Notícia
Grupo Aquapor quer aumentar faturação em 13% este ano para perto dos 130 milhões
O presidente executivo do grupo Aquapor assume que o objetivo é "crescer acima dos dois dígitos" este ano, numa estratégia que passa por "novas concessões e novos negócios".
12 de Fevereiro de 2022 às 10:32
A Aquapor, responsável por 13 concessões de água e saneamento em Portugal, quer aumentar a faturação em 13% este ano, para perto de 130 milhões de euros, crescendo "por via de novas concessões e novos negócios", avançou o presidente.
Em entrevista à agência Lusa, o presidente executivo do grupo Aquapor, António Cunha, disse que a empresa fechou 2021 com um volume de negócios de 115 milhões de euros e pretende "crescer acima dos dois dígitos" este ano.
A estratégia é expandir-se quer "por via de novas concessões, quer de novos negócios", como a operação e manutenção de infraestruturas ligadas ao setor da água, a automação e gestão remota, o tratamento de águas residuais, os serviços de engenharia e projetos de economia circular, de que é exemplo o aproveitamento de subprodutos, como as lamas.
Adicionalmente, referiu o CEO, a recente integração da Aquapor no grupo francês Saur, em 2021, irá permitir-lhe alargar o portefólio a toda uma "panóplia de soluções" de que até agora não dispunha, possibilitando, nomeadamente, a sua entrada no segmento industrial.
Para António Cunha, o atual cenário de seca em Portugal torna ainda mais premente que se potencie o 'know how' dos concessionários privados no setor da água e saneamento para tornar todo o sistema mais eficiente, seja por via de novas concessões, seja de "outros modelos de gestão".
"Queremos [os concessionários privados] não só mais concessões, mas todos aqueles negócios em que possamos contribuir para preservar o recurso e ser remunerados adequadamente para tal", sustenta.
Neste contexto, o presidente da Aquapor diz que o setor privado tem estado a "tentar relançar o mercado das concessões, inclusive transmitindo que é uma boa forma de atingir objetivos de sustentabilidade ambiental, reduzindo as perdas de água, melhorando a 'performance' e melhorando o tratamento das águas residuais".
"Estamos a trabalhar no sentido de convencer e transmitir ao mercado que temos soluções, temos 'know how' e podemos ajudar a gerir melhor", refere.
Tendo por base dados de 2019 da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR), o gestor diz ser preocupante o nível de perdas de água dos sistemas de abastecimento de gestão pública, garantindo que, com a eficiência dos privados, se pouparia por ano o equivalente ao consumo anual de 1,5 milhões de habitantes.
Segundo António Cunha, o nível médio de água não faturada (sobretudo por perdas nas redes de água) ronda os 30% em Portugal, com as concessionárias privadas a apresentarem uma média 15%, mas "muitos municípios" a registarem perdas de água "superiores a 50%".
"Se estas entidades de gestão pública reduzissem as perdas para os 15% das concessões, estaríamos a falar de uma poupança anual na ordem dos 150 milhões de euros, o que dava para abastecer 1,5 milhões de habitantes por um ano", salienta.
E, sendo "a questão financeira importante", o presidente da Aquapor destaca que "ainda mais importante é o facto de a água ser um recurso escasso, que há que preservar", sobretudo num cenário de seca como o vivido atualmente em Portugal. "Porque, se não se faz nada, cai-se numa situação de falha de abastecimento", avisa.
De acordo com António Cunha, ao longo da última década "tem havido uma grande evolução positiva" nas perdas de água das concessões privadas, mas "nas outras entidades, geridas diretamente pelos municípios ou através de outras formas, como os serviços municipalizados ou as empresas municipais, não há evolução e a situação é grave".
"Isso tem a ver muito com falta de investimento na renovação da rede, mas também com vários outros aspetos. É preciso identificar onde é que são as zonas negras que é preciso priorizar, o que implica, desde logo, ter uma digitalização da rede, ter uma estratégia de deteção preventiva de perdas de água, investir em telecontagem de contadores, etc", explica.
Salientando que "o setor privado das concessões investiu 2.000 milhões de euros nos últimos 10 anos, grande parte deles direcionado para este tema", António Cunha precisou que, no caso da Aquapor, tal permitiu reduzir as perdas dos mais de 40% registados no início das suas concessões para a atual média de 15 a 17%.
"Mas os municípios que não foram concessionados mantêm-se nos 40% [de perdas de água]. Isto significa que, porque o modelo de gestão não é eficiente, se não fizerem nada, estes municípios continuarão sempre a perder água, o que é muito importante numa altura em que estamos a atravessar um período de seca severa em vários pontos do país", enfatizou, alertando: "Estamos numa emergência climática e numa emergência também relacionada com as questões da água".
O presidente da Aquapor nota que a estratégia tem passado muito por "dizer ao consumidor que tem de alterar os seus hábitos de consumo" -- o que "é importante", diz - mas considera que, "hoje, o consumidor já pouco pode fazer para racionalizar mais" as suas práticas.
"Já as entidades gestoras podem, e devem, e a bola está do lado delas, porque têm de reduzir estas perdas e fazer uma gestão racional dos recursos", salienta.
Para António Cunha, mais do que o tipo gestão dos sistemas de abastecimento de água - seja ela pública ou privada - "o que importa são as boas práticas".
Contudo, "quando se está numa emergência, deve ir-se buscar os que mostraram que conseguem resolver o problema, para todos trabalharem em conjunto", defende.
"Não estou a dizer que tem de ser só através de concessões, isto pode ser feito através de outros modelos de gestão", disse à Lusa.
Como exemplos, avançou como possível um modelo "em que as entidades privadas, fruto do seu 'know how', podem ser remuneradas através de contratos de 'performance', em que são pagas através de um modelo de partilha de ganhos".
Outra possibilidade, aponta, é a aposta em "aplicações tecnológicas, como a telecontagem, e outro tipo de serviços".
Em entrevista à agência Lusa, o presidente executivo do grupo Aquapor, António Cunha, disse que a empresa fechou 2021 com um volume de negócios de 115 milhões de euros e pretende "crescer acima dos dois dígitos" este ano.
Adicionalmente, referiu o CEO, a recente integração da Aquapor no grupo francês Saur, em 2021, irá permitir-lhe alargar o portefólio a toda uma "panóplia de soluções" de que até agora não dispunha, possibilitando, nomeadamente, a sua entrada no segmento industrial.
Para António Cunha, o atual cenário de seca em Portugal torna ainda mais premente que se potencie o 'know how' dos concessionários privados no setor da água e saneamento para tornar todo o sistema mais eficiente, seja por via de novas concessões, seja de "outros modelos de gestão".
"Queremos [os concessionários privados] não só mais concessões, mas todos aqueles negócios em que possamos contribuir para preservar o recurso e ser remunerados adequadamente para tal", sustenta.
Neste contexto, o presidente da Aquapor diz que o setor privado tem estado a "tentar relançar o mercado das concessões, inclusive transmitindo que é uma boa forma de atingir objetivos de sustentabilidade ambiental, reduzindo as perdas de água, melhorando a 'performance' e melhorando o tratamento das águas residuais".
"Estamos a trabalhar no sentido de convencer e transmitir ao mercado que temos soluções, temos 'know how' e podemos ajudar a gerir melhor", refere.
Tendo por base dados de 2019 da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR), o gestor diz ser preocupante o nível de perdas de água dos sistemas de abastecimento de gestão pública, garantindo que, com a eficiência dos privados, se pouparia por ano o equivalente ao consumo anual de 1,5 milhões de habitantes.
Segundo António Cunha, o nível médio de água não faturada (sobretudo por perdas nas redes de água) ronda os 30% em Portugal, com as concessionárias privadas a apresentarem uma média 15%, mas "muitos municípios" a registarem perdas de água "superiores a 50%".
"Se estas entidades de gestão pública reduzissem as perdas para os 15% das concessões, estaríamos a falar de uma poupança anual na ordem dos 150 milhões de euros, o que dava para abastecer 1,5 milhões de habitantes por um ano", salienta.
E, sendo "a questão financeira importante", o presidente da Aquapor destaca que "ainda mais importante é o facto de a água ser um recurso escasso, que há que preservar", sobretudo num cenário de seca como o vivido atualmente em Portugal. "Porque, se não se faz nada, cai-se numa situação de falha de abastecimento", avisa.
De acordo com António Cunha, ao longo da última década "tem havido uma grande evolução positiva" nas perdas de água das concessões privadas, mas "nas outras entidades, geridas diretamente pelos municípios ou através de outras formas, como os serviços municipalizados ou as empresas municipais, não há evolução e a situação é grave".
"Isso tem a ver muito com falta de investimento na renovação da rede, mas também com vários outros aspetos. É preciso identificar onde é que são as zonas negras que é preciso priorizar, o que implica, desde logo, ter uma digitalização da rede, ter uma estratégia de deteção preventiva de perdas de água, investir em telecontagem de contadores, etc", explica.
Salientando que "o setor privado das concessões investiu 2.000 milhões de euros nos últimos 10 anos, grande parte deles direcionado para este tema", António Cunha precisou que, no caso da Aquapor, tal permitiu reduzir as perdas dos mais de 40% registados no início das suas concessões para a atual média de 15 a 17%.
"Mas os municípios que não foram concessionados mantêm-se nos 40% [de perdas de água]. Isto significa que, porque o modelo de gestão não é eficiente, se não fizerem nada, estes municípios continuarão sempre a perder água, o que é muito importante numa altura em que estamos a atravessar um período de seca severa em vários pontos do país", enfatizou, alertando: "Estamos numa emergência climática e numa emergência também relacionada com as questões da água".
O presidente da Aquapor nota que a estratégia tem passado muito por "dizer ao consumidor que tem de alterar os seus hábitos de consumo" -- o que "é importante", diz - mas considera que, "hoje, o consumidor já pouco pode fazer para racionalizar mais" as suas práticas.
"Já as entidades gestoras podem, e devem, e a bola está do lado delas, porque têm de reduzir estas perdas e fazer uma gestão racional dos recursos", salienta.
Para António Cunha, mais do que o tipo gestão dos sistemas de abastecimento de água - seja ela pública ou privada - "o que importa são as boas práticas".
Contudo, "quando se está numa emergência, deve ir-se buscar os que mostraram que conseguem resolver o problema, para todos trabalharem em conjunto", defende.
"Não estou a dizer que tem de ser só através de concessões, isto pode ser feito através de outros modelos de gestão", disse à Lusa.
Como exemplos, avançou como possível um modelo "em que as entidades privadas, fruto do seu 'know how', podem ser remuneradas através de contratos de 'performance', em que são pagas através de um modelo de partilha de ganhos".
Outra possibilidade, aponta, é a aposta em "aplicações tecnológicas, como a telecontagem, e outro tipo de serviços".