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Gerir aeroporto Sá Carneiro pode ser um negócio para perder dinheiro

Belmiro de Azevedo considerou, na noite de quinta-feira, no Porto, que um possível investimento no aeroporto Sá Carneiro "tem 99 por cento de ser um perdócio", ou seja, um negócio para perder dinheiro.

29 de Fevereiro de 2008 às 07:42
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Belmiro de Azevedo considerou, na noite de quinta-feira, no Porto, que um possível investimento no aeroporto Sá Carneiro "tem 99 por cento de ser um perdócio", ou seja, um negócio para perder dinheiro.

O empresário entende que o grupo de que é líder, a Sonae, veria o possível controlo daquele aeroporto como "um serviço à sociedade", isto é, "na linha" do que fez com o ex-Hotel Sheraton, entretanto rebaptizado Porto Palácio, e depois com o jornal Público. O aeroporto do Porto "é nessa mesma linha", pois "não pode ser rentável nos próximos anos", sustentou Belmiro de Azevedo, que deste modo monopolizou parte das atenções da conferência que fechou mais um ciclo Olhares Cruzados Sobre o Porto, organizado pelo Público e pela Universidade Católica do Porto.

O tema desta conferência era "O Nó das Infra-estruturas. Faz mesmo falta um novo ciclo de obras públicas?". O empresário sentou-se na plateia, mas a moderadora convidada para o debate, a jornalista Luísa Bessa, desafiou-o a levantar um pouco mais do véu sobre o possível avanço da Sonae para o aeroporto.

O presidente da Sonae afirmou na terça-feira estar a estudar a possibilidade de criar uma entidade que faça a gestão moderna do aeroporto, respondendo a um desafio do Governo. "Houve um desafio", disse, sem adiantar pormenores.

No entanto, esta quinta-feira, o ministro das Obras Públicas, Mário Lino, garantiu não ter recebido "qualquer manifestação" de interesse na gestão privada do aeroporto Sá Carneiro.

Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto, também estava entre o público que assistiu àquela conferência e revelou ter estado numa reunião com o primeiro-ministro, José Sócrates, em que este mostrou abertura para privatizar em separado o aeroporto Sá Carneiro.

Mário Lino não esteve nessa reunião, "mas estava o ministro das Finanças", esclareceu também Rui Moreira.

Belmiro de Azevedo continua aberto a estudar um tal cenário, mas disse que o investimento "não será feito sem parcerias com empresas que conheçam o sector e, sobretudo, tem de ser para criar concorrência".

O empresário sustentou que o aeroporto tem de "aumentar a sua atractividade", posicionar-se como o "aeroporto do Noroeste Peninsular", praticar uma política de preços completamente independente".

Segundo disse, o aeroporto deve apostar nas companhias aéreas de preços baixos, as denominadas "low cost", e nas pontes aéreas.

"Começa a ser ridículo esta situação em que o Porto é apenas um ponto de passagem", servido por "cacilheiros", criticou.

O empresário afirma que a gestão "terá de ser contra o sistema e pró-concorrência" e afirmou não acreditar que o aeroporto cresça com "este primeiro-ministro e com este ministro" dos Transportes, que considerou serem de "pensamento único".

Belmiro de Azevedo concluiu dizendo que, "seguramente", o investimento no aeroporto Sá Carneiro "tem 99 por cento de ser um perdócio", mas acrescentou que "vale a pena".

A conferência prosseguiu, já sem o empresário, agora centrada sobre se o Norte e a Área Metropolitana do Porto precisam de um novo ciclo de obras públicas. A ideia geral é que não falta.

Oliveira Marques, presidente da Comissão Executiva da Metro do Porto, lembrou que a região recebeu grandes obras públicas na região há menos de 20 anos, mas o certo é que depois disso "regredimos". "A confiança esvaiu-se e a região Norte surge agora em posições deprimentes em vários indicadores", sublinhou.

O gestor defendeu que o "investimento privado é que deve ser o motor" para revitalizar esta região, até porque "o investimento público pode tornar-se mais despesa do que investimento". O que é preciso, sustentou, é promover a "retoma da actividade empresarial efectivamente criadora de riqueza".

Rui Moreira realçou que "cada obra pública deve ser justificada em função das necessidades" e após uma avaliação da relação "custo-benefício".

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