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Lucros do BPI no semestre caem 68% para 42,6 milhões de euros

O BPI fechou o semestre com lucros de 42 milhões de euros, tendo constituído imparidades de crédito no valor de 83 milhões de euros "com caráter preventivo".

31 de Julho de 2020 às 11:07
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O BPI fechou o primeiro semestre com lucros de 42,6 milhões de euros, o que se traduz numa queda de 68% face aos valores registados no mesmo período do ano passado.

O banco constituiu 83 milhões de euros de imparidades de crédito, "incluindo com carácter preventivo imparidades não alocadas decorrentes da revisão do cenário macroeconómico no contexto COVID19", lê-se no comunicado enviado pelo banco à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). O resultado líquido da atividade em Portugal caiu 93% em termos homólogos para 6,5 milhões de euros. O contributo das participações no BFA e no BCI para os resultados foi de 36,1 milhões. 

"Antecipámos a maioria dos impactos negativos que prevemos para 2020. É muito prudente fazê-lo visto que os graus de incerteza são elevados. É preferível viver com uma situação mais apertada e realista do que ir fazendo essa mesma prudência ao longo do tempo em que vamos observado os acontecimentos. Isto reforça o perfil que o banco tem e sempre teve face ao assunto risco", declarou o CEO do BPI, João Oliveira e Costa, na conferência de imprensa de apresentação de resultados.

Este reforço levou a que o rácio de cobertura tenha aumentado para perto de 70%, "o que reforça ainda mais a prudencia que banco pretendeu ter sobre este assunto", realçou. O CEO revelou, numa nota aparte, que o banco detém uma carteira de imóveis para venda de 10 milhões de euros, "o que reflete a nossa prudência e nível de apetite ao risco". 

"Prudência" foi, de resto, a palavra mais repetida por Oliveira e Costa ao longo da conferência. O CEO garantiu que o nível de cautela "é para manter até a situação ficar mais clara".

Moratórias abrandaram "muitíssimo"

O CEO do BPI revelou que o crédito à habitação aumentou 2,3%, para 11.638 milhões de euros, reconhecendo que as moratórias tiveram "impacto", mas "a contratação de novo credito também teve um papel importante". 

A produção de crédito hipotecário cresceu 54% em termos homólogos para 809 milhões de euros, com o banco a atingir a maior quota de mercado de crédito hipotecário em carteira dos últimos 10 anos.

Já a contratação de novo crédito ao consumo caiu 26% devido à pandemia, situando-se agora nos 266 milhões de euros.

A contratação de crédito a empresas, tanto novo crédito como operações renovadas, subiu 14% face ao mesmo período do ano passado. "As linhas com apoio do Estado tiveram o seu contributo, mas este valor também aumentou devido à relação que temos com as empresas mais viáveis", destacou Oliveira e Costa, naquela que foi a primeira apresentação de resultados que conduziu, após ter substituido Pablo Forero na liderança do BPI em maio. No total, houve mais de quatro mil candidaturas às linhas de crédito de apoio público COVID-19, que correspondem a 549 milhões de euros. O banco tinha ainda três mil milhões de euros de linhas de crédito BPI Empresas "disponíveis para utilização imediata no final de junho de 2020".

O banco registou um número total de pedidos de moratórias que ascendeu a 73 200. "Nas últimas semanas os pedidos abrandaram muitíssimo. Não há crescimento digno de assinalar. Quem queria pedir moratória pediu no momento mais crítico da pandemia", destacou o CEO. 

A carteira total de crédito a clientes aumentou 2,4%, ou 596 milhões de euros, para 24.977 milhões de euros. 

 Oliveira e Costa reforçou que, apesar do contexto, o desempenho do banco no semestre foi "bom", e mantém a previsão de lucros até ao fim do ano. 

A atividade comercial ficou ainda marcada pelo aumento de depósitos de clientes em 8,3% para 1.877 milhões de euros no período em análise. Já os ativos sob gestão registaram uma diminuição de 5,2% para 9.288 milhões de euros, "explicada em parte pela desvalorização da respetiva carteira de ativos financeiros devido à volatilidade dos mercados de capitais". Os recursos totais de clientes cresceram 3,7%, para um total de 35.658 milhões. 

O rácio de NPE desceu para 2%, enquanto o rácio de NPL caiu para 2,8%. De acordo com o comunicado, "o crédito duvidoso estava coberto a 125% por imparidades e colaterais no final de junho 2020". Até ao fim do primeiro semestre foram registadas imparidades de crédito brutas de 87 milhões, o que inclui o efeito da revisão do cenário macroeconómico no âmbito da pandemia. 

A margem financeira do banco subiu 2,4% face ao homólogo, para 220 milhões de euros, "suportada pelo crescimento da carteira de crédito".

As comissões líquidas recuaram 7,1% para 118 milhões, também "devido ao abrandamento da atividade económica decorrente da pandemia".

O banco conseguiu reforçar os rácios de capital, com o rácio de "common equity tier 1" a subir de 13,4% para 13,8%. 

(Notícia atualizada pela última vez às 12h31 com mais informação)

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