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Musk goza com autoridade reguladora do mercado de capitais dos EUA

Elon Musk, CEO da Tesla, voltou a fazer declarações controversas. Desta vez, "gozou" com a autoridade reguladora do mercado de capitais dos EUA, a Securities and Exchange Commission (SEC), que o investigou devido aos tweets acerca da saída de bolsa da fabricante de veículos eléctricos e que o levou a abrir mão do cargo de chairman, mantendo-se apenas como presidente executivo, além de ter de pagar uma multa.

Reuters
05 de Outubro de 2018 às 00:24
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O CEO da Tesla, Elon Musk, continua a preocupar os investidores com as suas "tiradas". Desta vez o alvo foi a autoridade reguladora do mercado de capitais dos EUA, a Securities and Exchange Commission (SEC).

 

Depois de na semana passada a SEC ter intentado uma acção contra Musk, alegando fraude bolsista, as acções afundaram. No entanto, no domingo foi anunciado que Musk acedeu a deixar as rédeas da presidência do conselho de administração da fabricante de veículos eléctricos, mantendo-se apenas como presidente executivo, o que levou a que na segunda-feira, 1 de Outubro, os títulos disparassem em bolsa, fechando a escalar 17,35% para 310,70 dólares.

 

Além de abrir mão do cargo de "chairman", ficou acordado o pagamento de uma multa à SEC por parte de Musk e da própria Tesla.

 

Tudo parecia ter acalmado um pouco, mas Elon Musk decidiu esta noite fazer da SEC alvo de chacota.

 

O presidente executivo da Tesla gozou com a SEC horas depois de um juiz federal ter ordenado que Musk e a autoridade reguladora do mercado de capitais justifiquem o acordo a que chegaram.

 

"Quero apenas dizer que a Shortseller Enrichment Commission está a fazer um trabalho incrível", escreveu Musk na sua conta na rede social Twitter.

 

Elon Musk critica frequentemente o facto de os investidores "shortarem" (apostarem na queda, comprando o que se chama de posições curtas [ou baixistas]) na Tesla e desta vez as críticas viraram-se para a SEC, ao mudar a designação do acrónimo para "Comissão de Enriquecimento dos Shortsellers".

 

"A mudança de nome é, por isso, muito apropriada!", acrescentou no seu tweet. 

As acções, que já tinham encerrado o horário regular da sessão desta quinta-feira a recuarem 4,40% para 281,83 dólares, seguem a perder 1,89 para 276,51 dólares na negociação do "after hours".

 

As declarações e atitudes polémicas

 

Musk referiu, no passado dia 7 de Agosto, que estava a pensar retirar a empresa de bolsa a um valor de 420 dólares por acção. Nesse momento, as acções dispararam para 366 dólares e a esse preço a Tesla valia 71,6 mil milhões de dólares. Segundo os dados da Bloomberg, Musk tem uma posição de 19,78% na Tesla, o que significa que teria de desembolsar 57,5 mil milhões de dólares para comprar a restante parte.

 

No dia 13 de Agosto, Musk ainda escreveu que o fundo de riqueza soberana da Arábia Saudita estava interessado em financiar a Tesla, mas mais tarde acabou por colocar na prateleira quaisquer planos de retirar a empresa de bolsa. Entretanto, o referido fundo decidiu investir mil milhões de dólares na Lucid Motors, que é rival da Tesla.

 

Estes tweets, que mexeram bastante com a Tesla em bolsa, levaram a que o Departamento da Justiça e a SEC levassem a cabo uma investigação criminal, a par com uma investigação de fraude bolsista.

 

Antes deste sai-não-sai de bolsa, Musk já andava a preocupar os investidores devido a "distracções" que não estavam a agradar ao mercado.

 

Um dos exemplos foi quando a Tesla caiu perto de 4% na sessão de 16 de Julho, com analistas e investidores a revelarem-se preocupados com os comentários de Musk sobre o noticiado resgate na gruta tailandesa.

 

Enquanto decorriam os trabalhos para tentar salvar 12 jovens e o seu treinador de uma gruta na Tailândia, Elon Musk ofereceu um mini-submarino criado pela SpaceX, para ajudar nas operações.

 

Narongsak Osottanakorn, líder da operação de resgate na Tailândia, recusou o mini-submarino, dizendo que não se adequava à tarefa. Musk respondeu no Twitter, a 10 de Julho, dizendo que Osottanakorn não era o especialista naquela matéria.

 

Além de não ter gostado da rejeição do seu aparelho, Musk insistiu e fez a mesma oferta a um dos mergulhadores da equipa de resgate, o britânico Vernon Unsworth.

 

Acontece que também o mergulhador britânico recusou o mini-submarino, tendo dito que não tinha qualquer hipótese de funcionar. E mais: Unsworth disse que Musk poderia meter o seu submarino "naquele sítio onde dói".

 

Elon Musk não gostou e respondeu com um tweet no domingo, 15 de Julho, dizendo que a sua equipa irá filmar um vídeo do mini-submarino a fazer todo o percurso até à referida gruta "sem qualquer problema". Mas não se ficou por aqui e escreveu ainda: "desculpa lá, pedófilo, mas estavas a pedi-las".

 

Musk não justificou por que razão chamou pedófilo a Unsworth e a esposa do mergulhador disse que o seu marido estava a ponderar intentar uma acção em tribunal contra Musk, refere a Reuters. Ambos os tweets de Elon Musk foram entretanto apagados da sua conta do Twitter e o CEO acabou por pedir desculpas.

Exausto... e a preocupar o mercado

 

Inúmeros analistas e investidores disseram à Reuters, sob anonimato, que os comentários de Musk têm contribuído para os receios de que as suas declarações públicas o estejam a desviar do negócio principal da Tesla – que é produzir veículos eléctricos.

Em meados de Agosto, Musk disse estar "exausto" e os receios intensificaram-se. Depois disso, já teve mais atitudes polémicas, como fumar marijuana durante um programa transmitido na Internet, em inícios deste mês, o que levou a que dois executivos da Tesla pedissem a sua demissão.

Elon Musk, além de liderar a Tesla, é também CEO da empresa de foguetões SpaceX e presidente não executivo da SolarCity [que se dedica à concepção, financiamento e instalação de sistemas de energia solar], além de ter sido o criador do sistema de pagamentos online Paypal.

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