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Operadores fluviais “batem-se” pela electrificação da linha férrea do Douro
As três maiores operadoras de cruzeiros diários do rio Douro, que esta segunda-feira assinaram um protocolo de cooperação com a CP para reforçar o transporte de passageiros na Linha do Douro, exigem a integral electrificação desta via férrea, pelo menos, até à Régua.
A Barcadouro, a Rota do Douro e a Tomaz do Douro, que são os três maiores operadores de cruzeiros diários do rio Douro, manifestam-se fartos de esperar pela concretização da promessa governamental de modernização da linha ferroviária do Douro, apelando à criação de uma frente cívica para obrigar o Estado central a concluir a obra.
"Não podemos continuar à espera que seja só o Governo, em Lisboa, a resolver um problema que nos afecta com tanta acuidade e cuja resolução se arrasta há tantos anos. A Linha do Douro não pode ser uma fotocópia a baixa velocidade do que foi o Túnel do Marão", ironizou Matilde Costa, porta-voz das três operadoras marítimo-turísticas.
Matilde Costa, que falava, nesta tarde de segunda-feira, 16 de Janeiro, na Régua, na cerimónia de assinatura de um protocolo com a CP, considerou que "os durienses, os seus representantes legítimos e instituições, as empresas e as forças da sociedade civil devem criar e exercer mecanismos informais de escrutínio e acompanhamento da execução da obra".
Nesse sentido, manifestou "a disponibilidade das três empresas" de que é porta-voz para "apoiar um movimento cívico, independente e representativo da sociedade civil duriense, que se bata pela integral electrificação da linha até à Régua – se não puder ser até ao Pocinho – e não deixe que este investimento estruturante para a região desapareça da agenda de prioridades do Governo", enfatizou.
A electrificação de um pequeno troço de 14 quilómetros, entre Caíde e Marco de Canavezes, continua parada, tendo sido apenas executada 14% da obra. Atrasada, sem se saber datas sobre a sua adjudicação, está a empreitada de 43 quilómetros desde o Marco até à Régua.
Relativamente à electrificação do troço Régua-Pocinho, da ordem dos 70 quilómetros, que surgia no PETI3+ (Plano Estratégico de Transportes e infra-Estruturas), foi retirado do mapa de investimentos.
Comboio para turistas na linha do Douro entre Maio e Outubro
Na presença de Pedro Marques, ministro do Planeamento e das Infra-Estruturas, a CP e os três maiores operadores de cruzeiros diários no rio Douro assinaram hoje um protocolo de cooperação que visa o reforço do transporte de passageiros na Linha do Douro.
"Após a situação de rotura, entretanto ultrapassada, vivida no passado Verão", as duas partes "chegaram a um acordo que viabiliza a realização de uma circulação diária, em ambos os sentidos, entre as estações de Porto São Bento e da Régua, para transporte exclusivo dos turistas que utilizam o comboio como meio complementar de transporte", anunciou o trio de empresas privadas, em comunicado.
Os dois comboios da oferta dedicada ao turismo de cruzeiros comportarão entre 200 e 600 lugares sentados, conforme a procura, e irão estar disponíveis entre 1 de Maio e 31 de Outubro, parando apenas na estação de Campanhã.
De acordo com o protocolo, "a CP compromete-se a disponibilizar material circulante em bom estado e a garantir no mínimo 200 lugares sentados" à partida da estação portuense de São Bento. "Em função da procura, esta oferta poderá ser reforçada com mais 200 lugares sentados", prevendo-se que o aumento da oferta possa chegar aos 600, "nos casos em que tal se justifique".
Estes 200 lugares adicionais, "em virtude das limitações de espaço existentes na estação de São Bento, serão disponibilizados a partir da estação de Campanhã".
Entre 1 Maio e 31 Outubro, até à conclusão da electrificação da Linha do Douro, o comboio exclusivo para turistas dos cruzeiros fluviais partirá da estação de São Bento, no Porto, pelas 8:25 horas, chegando à Régua às 10:25 horas.
No sentido inverso, a viagem terá início às 17:15 horas e estará concluída às 19:10 horas.
Para Matilde Costa, o resultado final "é bom para todas as partes, a começar pelas populações", e vem encerrar um diferendo que, de acordo com esta responsável, "ameaçava todo o segmento da actividade marítimo-turística que mais tem crescido no Douro nos últimos anos".
A partir de agora, salientou, "temos condições para continuar a investir e a crescer de forma sustentada, criando mais emprego e dinamizando a economia regional".