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Portugal pode acolher fórum tripartido EUA-UE-China, propõe Frasquilho

"Somos um país neutral entre Estados Unidos e China, com um papel dentro da União Europeia, com um investimento considerável e um bom exemplo em energias renováveis", defendeu o ex-presidente da AICEP.

Tiago Sousa Dias
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Na visão do ex-presidente da AICEP, Miguel Frasquilho, Portugal deve assumir um papel "neutral em termos geopolíticos, fazendo a ponte entre a Europa, as Américas e a China. 

"Temos de ir por um caminho neutral. A nossa dimensão a isso obriga. Não somos um player mundial. Claro que estamos inseridos num bloco de muito grande nível mundial, mas podemos aproveitar, porque estamos numa posição geoestratégica que mais nenhum país europeu tem", defendeu na conferência Electric Summit, organizada pelo Negócios, acrescentando que Portugal está na "confluência entre a Europa, as Américas e a África.

"E depois temos esta relação histórica e económica privilegiada com a China, que é preciso manter e que é preciso cultivar. Temos tudo para poder ter um papel relevante, mesmo pela dimensão que temos", disse.

Frasquilho lembrou que "a China foi um dos principais investidores em Portugal, sobretudo na área energética, durante o tempo da Troika". "Muitos investimentos estratégicos foram feitos pela China e foram absolutamente necessários, na EDP, na REN, entre outras. E os Estados Unidos são hoje o maior produtor e exportador mundial de gás natural liquefeito. Pelo menos 8% da entrada desse gás na Europa é feita pelo Porto de Sines. Portanto, Portugal tem uma posição forte e tem de saber tirar partido dela", disse.

E foi ainda mais longe, propondo a realização de um fórum de cooperação estratégica permanente tripartido - Estados Unidos, União Europeia, China - a ser realizado em Oeiras. "Somos um país neutral entre Estados Unidos e China, com um papel dentro da União Europeia, com um investimento considerável e um bom exemplo em energias renováveis".

Do lado da Câmara de Comércio Americana em Portugal (AMCHAM), o presidente António Martins da Costa, lembrou que "os Estados Unidos estão sempre à procura das melhores soluções, do ponto de vista de decisões económicas, para os seus consumidores, tanto faz que seja um governo republicano ou democrata". Martins da Costa lembrou que a agrande aposta do país nas renováveis aconteceu notempo do republicano George W. Bush e que, mesmo com Trump no poder, há decisões em relação à transição energética que "não voltam atrás". 

Já Bernardo Mendia, secretário-geral da CCILC – Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa, lembrou que a China "tem algo muito importante para o mundo, que é a capacidade industrial de fornecer as tecnologias para a transição energética", como é o caso dos painéis solares e das baterias de lítio. 

"Portugal deve ser, sobretudo, mais inteligente e mais neutro, e trabalhar com quem pode entregar aquilo que nós próprios não podemos nem conseguimos produzir. Nem nós, nem mais ninguém". "Deveríamos estar a trabalhar mais com a China, tentar trazer as tecnologias que eles têm, que são mais avançadas, e a capacidade de investimento que têm", recomendou, lembrando o investimento da CALB numa fábrica de baterias em Sines. 

"É esse tipo de investimento que temos que atrair. A nível internacional, na atração de investimento direto estrangeiro, estamos a competir com todos os outros países da Europa, nomeadamente com Espanha, que está a trabalhar muito com a China", sublinhou, recomendando ao Governo que visite a China, algo que não acontece desde 2016.

"Não é por acaso que os investimentos chineses estão a ir para a Espanha, para a Hungria, para a França e a Alemanha", rematou. 

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