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Moody’s: Corrupção da Odebrecht afecta projectos de infraestruturas na América Latina
Os casos de corrupção relacionados com a empreiteira brasileira Odebrecht afectaram o desenvolvimento de projectos de infraestruturas e energia na América Latina, destaca um relatório da agência de 'ratings' Moody's.
Um relatório da Moody’s divulgado esta quarta-feira, 3 de Maio, refere que uma série de contratos de concessão de grandes projectos foram cancelados em vários países da América Latina, incluindo o Peru, Colômbia e o Panamá.
"Várias concessões de infraestruturas foram interrompidas e devem ser lançadas novamente em função dos escândalos de corrupção envolvendo a Odebrecht", disse Adrián Garza, vice-presidente da Moody's.
Na opinião da agência, a resolução dos obstáculos legais e administrativos referentes a estes projectos deve demorar entre 12 e 24 meses.
De acordo com a Moody's, a paralisação de obras, que variam de oleodutos até projectos voltados para a navegabilidade em rios, tem sido sentida em toda a economia da América Latina como um factor que está a contribuir para as recentes reduções das expectativas de crescimento económico.
A agência de classificação de risco destacou ainda que as empresas que participam em grandes projectos de infraestrutura estão a enfrentar agora pressões de fluxo de caixa e os bancos, que emprestaram tanto às concessões como directamente às empresas envolvidas, estão a enfrentar maiores riscos de activos.
A este respeito, o relatório indica que a desaceleração das obras limitará o ritmo a que os países irão reduzir a diferença significativa de infraestruturas na região.
Para a Moody's, no entanto, as investigações dos casos de corrupção envolvendo a Odebrecht lançaram luz sobre este problema muito comum na América Latina e devem motivar toda a região fortalecendo medidas de transparência em processos de licitação para evitar a corrupção.
A empreiteira brasileira Odebrecht está implicada em vários escândalos de corrupção na região e já admitiu ter pago pelo menos 788 milhões de dólares (723,1 milhões de euros) em subornos a funcionários de governos de 11 países, nove deles na América Latina.