A compra da Capri Holdings, dona de marcas como Michael Kors, Versace e Jimmy Choo, pela Tapestry, que controla as marcas Coach, Kate Spade e Stuart Weitzman, era vista como o primeiro passo para a criação de uma "gigante do luxo", o quarto maior grupo do mundo. Mas a pressão dos reguladores da concorrência levou o negócio a cair por terra.

As duas empresas anunciaram esta quinta-feira que decidiram mutuamente pôr fim ao negócio de 8,5 mil milhões de dólares (8,02 mil milhões de euros ao câmbio atual), incluindo 1,7 mil milhões de dólares de dívida da Capri - no melhor interesse das duas empresas.

Uma ordem de um juiz no mês passado deu uma vitória à Comissão Federal do Comércio (FTC) dos EUA, que se opôs ao negócio por considerar que poderia afetar a concorrência, em particular no mercado das malas de luxo acessíveis, dado as empresas serem rivais diretas.

A operação daria continuidade à tendência de consolidação no mercado do luxo que se tem verificado nos últimos anos e reforçaria a posição da Tapestry nos segmentos de malas de mão e calçado, juntando as marcas Coach e Michael Kors, no primeiro caso, e a Stuart Weitzman e a Jimmy Choo nos sapatos.

A Tapestry, sediada em Nova Iorque, pretendia pagar 57 dólares por ação da Capri, o que representa um prémio de 64,74% face à cotação de fecho do dia anterior à oferta, de 34,60 dólares. Era previsto que a operação ficasse concluída no final deste ano.

Após o anúncio do fim do negócio, as ações da Capri seguem a desvalorizar 6,01% para 18,47 dólares no "pre-market" em Wall Street. Quando a operação foi anunciada a empresa disparou 58%, a maior subida de sempre desde que a companhia entrou em bolsa, há quase 12 anos. Já as ações da Tapestry valorizam, também no "pre-market", 7,43% para 55,07 dólares.