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Martifer disponível para "diálogo salutar e transparente" com trabalhadores dos Estaleiros
O presidente do grupo Martifer manifestou hoje à agência Lusa a intenção de encetar um "diálogo salutar e transparente" com os trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC), conforme solicitação apresentada na segunda-feira.
O líder do grupo privado que venceu o concurso da subconcessão dos ENVC reagia desta forma à decisão dos trabalhadores daquela empresa pública que, na segunda-feira, autorizaram os dirigentes sindicais a solicitarem uma reunião à Martifer, para conhecerem o plano de contratação previsto.
Contactado pela Lusa, Carlos Martins recordou que a empresa West Sea, criada pelo grupo Martifer para operar em Viana do Castelo e onde prevê criar 400 postos de trabalho, "ainda não tomou posse das instalações e das infra-estruturas" dos ENVC que lhe foram subconcessionadas pelo Estado.
Contudo, explicou, "isso não invalida que a administração da West Sea queira manter um diálogo salutar e transparente com os trabalhadores" e que "esteja disponível para, no momento oportuno, se reunir com os representantes sindicais".
O administrador sublinha que só "com um diálogo franco e com paz laboral" será "possível levar em frente um projecto que vai devolver a construção e reparação naval a Viana do Castelo", permitindo "manter uma tradição com mais de 70 anos de existência".
Reunidos em plenário, os trabalhadores dos ENVC autorizaram os dirigentes sindicais a solicitarem uma reunião com a administração do novo subconcessionário, de quem esperam "boa-fé".
"Estamos a dar o passo da parte sindical", afirmou, na ocasião, Branco Viana, coordenador da União de Sindicatos de Viana do Castelo, estrutura que está a conduzir estes contactos.
A nova empresa West Sea iniciou na passada quinta-feira o recrutamento de trabalhadores para a nova unidade em Viana do Castelo, tendo a administração garantido, anteriormente, que a "prioridade" seria para os 609 funcionários dos ENVC.
Nesta altura, mantêm-se com vinculo à empresa pública menos 500 trabalhadores.
"Temos a esperança que uma grande parte destes trabalhadores sejam contratados para uma empresa que venha a continuar a ser de construção e reparação naval como são os estaleiros de Viana do Castelo", admitiu o sindicalista Branco Viana.
Sobre a vontade de dialogar, afirma resultar da "necessidade" de "salvaguardar" os direitos dos trabalhadores, nomeadamente para "saber qual o plano de contratações" dos atuais trabalhadores dos ENVC pelo novo subconcessionário.
Contudo mantêm o apelo à "resistência" dos trabalhadores às revogações amigáveis dos contratos de trabalho, como forma de "defender os seus direitos", nomeadamente sobre o fundo de pensões da empresa, para o qual descontaram ao longo dos anos.