Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

iTudo no mundo mudou

"Uma estrela", "visionário", "génio" são algumas das reacções mundiais à morte de Steve Jobs.

07 de Outubro de 2011 às 00:01
  • ...
Os computadores passaram a ter cor, a música passou a ser mais global, os telemóveis estão mais inteligentes e a electrónica está colada aos nossos dedos. Tudo obra de um homem? Provavelmente não, mas ajudou muito. Steve Jobs foi mais do que um "geek" (cromo) da informática, foi mais do que um gestor. Foi um visionário para alguns, para muitos um mentor. Quase quatro décadas depois de ter fundado a Apple, "iTudo o mundo mudou"…

Jobs poderia ter sido o nosso vizinho do lado, não tivesse nascido na terra dos sonhos e das oportunidades. Foi adoptado em bebé, na Califórnia, a sua terra natal, não terminou a universidade e seguiu o seu sonho de criar valor e empreender. Na década de 70 junta-se a dois amigos, Steve Wozniak e Mike Markkula, e cria uma empresa a que dá o nome de maçã. Se alguém perguntasse hoje a um guru de gestão de marca se "maçã" vingaria como nome de empresa provavelmente diria que não.

Foi ao som de Irene Cara e do célebre "I've got a feeling" que o então jovem Steve Jobs apresentou o primeiro Macintosh, estávamos em 1984. O empreendedor explicou como a IBM havia desvalorizado a computação pessoal, deixando o caminho livre para a então Apple II. "1984 já não será o mesmo 1984", disse Jobs. Nesse ano, a empresa da maçã já valia três mil milhões de dólares e o futuro parecia sorrir-lhe.

Na altura, a Apple concorria directamente com a IBM - falava-se então na "guerra dos computadores". Hoje, a Big Blue já abandonou a venda de PC e a "empresa da maçã" foi mais longe, com o lançamento do iPad. E concorre com os gigantes da Internet.

Steve Jobs teve uma visão para o mundo digital quando a Internet ainda era uma miragem e apesar de ter demorado algumas décadas, o mundo seguiu-o. Hoje os leitores de música digitais são iPod, mesmo que não sejam da Apple, os tablet PC são iPad e todos querem copiar o sucesso do iPhone. A concorrência tem acelerado o passo, mas a verdade é que existem os chamados líderes e os seguidores e Jobs sempre soube que queria ser o comandante deste grande cruzeiro tecnológico e não mais um elemento do ecossistema.

Depois de ter sido despedido da empresa que fundara, de ter constituído mais uma tecnológica (a Next que mais tarde acabou por ser adquirida pela Apple) e de ter comprado a Pixar, Jobs voltou a "morder" a maçã, com o objectivo de a reerguer no mercado. O lançamento do primeiro iPod, em 2001, foi o verdadeiro marco para a tecnológica, só depois se seguiram os grandes sucessos, como iPhone e o iPad.

Nem sempre com um feitio fácil, como conta quem trabalhou ao seu lado, o co-fundador da Apple seguia ao milímetro todo o processo de criatividade e de produção, chegando mesmo a ser considerado obsessivo. Talvez esteja aqui o maior desafio para o novo CEO da Apple, Tim Cook. Apesar de já acompanhar Jobs há muito na gestão da empresa, Cook viverá ainda algum tempo na sombra do fundador da Apple. A fabricante californiana, para não desiludir nem o mercado nem os investidores, não se poderá cingir ao lançamento de versões dos seus produtos estrela, como aconteceu na passada terça-feira, com o iPhone 4S, quando toda indústria já esperava pela versão 5.

A última aparição do CEO da Apple foi em Julho último, quando apresentou o "iCloud", a "nuvem computacional" da Apple, que é um programa que irá permitir aos utilizadores dos produtos da fabricante acederem a conteúdos musicais a partir de qualquer aparelho da marca. O novo produto surge assim para manter a hegemonia da empresa no mercado do "smartphones" e "tablets", numa altura em que a concorrência é cada vez mais forte, com o aparecimento de aparelhos com o sistema da Google, o Android. Mas não só de produto vive a Apple: a disputa pelas patentes continua na barra dos tribunais e Cook terá que assegurar que a sua concorrência não anda a copiar as ideias da "empresa da maçã".

Jobs "não é apenas um homem de negócios, é um visionário que mudou o mundo da computação, redesenhando novas regras e introduzindo design", escrevia na altura a revista "Wired".

"Ninguém quer morrer", disse em Stanford, num discurso na universidade local, onde se dava como vencedor de uma luta desigual contra o cancro que acabou por derrotá-lo. Aos 56 anos, Steve Jobs, não resistiu à doença que padecia desde 2004.

O guru das tecnologias que virou budista ficará na história. A sua vida servirá de argumento de livros, provavelmente será transformada em guião de cinema e o seu percurso será dado como exemplo em inúmeras salas de aula por todo o mundo. A Apple ficou mais pobre e o mundo perdeu uma mente brilhante. iAdeus Jobs.

Ver comentários
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio