abertura do congresso anual que tem como tema "O Valor das Empresas".

 

A recuperação económica nos últimos anos é mérito deste Governo apoiado pela esquerda, do anterior Executivo de coligação de direita ou da conjugação de condições propícias ao crescimento? "A recuperação deve-se às empresas", respondeu Saraiva, reclamando os louros empresariais pela colocação da taxa de desemprego abaixo dos 8%, maior crescimento do PIB em 17 anos, redução do défice e subida das exportações e do investimento – "dois terços é realizado pelas empresas".

 

No IRC, o aumento da receita foi de quase 10%. Mesmo assim, o OE 2018 introduziu um novo aumento da derrama estadual, reduzindo ainda mais a atractividade do investimento. António Saraiva, presidente da CIP

 

No entanto, o patrão dos patrões advertiu que "com uma política pública mais favorável à actividade empresarial, o relançamento da economia teria sido mais robusto e mais sustentável", uma vez que "em muitos domínios, o esforço das empresas continua a ser insuficientemente apoiado, quando não contrariado, pela acção do Governo".

 

"O exemplo mais evidente é o aumento da carga fiscal em Portugal", acrescentou, criticando sobretudo a "imaginação do governo para criar novas formas de tributação indirecta [que] permanece viva, fértil e voraz" e o aumento das receitas de IRC que não impediu, ainda assim, a introdução de um novo aumento da derrama estadual no Orçamento do Estado para 2018 que "reduz ainda mais a atractividade do investimento".

 

Fundos europeus desviados para o Estado

 

No discurso proferido no Europarque, em Santa Maria da Feira, o presidente da CIP denunciou ainda que, "apesar das constantes promessas", prossegue a "crescente afectação dos fundos europeus ao funcionamento do aparelho do Estado e das autarquias, em detrimento do investimento no aumento de competitividade das empresas".

 

Antes de ouvir o Presidente da República avisar os parceiros de Governo que "é fundamental que legislatura vá até ao fim e que o Orçamento do Estado para 2019 seja aprovado", António Saraiva avisou também que os patrões não admitem "retrocessos nas reformas que foram levadas a cabo no sentido favorável à flexibilidade do mercado do trabalho" e recusam "uma visão redutora do que deve ser um efectivo combate à precariedade laboral", sem concretizar.

As quatro exigências da CIP ao Governo

No discurso de abertura do congresso da CIP, António Saraiva listou quatro exigências ao Executivo liderado por António Costa.

- Inversão do aumento da carga fiscal sobre as empresas, com estabilidade, simplicidade e previsibilidade na tributação.

- Estímulo à capitalização das empresas, ao redireccionamento do crédito bancário para o sector produtivo e à diversificação de fontes alternativas de financiamento.

- Investimento público em infra-estruturas com vista à competitividade da produção nacional. Em pouco anos o país corre o risco de ver as suas mercadorias ficarem presas nos Pirenéus porque o Estado protela há anos o tão necessário investimento em ligações ferroviárias que permitam oferecer um serviço competitivo para mercadorias.

- Instrumentos de política pública que apoiem e promovam o esforço de qualificação dos recursos humanos das empresas. É preciso aproveitar a capacidade que os Centros de Formação e as Associações Empresariais conseguiram adquirir ao longo dos vários quadros comunitários de apoio.

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