Os dois candidatos à segunda volta das eleições presidenciais brasileiras, Lula da Silva e Geraldo Alckmin, defrontaram-se segunda-feira à noite, pela terceira vez, num debate televisivo sem novidades, embora mais agressivo que o anterior.

A seis dias das eleições, Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), e Alckmin, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), repetiram os seus argumentos, propostas e acusações no debate promovido pela TV Record.

Alckmin, que adoptou um tom menos ameno do que no debate do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), no último dia 20, insistiu na questão dos escândalos que marcaram o actual governo e voltou a criticar o baixo crescimento do Brasil.

"Estas são duas marcas desse governo: parado na economia, e acelerado nos escândalos", assinalou o social-democrata.

O actual presidente, que adoptou uma postura mais irónica, disse que o seu governo "não engaveta" denúncias e reafirmou que tudo será apurado.

"Acabou no Brasil a era em que as coisas eram varridas para debaixo do tapete", destacou Lula da Silva .

Alckmin prometeu dar prioridade ao crescimento da economia brasileira, baixar os juros, reduzir os impostos e cortar nos gastos.

Lula da Silva afirmou que o seu governo "salvou o país" e que o Brasil estava falido quando assumiu o poder.

Destacou ainda feitos do seu governo e disse sonhar que o Brasil possa realizar uma "Operação Mãos Limpas", como a Itália.

Geraldo Alckmin referiu que o sistema de saúde nunca viveu uma crise tão grande e Lula da Silva rebateu dizendo que os investimentos nesta área aumentaram significativamente.

O clima aqueceu no final do debate, quando Alckmin questionou o presidente sobre as "mentiras" da campanha do PT de que ele privatizaria empresas públicas, como a Petrobrás e o Banco do Brasil .

O presidente Lula, por seu turno, disse, de forma enfática, que Alckmin não conhecia as condições de pobreza do povo do Nordeste brasileiro, mas admitiu que não fez tudo o que gostaria de ter realizado no seu governo.

Os dois candidatos voltam a confrontar-se na sexta-feira, dois dias antes da segunda volta das eleições, durante o debate promovido pela TV Globo, a maior e mais influente rede televisiva do Brasil.