O intervalo de preços para a venda das acções da Galp, definido pelo Governo na quarta-feira em Conselho de Ministros, avalia a petrolífera entre 4,2 e 5,07 mil milhões de euros e o encaixe para o Estado com a oferta pública inicial (IPO) entre 965 milhões e 1,16 mil milhões de euros.

Serão alienadas 190.727.646 acções da Galp Energia, equivalentes a 23% do capital da empresa, a um preço que oscilará entre 5,06 e 6,12 euros cada, sendo que este poderá sofrer um desconto de 10%. Se tal for praticado, a avaliação da Galp desce para entre 3,8 e 4,6 mil milhões de euros e o encaixe da operação para entre 868 milhões de euros e 1,05 mil milhões de euros.

De qualquer forma, com a venda de uma posição de 23% na Galp, o Estado garante um encaixe que rondará os mil milhões de euros, assegurando assim grande parte do montante previsto este ano com privatizações - 1,56 mil milhões de euros. O restante deverá resultar da última fase de privatização da Portucel e do IPO da REN, embora esta última operação possa deslizar para 2007.

Quando questionado pelos jornalistas quanto ao facto da avaliação ter ficado abaixo das previsões, que antes das últimas alterações na empresa chegaram a apontar para 6 mil milhões de euros, o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos disse que "não se pode esquecer que houve a distribuição de um dividendo extraordinário de 800 milhões".

Para além deste facto, o IPO da Galp - a estreia em bolsa está prevista para 23 de Outubro - vai ocorrer numa altura em que os preços do petróleo estão mais de 20% abaixo dos máximos históricos fixados em Julho e as margens de refinação estão em queda. As decisões regulatórias para o sector do gás também terão pressionado a avaliação em baixa na empresa liderada por Marques Gonçalves. Além dos preços do IPO, o Governo fixou também as tranches a alienar pelos vários segmentos da oferta pública de venda.

Para a venda directa, que será realizada a investidores institucionais, o Governo destinou 90.463.769 acções, que correspondem a 10,91% do capital da Galp e quase metade da totalizada da oferta. Consoante a procura dos investidores na OPV e venda directa, o número de acções destinado a cada tranche pode ser reduzido ou aumentado em 30%.