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No fundo, no Fundo, a Cifial abriu a torneira da Recuperação

Ludgero Marques, ex-presidente da AEP, depositou a centenária Cifial nas mãos do Fundo Recuperação. Feita a reestruturação financeira e com uma nova estratégia, o grupo tem 450 trabalhadores e já está a exportar mais.

30 de Maio de 2013 às 00:01
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No início do novo século, o grupo Cifial facturava cerca de 50 milhões de euros, empregava perto de mil pessoas e obtinha robustos lucros. Após os atentados de 11 de Setembro de 2001 nos Estados Unidos, mercado que representava mais de metade da sua facturação, a empresa é sacudida pelo primeiro de muitos abalos. Atordoada com a perda de encomendas para a China, a redução das margens e a desvalorização do dólar, cortou 130 postos de trabalho e reforçou a aposta no design e na inovação.

Fundada em 1904, adquirida pelo Banco Borges & Irmão na primeira metade do século XX, e controlada, nos últimos 68 anos, pela família de Ludgero Marques, ex-presidente da AEP, a Cifial acumulou prejuízos e brutais quebras de facturação durante vários anos. Em 2009, ano em que Luísa Marques sucede ao pai na condução executiva da empresa, as dificuldades financeiras do grupo saltaram para o domínio público: recorreu a um processo de "lay-off".

Passados dois anos, em 2011, a Cifial voltou novamente a suspender temporariamente os trabalhadores. Em sufoco financeiro, com dificuldade em pagar salários e aos fornecedores, e com uma dívida bancária a rondar os 60 milhões de euros, a empresa ameaça entrar em colapso. Com o efectivo reduzido a metade do seu máximo histórico, fechou esse exercício novamente no "vermelho" e com vendas de apenas 13 milhões de euros.

Desde então que a família Marques vinha tentando vender o grupo sem perder o controlo da operação. Sem sucesso. Até que, no princípio deste ano, a ECS, que gere o Fundo Recuperação, anuncia que comprou a Cifial. Toma 90% do capital, ficando os Marques com os restantes 10% e dois lugares na administração, ocupados por Luísa e Luís, filhos de Ludgero.

"O projecto de revitalização do grupo permitiu a reestruturação do seu passivo, adequando-o aos níveis de actividade esperados pela empresa, contando hoje com uma estrutura de capitais que a coloca numa posição interessante para explorar novas oportunidades de desenvolvimento, e, em simultâneo, repensar os investimentos futuros que deve efectuar", afirmou ao Negócios fonte oficial da Cifial.

Depois de ter fechado 2012 com vendas de 12 milhões de euros, aumentando o peso das exportações "de 67% [em 2011] para 80%" – principais mercados: Estados Unidos, Reino Unido, Espanha, Polónia e Angola –, o crescimento homólogo nos primeiros quatro meses deste ano foi "superior a 5%".

A Cifial prevê "recuperar a sua carteira de clientes e encomendas", para tornar "a actividade operacional menos negativa". A mesma fonte garante que se mantém o mesmo número de efectivos (450) e os dois pólos industriais – o de torneiras e acessórios de casa de banho em Rio Meão, e o de louça cerâmica sanitária em Santa Comba Dão.

 
O momento

No dia 11 de Janeiro passado, o Negócios avançava, em primeira mão, que a Cifial tinha sido adquirida pelo Fundo Recuperação, que é gerido pela ECS. Há dois anos, pelo menos, que se sabia que Ludgero Marques estaria a tentar uma solução para o grupo que não passasse pela perda do controlo do capital. Sem sucesso. Com a Cifial financeiramente de rastos, acabou por ceder: o Fundo Recuperação tomou 90%, ficando a família Marques com os restantes 10% e dois lugares na administração.

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