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Oposição defende demissão de Maria Luís Albuquerque
“A ministra sabia que o financiamento [da Estradas de Portugal] dependia da contratação de um ‘swap’ com elevada complexidade”. A acusação é do PCP, numa tarde em que os partidos da oposição foram unânimes em considerar que a saída de Maria Luís Albuquerque é inevitável. A ministra “mentiu” ao Parlamento, pelo que não pode sair “impune” deste processo, consideram os partidos de esquerda.
Maria Luís Albuquerque está sob fogo cruzado. Depois de ter garantido que não teve envolvida na contratação de “swaps”, Almerindo Marques afirmou, na última segunda-feira, que foi a actual ministra das Finanças quem deu autorização à contratação de um “swap”, enquanto este era presidente da Estradas de Portugal.
O Ministério das Finanças garante que Maria Luís Albuquerque, enquanto técnica do IGCP, só aprovou o empréstimo da Estradas de Portugal e não o “swap” que lhe estava associado. O parecer que aprova o empréstimo dá aval ao "swap", sem que se conheçam os seus pormenores.
Os partidos da oposição são unânimes na interpretação deste episódio. A ministra mentiu ao Parlamento e tem de sair do cargo que ocupa.
Carlos Zorrinho acusou a ministra de ter “mentido” na comissão de inquérito. “Se alguma dúvida ainda existisse, o esclarecimento hoje enviado pelo Ministério das Finanças esclarece em absoluto essa dúvida”, salientou o líder da bancada parlamentar do PS numa declaração aos jornalistas.
O responsável socialista recordou as palavras de Maria Luís Albuquerque durante a comissão de dia 25 de Junho, altura em que a ministra garantiu que “enquanto esteve no IGCP, não teve qualquer contacto com ‘swaps’, nem do IGCP nem de natureza nenhuma.
Sabemos agora que, primeiro houve contacto, e em segundo assinou de cruz. Teve exactamente o mesmo comportamento de que acusou os seus colegas secretários de Estado e gestores públicos, um comportamento que levou à demissão desses gestores públicos e desses secretários de Estado”, afirmou.
“Não há nenhuma razão para a ministra das Finanças ficar impune neste processo nem nenhuma razão para o PSD continuar a atirar areia para os olhos”, acrescentou, sublinhando que: “A ministra das Finanças, por razões éticas não pode continuar a ocupar o cargo que ocupa.”
PCP diz que há “provas avassaladoras de que ministra mentiu ao Parlamento”
Já o PCP considera que há “provas avassaladoras de que a ministra mentiu ao Parlamento”, referindo-se ao parecer de Maria Luís Albuquerque, de Junho de 2010, onde a agora ministra das Finanças “autorizou a contratação de um ‘swap’ agarrado a um financiamento.”
“A ministra sabia que o financiamento dependia da contratação de um ‘swap’ com elevada complexidade”, sublinhou Paulo Sá numa declaração aos jornalistas.
O responsável do partido comunista salienta que Maria Luís Albuquerque “negou que tivesse qualquer envolvimento” na contratação de “swaps”, mas o documento divulgado esta terça-feira, 17 de Setembro, “vem demonstrar que Maria luís Albuquerque mentiu ao Parlamento.”
Posto isto, “entendemos que [a Ministra] não tem condição para continuar no Governo.”
BE: Ministra “não tem estado à altura nem da verdade nem do cargo que ocupa”
Está “demonstrado que a palavra que a ministra tinha dado não é consentânea com os documentos” agora conhecidos.
A ministra “disse que não tinha qualquer envolvimento na contratação de ‘swaps’”, mas “o parecer hoje enviado pelo Ministério indica que ministra deu parecer positivo à contratação de ‘swaps’”, salientou Pedro Filipe Soares.
O responsável do Bloco de Esquerda acusou Maria Luís Albuquerque de fazer um “jogo de palavras” e de ter adoptado uma postura de “obscuridade”, de quem não quer esclarecer a verdade.
A ministra “não tem estado à altura nem da verdade nem do cargo que ocupa”, considerou, apelando a que “o Governo tenha um pingo de ética, uma vez que a ministra não conhece de todo a palavra” e que o primeiro-ministro reconheça que “é inevitável a demissão da ministra.”
Pedro Filipe Soares acusa Passos Coelho de estar a “a proteger o que é indefensável.”
Maria Luís Albuquerque vai ser chamada, novamente, à comissão de inquérito à celebração de contratos de cobertura de risco especulativos por parte de empresas públicas. A audição irá ocorrer em Outubro, revelou o deputado do PCP Paulo Sá.