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Lusocargo: Crise no Mar Vermelho com "impacto indirecto claro" no transporte rodoviário
Administrador da transportadora Lusocargo diz que a crise no Mar Vermelho traz "um impacto indireto claro" ao transporte rodoviário de mercadorias, com as mais afetadas por atrasos nas entregas a serem as que dependem de "prazos rigorosos e de componentes importados da Ásia", como a indústria eletrónica, química ou automóvel.
A transportadora Lusocargo, descrita como um dos maiores transitários a operar em Portugal, diz que a crise no Mar Vermelho traz "um impacto indireto claro" ao transporte rodoviário de mercadorias.
"Quando falamos do transporte rodoviário de mercadorias, a principal atividade da Lusocargo, há um impacto indireto claro, sendo que os analistas já apontam o mercado em que desenvolvemos a maioria das nossas operações, a Europa, como o mais suscetível", diz o administrador da Lusocargo e diretor de transporte rodoviário do Grupo BBL, do qual a empresa faz parte desde 2021, em declarações escritas ao Negócios.
Ricardo Arroyo assinala que os setores mais afetados pelos atrasos nas entregas "são claramente aqueles que dependem fortemente de prazos rigorosos e de componentes importados da Ásia, como a indústria eletrónica, química, automóvel, maquinaria e outras indústrias de engenharia.
"Toda a 'supply chain' funciona como um todo e sempre que se regista uma disrupção num certo ponto do mundo, há, invariavelmente, um efeito de 'bola de neve', com repercussões indiretas em todas as atividades logísticas e indústrias", pelo que "dada a necessidade de os operadores marítimos optarem pelo Cabo da Boa Esperança, um transporte torna-se consideravelmente mais distante. Com esta restrição de acessos, redução de eficiência e aumento dos custos operacionais, há um desafio acrescido em toda a restante cadeia, nomeadamente no cumprimento dos prazos de entrega e no equilíbrio da oferta e da procura", comenta.
O número de navios que atravessou o canal do Suez, uma das principais vias marítimas do mundo, caiu 51,3% desde o início dos ataques dos rebeldes huthis do Iémen, em novembro do ano passado, de acordo com dados do observatório Port Watch, uma ferramenta da Universidade de Oxford e do Fundo Monetário Internacional.
A Lusocargo, fundada em 1984, com espaços físicos no Porto, Mealhada, Lisboa e Pombal e mais de 200 trabalhadores, tem como "core" da atividade o transporte rodoviário, embora também opere no no transporte marítimo e aéreo, tendo como principais mercados Espanha, Alemanha, França, Itália, Países Baixos, Turquia e Reino Unido.
Desde 2021, a empresa integra o Grupo BBL que está ativo em 20 países, principalmente na Europa, mas também no Brasil, EUA e México, que conta mais de 2.000 funcionários e fechou 2022 com um volume de negócios consolidado de 620 milhões de euros que, segundo estimativas do grupo, terá subido para aproximadamente 700 milhões de euros no ano passado.