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Crise política? "Eles é que têm de resolver isso", responde Rio

O líder do PSD percebe a preocupação de Marcelo, mas atira a responsabilidade pela aprovação do Orçamento para os partidos que suportam o Governo. Rio chama "filhos da conjuntura" aos indicadores económicos positivos.

António Larguesa alarguesa@negocios.pt 11 de Abril de 2018 às 16:56

Rui Rio recusa dar a mão ao Executivo de António Costa para a aprovação do Orçamento do Estado para 2019, considerando que os partidos da esquerda "é que têm de garantir a estabilidade política", uma vez que "o PSD não faz parte dessa solução de governo".

 

Perante as duras críticas à esquerda envolvendo as metas do défice, o maior partido da oposição não usará os mandatos na Assembleia da República para evitar essa crise política? "Eles é que têm de resolver isso", ripostou o presidente do PSD, em declarações aos jornalistas à margem do congresso anual da CIP, em Santa Maria da Feira.

 

Horas depois de Marcelo Rebelo de Sousa ter avisado que "uma crise política envolvendo Orçamentos do Estado é duplamente indesejável por poder gerar cenários imediatos de elevado preço para o país", Rio concordou que isso "não é algo que Portugal deseje". Frisando, porém, que essas palavras do chefe de Estado "são, acima de tudo, para a coligação parlamentar à esquerda".

 

E uma crise que abrisse brechas à esquerda e não levasse a legislatura até ao fim, preocupa ou até agrada? "Se não agrada a Portugal não pode agradar ao líder da oposição. Agora, essas tensões entre o BE, o PS e o PCP são algo que já estava à espera há muito tempo. Não vejo com grande admiração que, à medida que nos aproximamos das eleições, eles tenham mais dificuldade em conseguir a estabilidade que até à data conseguiram", respondeu.

 

Rio chama "filhos da conjuntura" a indicadores positivos

 

Crescimento económico, défice público, taxa de desemprego, dívida externa, rácio da dívida pública, sistema financeiro mais equilibrado. Rui Rio não pretende "esconder as coisas" e reconhece que "a maior parte dos actuais indicadores económicos são positivos". Porém, recusa-se a aceitar a paternidade do Governo liderado pelo PS e apoiado pela esquerda no Parlamento.

 

"Estes resultados não têm nada a ver com reformas governamentais que estão a ser feitas, mas com o poder de arrasto que a economia europeia tem sobre a portuguesa. Terminada esta conjuntura, Portugal não se preparou para quando esse poder de arrasto se venha a reduzir. Estes indicadores, embora melhor do que foram no passado recente, são filhos da conjuntura e não filhos de uma política estruturada", apontou o líder do PSD.

 

Durante a intervenção no congresso da CIP, em que António Saraiva criticou a "diabolização do lucro como causa da pobreza", Rio lamentou que o país não esteja a "aproveitar o crescimento económico para conseguir fazer reformas estruturais que nos preparem melhor o futuro". E apontou também o dedo às "taxas de poupança muito baixas" nas famílias, que estão quase ao nível do início dos anos 1960, quando via gente descalça na rua.

 

Falta cultura de poupança. Em Portugal criou-se a ideia de que quem poupa é rico e quem se endivida é pobre. Rui Rio, presidente do PSD

 

O sucessor de Passos Coelho lamentou a falta de uma "cultura de poupança" e considerou que "há uma pedagogia a fazer". "Em Portugal criou-se a ideia de que quem poupa é rico e quem se endivida é pobre. As coisas não são bem assim. Conheço pessoas com salários relativamente baixos que cuidam de deixar de lado 50 ou 100 euros no final do mês. Esta é uma atitude positiva", sintetizou.

 

Admitindo, em resposta às perguntas dos empresários, que "não é fácil, efectivamente", ser líder da oposição em Portugal, o ex-autarca do Porto voltou a mostrar disponibilidade para assinar "acordos de regime" com o PS, referiu que a reforma da Justiça "tem de passar também por uma especialização dos juízes e também dos próprios tribunais" e adiantou que está "quase fechado" o acordo com o Executivo sobre os fundos estruturais, válido para o período 2020 a 2030, feito "para dar força ao Governo" para negociar este dossiê em Bruxelas.

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