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Marco Galinha: "Vim para os media com amor a Portugal"

Marco Galinha assevera que veio para os media sem "nenhuma agenda" e investiu "para além das possibilidades na salvação" da Global Media Group, apesar de levar "pancada".

Lusa 28 de Novembro de 2023 às 09:03
O presidente executivo (CEO) do grupo Bel, Marco Galinha, diz, em entrevista à Lusa, que entrou nos media "com amor a Portugal" e considera que o futuro do setor no mercado português vai passar por "fusões e aquisições".

Marco Galinha deixou de ser CEO da Global Media Group (GMG), que detém o Diário de Notícias (DN), Jornal de Notícias (JN), TSF, entre outros títulos, assumindo agora as funções de 'chairman', quase três anos depois de ter entrado na empresa.

Num balanço da sua experiência no setor dos media, o empresário refere que conheceu "pessoas fabulosas" e sentiu que andavam "todos a caminhar para o mesmo lado" e que "gostava que eles sentissem" que da sua parte "foi a mesma coisa".

No entanto, "há uma grande falta de diálogo" e interpretações "erradas" muitas vezes "sobre a intenção dos acionistas", aponta.

"A minha intenção no grupo que represento foi fazer o melhor de acordo com as capacidades que tínhamos", diz.

Marco Galinha assevera que veio para os media sem "nenhuma agenda" e investiu "para além das possibilidades na salvação" da GMG, apesar de levar "pancada".

"Eu vim para os media com amor a Portugal, com amor à portugalidade e a acreditar seriamente que este projeto de língua portuguesa era uma nova forma de afirmarmos a liderança neste mundo global", sublinha.

Sobre o futuro do setor dos media em Portugal, Marco Galinha aponta que a "língua portuguesa é uma força mundial".

Aliás, "é quase o nosso quinto império futuro daquilo que podemos fazer", sublinha o empresário, considerando que país tem a ganhar com isso.

Depois, "inevitavelmente acredito que vão existir fusões em Portugal, reestruturações dos grupos, porque o mercado é muito pequeno em Portugal, mas é enorme na língua portuguesa".

Se "remarmos todos para o mesmo lado, podemos atingir aqui uma liderança na direção certa", defende, apontando que Portugal tem jornais mais antigos que o New York Times, dando o exemplo do Açoriano Oriental.

"Temos jornais que são ainda grandes referências mundiais", remata.

Além disso, acredita que o futuro do setor "vai ser muito ligado à inteligência artificial (IA)". Ou seja, vai incluir IA "com bons jornalistas", talvez "menos" profissionais, mas com "mais qualidade".

O gestor adianta que já está a trabalhar com IA em todo o espólio do Diário de Notícias e que tem como objetivo criar uma fundação e usar a tecnologia para organizar a informação.

Questionado sobre a análise que a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) está a fazer sobre o fundo suíço Union Capital Group (UCAP Group) que agora controla a GMG, Marco Galinha refere que este tem cerca de 100.000 subscritores.

"Andar a pedir um beneficiário efetivo de um fundo com 100.000 subscritores é uma coisa do outro planeta, só revela que há qualquer coisa que não bate certo", afirma.

"Este fundo acreditou no projeto de língua portuguesa", sublinha, acreditando que o "ruído" à volta do novo acionista da GMG "também seja do interesse da concorrência", citando a teoria do caranguejo: quando se vê alguém a sair da caixa, o ideal é puxá-lo para trás.

"O que eu sei é aquilo que foi feito e que eu tive conhecimento: foi um projeto para dignificar a língua portuguesa e para Portugal estar na liderança da língua portuguesa, dos media do futuro", remata.

"A Global Media quando o grupo Bel entrou, ainda não fez três anos, estava numa situação muito difícil", ou seja, de "quase não continuidade do grupo todo em 15 dias", relata, recordando que na altura "foi feito um plano de emergência, uma equipa brilhante a trabalhar dia e noite neste projeto de salvação porque a importância de um Diário de Notícias, de um Jornal de Notícias, do Jogo, de uma TSF era verdadeiramente importante".

"Dado o impacto que aquilo tinha a nível nacional" a decisão tomada foi "correr o risco e salvar a empresa". O DN foi retomado a papel, depois surgiu a covid, depois o impacto do conflito Ucrânia-Rússia.

"Estrategicamente o grupo Bel tinha interesse na área da logística, nós tivemos oportunidade de comprar a Vasp, na altura à Impresa, e essa é a nossa essência, nós somos um operador logístico, contudo, dada à responsabilidade que tínhamos no projeto e que falámos aos jornais do projeto da lusofonia, (...) andámos a tentar arranjar o parceiro certo e eu penso que o encontrámos", prossegue.

Atualmente, Marco Galinha acompanha a GMG nas notícias e nas reuniões em que está presente no Conselho de Administração, pelo que já não tem funções executivas.

"A minha função na empresa é auxiliar naquilo que posso, a decisão foi tomada porque havia um período do grupo Bel sair deste projeto nesta fase", até para se concentrarem na "sua essência" de operador logístico, numa empresa que tem de tomar as decisões quer na Vasp quer na distribuição.

Também a Vasp tem "uma grande relação" com os media e "existiam incompatibilidades de estar à frente da Global Media e assumir 100% da Vasp", por razões de concorrência, "então esta decisão tinha que ser tomada".

Sobre o eventual despedimento coletivo na GMG, o empresário refere que as reestruturações dos projetos de media estão a acontecer em todo o mundo: Com a "continuidade de todas estas ameaças que vemos atualmente os projetos têm de ser viáveis e há que tomar decisões e imagino que o fundo tome as decisões", tal como a nova equipa de gestão, que "são essenciais para a continuidade da empresa".
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